Comentários/opinião
Faz mais de uma dezena de anos (desde a
eleição de 2000) que venho afirmando – junto com alguns outros poucos considerados
malucos, tais como o professor Pedro Resende, citado na matéria, a quem conheci
pessoalmente – que as urnas eletrônicas brasileiras são fraudáveis. E que,
portanto, as eleições devem estar sendo fraudadas. Onde e como?
Onde subsistam condições para tal: um hacker
disponível (e onde não há?); alguém com grana e interessado em fraudar a eleição
(e onde não há?); alguém de dentro do sistema para facilitar as coisas diretamente
nas próprias urnas ou, alternativamente, um sistema de transmissão vulnerável.
Para eleição de parlamentares, essas condições são suficientes. Todavia, para
os executivos, se faz necessário fraudar também as pesquisas. Neste caso, é
necessário que a diferença entre o candidato fraudador e o líder na pesquisa
fique menor do que 10%, para não chamar a atenção e escancarar a maracutaia. O
que, evidentemente, é nada difícil...
Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi
apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três
horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de
Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna
eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das
seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do
Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto
Pasqualini.
Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo
Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado
apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso
ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a
responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do
sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores
da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em
detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.
“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão
sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram
transmitidos, atuamos. Modificamos resultados mesmo quando a totalização
está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como
atuava para fraudar resultados.