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BEM VINDO A ESTE SINGELO ESPAÇO DE DEBATES!

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

É preciso reinventar o mundo.

Sempre relembrando Pedro Tierra – pseudônimo literário de um amigo que admiro muito e cujo nome não ouso declinar sem autorização - na sua Carta do Sul para o FSM 2002, pode-se dizer que “regressamos como os pássaros migradores” outra vez a Porto Alegre. Agora, sob a forma de um Fórum Social Temático de 2012.
Transcrevo abaixo o texto, elaborado pela Comissão Organizadora, como apresentação da Programação do Fórum, que tem como tema central a Crise capitalista, social e ambiental.
Aliás, o tema não poderia ser de maior atualidade. E o desafio que dá título à apresentação, abaixo, também é de grande atualidade.
É PRECISO REINVENTAR O MUNDO
Seja bem vindo ao Fórum Social Temático.
Mais uma vez estamos reunidos em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo para debater e elaborar propostas para um novo mundo. Nesta edição, o Fórum Social é temático e vai concentrar os debates nos temas centrais da conjuntura internacional que são a crise capitalista, a justiça social e a justiça ambiental.
O FST 2012 se insere no processo do Fórum Social Mundial, iniciado aqui em 2001, e quer ser novamente um espaço de convergência do pensamento altermundista. Neste início da segunda década do século XXI, duas questões dominam os debates: a crise do mundo capitalista, no momento evidenciado no continente europeu e na recessão norte-americana; e as luta dos movimentos e organizações sociais por um desenvolvimento sustentável que preserve o meio ambiente e respeite os direitos dos diferentes grupos sociais, principalmente os mais vulneráveis do mundo.
Como em junho próximo, acontece no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que marca duas décadas da Eco92, o FST2012 também se insere como um momento preparatório para a Rio+20 dos Povos que será um evento paralelo à conferência oficial e que reunirá lideranças e movimentos dos cinco continentes para pressionar por avanços na defesa dos direitos sociais e ambientais de todos os povos. 
Passados 20 anos, está claro que nenhuma das promessas feitas pelos governos foi cumprida. É preciso que movimentos e ativistas sociais estejam presentes para marcar nossas posições de desagrado com o modelo de desenvolvimento das economias capitalistas, que gera devastação ao planeta e sofrimento aos povos. Parte desta mobilização e a discussão e elaboração de propostas alternativas estarão sendo articuladas em dezenas de Grupos Temáticos e de Atividades Autogestionárias em nosso Fórum Social Temático. Nestes cinco dias haverá centenas de atividades, oficinas, palestras, seminários, conferências e atividades culturais.
A juventude terá seu espaço de destaque no Acampamento Intercontinental da Juventude, teremos o protagonismo das feiras de economia solidária, praças de alimentação orgânica, vegetariana e espaços de convivência e vida alternativa. As quatro cidades receberão representantes de todas as vertentes da sociedade civil organizada. De todo os continentes estarão presentes ativistas que foram protagonistas dos novos movimentos, tais como o Occupy Wall Street, a Primavera Árabe, os indignados da Espanha, as manifestações estudantis chilenas, entre outros.
Este Caderno de Programação que cada participante tem em mãos, contêm um guia praticamente completo de programação do FST 2012. Os movimentos e organizações sociais brasileiros e internacionais convidam a todos:
É hora de reinventar o mundo!
 COMISSÃO ORGANIZADORA

CMS convoca assembléia dos movimentos sociais para o dia 28 em Porto Alegre

Muito bem, muito bom. Esse ato fortalece meu projeto de estar lá, em Porto, para o FST de 2012, na próxima semana.
Fórum Social Temático “Crise do capitalismo, justiça social e ambiental”, que se realiza entre os dias 24 e 29 de janeiro em Porto Alegre contará com uma expressiva representação da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
A reportagem é de Leonardo Severo e publicada pelo portal da CUT, 17-01-2012.
Reproduzido no IHU Notícias, 18-01-2012
“Frente ao agravamento da crise global do capitalismo, que cada vez mais penaliza a classe trabalhadora com a adoção de medidas de austeridade que geram desemprego, redução de salários, retirada de direitos, aumento da pobreza e mais violência”, as entidades que se articulam na CMS decidiram nesta terça-feira, durante reunião na sede nacional da CUT, aproveitar o FST para reafirmar “eixos comuns de luta”, definidos na última assembléia dos movimentos sociais, realizada em Dakar, Senegal, em janeiro de 2001.
Entre as prioridades encontram-se a luta contra a “política neocolonial” de sangria das nações pelas instituições financeiras internacionais e seu receituário de “ajuste fiscal” e corte de investimentos; contra as transnacionais, pela justiça climática e pela soberania alimentar; para banir a violência contra a mulher; e a luta pela paz e contra a guerra, o colonialismo, as ocupações e a militarização de nossos territórios. O combate às chamadas políticas “verdes” do Banco Mundial, que agravam o problema da fome, da desnutrição e do desemprego, é uma das prioridades, já que redundam em mais concentração e desnacionalização de terras e maior dependência dos agricultores dos pacotes químicos vendidos pelas transnacionais. O abuso de agrotóxicos pelo agronegócio brasileiro é um triste exemplo disso.
Condenando a política de apartheid de Israel e o terrorismo de Estado praticado contra os povos árabes, as entidades também decidiram lançar o Fórum Social Palestina Livre, convocado para novembro deste ano. Desde já a CMS está convocando a assembléia dos movimentos sociais do Fórum para o dia 28 de janeiro, sábado, a partir das 14 horas na Usina do Gasômetro.

