Compartilho integralmente com as preocupações e as idéias em geral do filósofo francês, entrevistado na matéria abaixo.
Como síntese dessa afinidade, destaco a frase final da entrevista. Ou seja, a necessidade da recuperação das idéias do Marx filósofo, mais do que do Marx economista, isto é, marxista estrito senso. Sem, contudo, esquecer esta parte, é claro.
Para Dufour, a última fase dos processos “neo” ou “ultra” liberais é totalitária porque pretende administrar o conjunto das relações sociais. É “a ditadura dos mercados” do qual nada pode escapar
A entrevista é de Eduardo Febbro e publicada pelo jornal Página/12, 13-02-2012. A tradução é do Cepat, publicada no IHU Notícias, 15-02-2012.
Alguns já o veem acabado, outros a ponto de cair no abismo, ou em pleno ocaso, ou em vias de extinção. Outros analistas estimam o contrário, que se o liberalismo atravessa uma séria crise, seu modelo está longe, muito longe de destituir-se. Apesar das crises e de seus impactos profundos, o liberalismo segue em pé, produzindo seu lote insensato de benefícios e desigualdades, suas políticas de ajuste, sua irrenunciável impunidade. No entanto, mesmo que ainda siga vivo, a crise despojou como nunca seus mecanismos perversos e, sobretudo, colocou no centro não somente o sistema econômico em que se articula, mas o tipo de indivíduo que o neoliberalismo acabou por criar: hedonista, egoísta, consumista, obsecado pelos objetos e pela imagem fashion que dele emana. A trilogia da modernidade liberal é muito simples: produzir, consumir e enriquecer. Em seu último livro, “El individuo que viene después del neoliberalismo” (O indivíduo que vem após o neoliberalismo), o filósofo francês Dany-Robert Dufour expõe uma questão que poucos se fazem: Como será o indivíduo que surgirá após as catástrofes e as intervenções globais do liberalismo?