Comentários/opinião
Esta é mais uma legitima comprovação da morte anunciada.
Em 2007, por ocasião do lançamento do PAC, foi colocado em marcha o processo de transposição do São Francisco, como um grande exemplo do programa.
Como não havia projetos executivos elaborados, as obras foram contratadas – assim como provavelmente muitas, muitas mesmo, outras obras do Programa - com base em “projetos básicos”, eufemismo que pode ser traduzido para “em cima da perna". E houve a contratação simultânea dos projetos executivos, não necessariamente com as respectivas construtoras..
Ora, mesmo estudantes de engenharia, até em nível técnico, sabem que isso é um absurdo. E não precisa sequer ser estudante de economia para saber que, em decorrência, só pode acontecer uma ou mais das seguintes hipóteses: 1 – as empresas jogam um preço baixo para ganhar as concorrências e depois pedem e obtém o consequente e fatal reajuste; 2 - supervalorizam os serviços por segurança; 3 - usam material e processos construtivos inadequados, pagando mal os trabalhadores; 4 - não conseguem executar a obra e abandonam os serviços.
Parece que quem despreza tais lógicas é desprovido de bom senso ou tem algum tipo de interesse sob-reptício. Ambas as hipóteses são desastrosas. E os desastres agora estão à amostra.
Aliás, em uma reunião em Brasília no ano passado, onde houve uma avaliação de obras do PAC com a participação de representantes do governo responsáveis pelo seu acompanhamento, tive o desprazer de fazer considerações como as expressas acima. Foram consideradas pertinentes. Mas, com certeza, foram inúteis, para fins práticos.
A matéria está reproduzida no IHU Notícias, 10-03-1012, conforme abaixo
A matéria está reproduzida no IHU Notícias, 10-03-1012, conforme abaixo
Novo balanço do PAC 2 (segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento), divulgado na última quarta-feira, mostra que o custo da obra de transposição do rio São Francisco teve mais um aumento bilionário.
A reportagem é de Daniel Carvalho e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 10-03-2012.
O projeto, que inicialmente era orçado em R$ 4,6 bilhões, agora custa 77,8% mais caro: R$ 8,18 bilhões, de acordo com o relatório do Ministério do Planejamento. Diante da estimativa anterior de R$ 6,85 bilhões, feita em 2011, o reajuste é de 19,4%.
Desde 2007, quando as obras começaram, o preço da transposição foi alterado uma vez durante o governo Lula (2003-2010) e duas durante a gestão de Dilma Rousseff.
O governo diz que as alterações são resultado do melhor detalhamento das obras pelos projetos executivos e de mudanças na metodologia de acompanhamento.