Brasil busca se tornar um país de profissionais imigrantes

Um olhar externo sobre o Brasil
É sempre interessante querer saber qual o olhar que há sobre nós. Isso vale para as pessoas e também para os países e nações, porque tem a maneira de como nos vemos e como somos vistos. E nem sempre essas coisas batem.
No caso do Brasil, lembro que FHC sempre fazia discursos no exterior parecendo que falava de outro país, de outras realidades. Lula também. Veremos se Dilma será mais coerente, mais realista. É claro que existem situações em que é conveniente uma troca de verbos: mentir por omitir
A questão de fundo que está colocada, tangencialmente, na matéria abaixo tem despertado muitos debates, contra e a favor: “existe ou não deficiência de mão de obra profissional no Brasil?”. E as respostas são duas: sim e não.
Por conta da paralisia neoliberal de duas décadas, houve uma fuga de trabalhadores profissionais especializados, nos vários níveis, para outras profissões e atividades ou para o exterior. Houve também profundos reflexos na busca por formação, especialmente nas áreas tecnológicas. E isso não é recuperável no curto prazo; leva pelo menos de 3 a 5 anos, respectivamente nos níveis médio e superior. É natural, portanto, que o Brasil tenha de pagar esse preço. Essa discussão vai longe.
Outra questão crucial – para não dizer absurda – é que no Brasil se tenha de oferecer salários aos níveis internacionais apenas para quem vem de fora! Será porque os nossos trabalhadores tupiniquins não são competentes e merecedores? Ou apenas são menos exigentes?
Brasil busca se tornar um país de profissionais imigrantes
O Governo prepara uma nova legislação para facilitar a vinda de 400.000 trabalhadores especializados
Por Juan Arias - Correspondente do Jornal El País (Espanha) - Rio de Janeiro – 15-01-2012
Traduzido por Luiz Carlos Correa Soares
O Brasil está preparando facilidades  para receber milhares de trabalhadores profissionais estrangeiros, sem passar pelas pesadas exigências da legislação de estrangeiros, de 1980. 
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), por ordem da presidente Dilma Rousseff, está desenvolvendo uma "nova política de imigração", que irá dar luz verde aos cerca de 400.000 trabalhadores com qualificação profissional especializada que estão à espera de serem contratados pelas empresas brasileiras.
"Como o Brasil é hoje uma ilha de prosperidade no mundo [sic], existem muitas pessoas bem preparadas que querem trabalhar aqui", disse Ricardo Paes de Barros, coordenador do projeto que o governo está preparando.
Para trabalhadores não-profissionais, a legislação continuará inalterada, por enquanto,. Ao Brasil, que cresce na sua capacidade industrial, na atividade de produção de petróleo e também está em vésperas de dois grandes eventos mundiais como a Copa do Mundo 2104 e Jogos Olímpicos de 2016, interessa muito a "transferência de tecnologia", reconhece o governo, que quer atrair novos cérebros e a se preparar com o que ele mais necessita: mão- de-obra especializada.
O novo projeto da SAE, elaborado por uma equipe de economistas, juristas, demógrafos e sociólogos, deve estar pronto dentro de dois meses, de acordo com o jornal O Globo. 
A nova legislação tem sido chamada de "imigração seletiva", já que de acordo com Barros "vai definir até onde chega a nossa generosidade e como vamos ajudar a aliviar a pobreza no mundo, absorvendo essas centenas de milhares de trabalhadores profissionais”. É uma nova fase de imigração, depois de 20 anos em que primava a emigração.
O número de imigrantes estrangeiros em busca de trabalho no Brasil que mais cresceu foram os espanhóis, com um aumento de 45% nos últimos quatro anos. Em geral, o número de estrangeiros que vieram legalmente para o Brasil cresceu 52,4% no primeiro semestre de 2011. De janeiro a setembro do ano passado o Ministério do Trabalho, apesar da complexa e burocrática legislação de imigração, concedeu 51.353 autorizações de trabalho a estrangeiros, um aumento de 32% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O visto de residência cresceu 67% de 2009 a 2010, enquanto dobrou o número de processos de naturalização muito difícil de conseguir, até recentemente
Uma das condições para que as empresas brasileiras ou estrangeiras que já trabalham no Brasil possam absorver a nova força de trabalho profissionalizado é que eles não poderão ganhar menos do que ganham em seu país de origem. E geralmente vêm ganhando mais [sic]. 
Os estrangeiros que nos últimos anos já trabalham no Brasil são unânimes em admitir que são "recebidos com grande cordialidade" pelos seus colegas brasileiros, sem a mínima animosidade.
A única preocupação agora do Brasil é que não haja descontrole do afluxo de estrangeiros e tudo seja realizado pelas vias legais. Existem denúncias de que estrangeiros, que hoje chegam como simples turistas sobretudo no aeroporto Tom Jobim, no Rio, e dali as empresas já os levam de helicóptero para as plataformas de petróleo operadas pela multinacional Petrobras.
Segundo o portal de recrutamento on-line Monster, no decorrer do ano passado mais de 80.000 trabalhadores qualificados deixaram seu currículo no sítio da empresa, interessados em encontrar trabalho no Brasil. No total são 400.000 que estão com olhos postos no Brasil neste momento.