Comentários/opinião
O resultado e as conclusões do estudo parecem totalmente lógicos. O estudo que estou desenvolvendo no Paraná provavelmente indicará um resultado semelhante . Vamos conferir.
Divulgação do IHU Noticias – 18-12-2012
Uma pesquisa de mestrado da
Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que
existe uma relação entre a expansão de atividades do agronegócio e o
crescimento da pobreza em áreas específicas do estado de São Paulo. Segundo o
estudo, regiões reconhecidas pela força agroindustrial estão passando por um
processo de concentração de renda, de terras e de pobreza.
A reportagem é de Aline Scarso e publicada pelo Brasil de Fato, 17-12-2012.
O levantamento sinaliza ainda que o
agronegócio aproveita a vulnerabilidade das regiões para se instalar e criar
raízes. Intitulado São Paulo Agrário:
representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a
2009, o estudo é do pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e
Projetos de Reforma Agrária (Nera), Tiago Cubas. Ele trabalha com dados como o Índice de
Pobreza Relativa, Índice de Gini e de Concentração de Riqueza para revelar uma
situação de contradição.
Hoje a população rural do estado é de
1,7 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Em 1980 era de 2,9 milhões. De acordo com a
pesquisa, a região do entorno da cidade de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia
Brasileira, é uma das que mais aumentaram o abismo econômico entre a população
durante os anos de 1988 a 2009. Situação semelhante também ocorreu no entorno
das cidades de Araraquara e Campinas e nas regiões do Pontal do Parapanema –
principalmente no entorno dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, e
do Vale do Ribeira, entorno do litoral sul paulista e de Itapetininga (veja
mapa abaixo). Dos 645 municípios paulistas cadastrados para mapeamento, apenas
228 municípios conseguiram amenizar a intensidade da pobreza no período
pesquisado. No restante, a miséria aumentou.
O autor mostra que as regiões onde
isso ocorreu são espaços do desenvolvimento do agronegócio, especialmente da
monocultura da cana-de-açúcar. É o caso da Região da Alta Mogiana (Ribeirão
Preto, Araraquara e Campinas), onde a cana é preponderante. A área do Pontal do
Parapanema, tradicionalmente reduto da pecuária no estado paulista, também
sofreu com a expansão da monocultura. “Isso pode significar que o agronegócio
escolhe as áreas mais vulneráveis para se instalar e, assim por diante, acirrar
as desigualdades sociais e degradar o meio ambiente”, explica o pesquisador.