Estou participando do Fórum Social Temático 2012 que se realiza nesta semana em Porto Alegre e em algumas cidades da Região Metropolitana, desde terça-feira, 24 até o próximo domingo, 29.
O conjunto dos temas, tratados em uma programação de várias centenas de debates, abrange também uma grande variedade de assuntos. Mas há uma certa convergência para o objetivo central do Fórum, ou seja, constituir uma preparação para a Conferência Rio+20.
Esse objetivo, em meu entendimento, está correndo um serío risco de se tornar equivocado, parcial ou totalmente. Vejamos algumas razões.
1. Tem forte influência “chapa-branquista” com diferentes matizes, obediente aos sistemas de poder político governamental, nos três níveis: local, estadual e federal.
2. Não apenas, mas também por isso, muitos eventos do Fórum estão sendo orientados para “vender” a Conferência de junho próximo, com nítidos objetivos político-ideológicos de apoio incondicional, como se esse projeto fosse algo de enorme interesse para o país e para o povo brasileiro. O que, no fundo, bem lá no fundo, não é verdade. Assim como não o são os mega-eventos esportivos que estão sendo imensa e exageradamente incensados: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
3. Tenho priorizado minha participação em debates que se propõem a transitar na contra-mão dessa trajetória. Ou seja, debates onde têm predominado os posicionamentos contra o viés capitalista do sistema político-ideológico vigente. Tanto no mundo como no Brasil. No no caso do Brasil, existem vários e importantes aspectos sobre os quais já tenho assumido e manifestado posições contrárias em várias oportunidades, de forma bem mais extensa e profunda do que nesta breve abordagem.
4. Quanto à participação dos movimentos sociais populares na Rio+20, tenho me posicionado no FST 2012 com defesas firmes de ações de repúdio e confronto – e até de conflito se necessário for – com os posicionamentos “oficiais”, inclusive os do Brasil, favoráveis às “decisões” oficiais (sic..!!!) da Rio+20. De qualquer modo, defendo que não podemos continuar a coonestar decisões tomadas apenas nos círculos restritos das cúpulas de poder político e/ou econômico.
5. As razões para tal são simples e claras, desde há muito tempo: esses fóruns - TODOS ELES - organizados pelos países centrais do capitalismo têm servido apenas para que os ricos digam aos pobres o que estes têm que fazer! Ou não?! Será necessário exemplificar? Constituiria, com certeza, uma lista de dezenas de exemplos, coisa inadequada para estas singelas notas.
6. No FST 2012 percebo, ainda, que o modelo de organização também deixa a desejar. Os primeiros fóruns sociais mundiais em Porto Alegre foram realizados de forma concentrada, no sentido geográfico da cidade, com fortes reflexos e efeitos na aproximação de povos e gentes de variadíssimas origens, o que cumpria um formidável papel de integração social e humana. E isso não é pouca coisa; ao contrário, é muita coisa, sob o ponto de vista sociológico e político. Contudo, isso não entra nas estatísticas porque é necessário levar em consideração outros valores e, principalmente, outras percepções. E estes e estas também não estão nas estatísticas! Porque não são commodities, não têm validade mercadológica e, portanto, não são transformáveis em dinheiro! Resultado: no sistema vigente, servem apenas para algo muito próximo do nada!
Em adição às considerações acima – de ordem estritamente pessoal -, recomendo consultar a página de hoje do IHU Notícias, ( http://www.ihu.unisinos.br/noticias/) que traz muitas referências a análises e notícias veiculadas na mídia - que poderíamos chamar de “alternativa”, tais como a Carta Maior: http://www.cartamaior.com.br/.
No endereço http://fst2012.ebc.com.br, que respeitosamente poderíamos chamar de, pelo menos, “oficioso” do Fórum, também são encontradas notícias que podem compor o mosaico que foi descrito.