Boas vindas

BEM VINDO A ESTE SINGELO ESPAÇO DE DEBATES!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Similaridades não, correlações nos fundamentos sim

Comentários/opinião
É difícil colocar no mesmo balaio analítico as duas matérias abaixo, publicadas no Estado de São Paulo e divulgadas no IHU Notícias, também de hoje. A rigor, a principal correlação parece ser o mar de dicotomias existentes no governo brasileiro, em decorrência do espectro caleidoscópico da imensa tentativa de “concertação”, similar ao modelo político-ideológico espanhol “concertación”, do PSOE, o qual deu no que na Espanha. Entretanto, foi o processo instalado por Lula e mantido por Dilma. Até agora, pelo menos. 
Quanto ao primeiro tema, tendo em vista um histórico de longa data e os enleios políticos e econômicos vigentes, o andamento caminhará para um velho chavão: “ouvir, eu ouço; prometer, eu prometo; aplicar, depende...”. E fica por isso mesmo. Gostaria de estar enganado. O futuro dará o veredito.
Quanto ao segundo processo, o resultado será no mínimo estéril, mais ou menos como o caso acima. No máximo, haverá beneficiamentos para o capital, a Fiesp do doutor Scaf. E as centrais e seus trabalhadores desempenharão apenas um papel tantas vezes já ocorrido: correias de transmissão e lubrificantes nas engrenagens do poder político e, principalmente, econômico dos donos e beneficiários do capital. O de sempre...! Neste caso, aposto que não há a menor condição de eu estar equivocado.
Planalto cria mesa de negociação com movimentos
O governo federal está atento à movimentação dos grupos que defendem a construção de mais moradias populares. O ministro Gilberto Carvalho, da Secretaria-Geral da Presidência, deve oficializar nos próximos dias a criação de uma mesa permanente de negociações com representantes desses movimentos. Ela já opera de maneira informal, mas o governo entende que pode se tornar mais eficiente se for oficializada.
A informação é de Roldão Arruda e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-02-2012.
Uma das maiores dificuldades do governo nas negociações nessa área é a enorme quantidade de organizações e de tendências políticas envolvidas. Parte do movimento está ligado às pastorais sociais da Igreja Católica. Acredita-se que elas atuam em quase todo o País. Uma outra parte vincula-se a partidos localizados mais à esquerda no espectro político, entre eles o PSOL, o PSTU e o PT. Por outro lado, quase todas as centrais também contam com braços nessa área.
No ano passado, para demonstrar a disposição do governo para o diálogo, Carvalho participou do encontro nacional que os movimentos por moradia realizaram em Minas Gerais. De maneira geral ele procura seguir a principal recomendação que ouviu da presidente Dilma Rousseff quando lhe transferiu a responsabilidade de garantir o diálogo social de seu governo. Segundo Dilma, ele deveria deixar sempre abertas as portas do Palácio do Planalto.
Quase não se ouvem queixas sobre a falta de diálogo. As reclamações que envolvem a área de atuação de Carvalho se referem sobretudo à falta de decisões, causada principalmente por conflitos de interesses entre o governo e os sindicatos e movimentos sociais. Este ano, será particularmente difícil para o ministro: a proximidade das eleições parece animar cada vez mais os diferentes grupos a pôr os seus blocos na rua.
Movimento quer fortalecer a indústria
Um grupo de 27 entidades, das quais 19 empresariais e oito sindicais, quer compromisso efetivo do governo para barrar o processo de desindustrialização no País. Eles defendem medidas de proteção contra importados, desoneração de investimentos e ações macroeconômicas relacionadas a juros e câmbio. Do contrário, empresários e trabalhadores da indústria de transformação prometem ir às ruas em protestos por todo o País em defesa da produção nacional
A reportagem é de Cleide Silva e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-02-2012.
O movimento reúne entidades como Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Abimaq (máquinas e equipamentos), Sindipeças (autopeças), Abit (têxtil), Força Sindical e CUT. Na segunda-feira, estava confirmado encontro com o ministro do Desenvolvimento, Fernando Pimentel, para debater o tema na sede da Fiesp, em São Paulo. Na tarde de ontem, ele cancelou presença.
"É lamentável, pois o ministro do Desenvolvimento não pode ter nenhum compromisso mais importante neste momento do que um encontro com o setor produtivo", afirmou Paulo Skaf, presidente da Fiesp. Segundo ele, durante todo o ano passado, o governo foi alertado sobre a perda de competitividade do País e o déficit da balança comercial, mas quase nada foi feito.
Pimentel propôs a presença de outro representante do ministério, mas as entidades recusaram. "Se já é difícil obter compromisso do ministro, imagina de um representante", diz Skaf.
A balança comercial do setor de manufatura teve saldo negativo recorde de US$ 93 bilhões em 2011. A indústria de transformação, que em 1985 representava 27% do PIB, viu essa participação cair a cerca de 16% no ano passado e a tendência é de continuidade de queda em 2012.
Mesmo sem Pimentel, o grupo se reunirá para finalizar um manifesto, chamado de "Grito de alerta em defesa da produção e do emprego". O texto traz as razões do movimento e sugere medidas emergenciais apresentadas em cinco itens: Macroeconômicas; Investimento produtivo como promotor do crescimento econômico; Defesa comercial/inversão do quadro de invasão das importações; Fim de incentivo fiscal à importação; e Crescimento industrial como prioridade da política econômica.
O manifesto é "simbólico" e não será entregue ao governo. "Não adianta levar documento, o que precisamos é de providências", diz Skaf. "Não queremos que o governo nos receba só para dialogar, queremos medidas concretas e, se isso não ocorrer, vamos partir para manifestações." Paulo Pereira da Silva, presidente da Força Sindical, ressaltou que, neste momento, "a única coisa que une trabalhadores e empresários é a defesa da indústria nacional para enfrentar a onda de importações que tem quebrado muitas empresas".
O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Wagner Gomes, lembrou que a política de juros altos e câmbio valorizado já promovia desindustrialização, mas o quadro está se agravando.
Guerra
As entidades têm um calendário preestabelecido para manifestações em várias capitais, a partir de 15 de março, mas podem optar por um dia único de protestos em todo o País.
Na terça-feira, a primeira ação conjunta será a visita a todos os senadores, incluindo o presidente do Senado, José Sarney, para pedir urgência na aprovação da Resolução 72. A medida acaba com a guerra fiscal travada em vários Estados que oferecem benefícios para o desembarque de produtos importados em seus portos. Por causa da entrada desses importados, segundo as entidades, 770 mil empregos deixaram de ser criados desde 2007.
O diretor-superintendente da Abit, Fernando Pimentel, diz que a guerra fiscal garante aos importados benefícios relativos ao ICMS que o produto nacional não tem. "Não se trata de xenofobia, o que seria retrocesso, mas, se nada for feito, o Brasil ficará para trás, pois outros países estão defendendo sua indústria."