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segunda-feira, 30 de abril de 2012

SEMPRE O TRABALHO X CAPITAL...

Comentários/opinião
Vejam com cuidado as matérias que estão plotadas a seguir.
O "rapaz" do The Economist, que até pode ser avançado em anos, mas é um infantil nas suas percepções e conclusões, mexeu com o que não podia e com quem não devia.
Não podia deitar falação e conclusões apenas com a visão de uma fábrica. É claro que há hoje no mundo industrial um processo de redução de mão-de-obra humana e crescimento da robotização. Mas há também outras novidades na "modernidade" atual: o trabalho à distância, praticamente virtual, e o trabalho imaterial, como é destacado por vários brilhantes analistas, alguns deles entrevistados na 3ª matéria nesta nossa coletânea.
Todavia, o rapazito citado, não desenvolvido (intelectualmente), mexe  com quem vê e também com quem não vê. Fala de Marx e Engels, mas esquece de Adam Smith, fundador do liberalismo econômico e de David Ricardo, principalmente este. Em fins do século 18, inicio do 19, já havia sido definido que o único fator que agrega valor a um bem ou serviço é o trabalho. E o fundamento disso não mudou um milímetro nem mudará, porque em tudo que é feito, sempre haverá um trabalho, mesmo que executado por um robot. Mas quem produziu o robot? Outro robot? Quem produziu o robot anterior? E o anterior? Foi o trabalho humano, de alguma pessoa humana. Viu, seu Paul – e todos os "pauls" espalhados pelo mundo? Metam seus narizes apenas no que lhes compete!
A 2ª matéria trata também de um tema muito "zen" para o meu gosto e entendimento porque não consigo entender como conseguiremos adquirir bens reais – principalmente alimentos - com moedas imaginárias. Voltaríamos ao escambo de eras imemoriais? Poderá isso ser até interessante. E o vestuário, os meios de transporte, de comunicação, etc?. O vestuário imaginário poderá também ser interessante... Porém, muitas vezes poderá se tornar algo desastroso...
A 3ª matéria, com base no tema da revista IHU On-Line, põe nossos pés num chão um pouco mais firme. Todavia, não deixa de colocar questões desafiantes, porque é muito útil e necessário mantermos nosso olhar sempre além. É assim que se move a humanidade.
Revolução industrial 3.0
Há pouco mais de um ano, visiei uma fábrica inteiramente robotizada, sem operários, na Coreia do Sul. Dedicada à produção dos mais modernos displays e monitores de televisores, essa unidade fabril não emprega nenhum trabalhador na área de manufatura: conta apenas com uma dúzia de supervisores de qualidade e software. Essa terceira revolução industrial, aliás, foi tema de magnífica reportagem de capa da revista britânica The Economist, há pouco mais de uma semana. Ao longo de 14 páginas, o jornalista Paul Markillie nos mostra com rara precisão o que são hoje as mais modernas indústrias manufatureiras.
A reportagem é de Ethevaldo Siqueira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 29-04-2012.
Na fábrica de 2012, quase tudo é automatizado e digital, graças à convergência de poderosas tecnologias, de software inteligente, novos materiais, milhares de computadores, robôs habilidosos, impressoras 3D, processos de realidade virtual e até simuladores de voo. É claro que, vez ou outra, podemos encontrar, como espécies em extinção, máquinas e ferramentas típicas da segunda revolução industrial, como furadeiras, prensas, lixadeiras, tornos e fresas convencionais.
Para quem não tenha visitado fábricas modernas nos últimos anos, a visão de uma dessas indústrias do século XXI produz verdadeiro choque, em particular, na indústria automotiva e na aeronáutica. Reflitamos um pouco mais sobre esse cenário.

Moedas criativas para outro FMI
"Estamos propondo um Fundo de Moedas Imaginárias. Pode o dinheiro digital mudar a economia global com novas formas de financiamento?", escrevem Gilson Schwartz, professor da Escola de Comunicações e Artes da USP, líder dos grupos Cidade do Conhecimento e Iconomia, associados ao Núcleo de Política e Gestão Tecnológica e à Rede de Pesquisa Interdisciplinar sobre a Internet das Coisas, José Roberto Amazonas, professor da Escola Politécnica (USP), Jorge Forbes, psicanalista e psiquiatra, é presidente do Instituto da Psicanálise Lacaniana (IPLA), Zilda Iokoi, historiadora, é professora da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP e Guilherme Ary Plonski, professor da Escola Politécnica e da Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis da USP, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 30-04-2012.
Os pesquisadores propõem a criação "de um novo FMI: Fundo de Moedas Imaginárias".
Segundo eles, "o design social de um ícone como a "moeda" parece brincadeira, mas é um "game" muito sério que pode mudar o mundo: a mesma internet que facilita a criação de moedas é também uma rede aberta que precisa ser ocupada a partir de alianças que ultrapassam as regras do jogo acadêmico".

As mutações do mundo do trabalho. Desafios e perspectivas
As mutações do mundo do trabalho no mundo contemporâneo são um tema que perpassa a trajetória da revista IHU On-Line. O material publicado constitui um instigante material de pesquisa e contribui para todos/as aqueles/as que lutam pela emancipação dos/as trabalhadores/as.
Por ocasião do 1º de maio deste ano, oferecemos a nossos/as leitores/as mais uma edição que descreve e debate as grandes e importantes características das mutações do mundo do trabalho, hoje.
Contribuem no debate, José Dari Krein, professor do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho, da Unicamp, o diretor-técnico do Dieese e professor na PUC-SP, Clemente Ganz Lucio, o professor na Universidade Federal Fluminente – UFF, Fernando Augusto Mansor de Mattos, a professora e pesquisadora da Unicamp, Márcia de Paula Leite; o economista, professor da Unicamp e presidente do IPEA, Márcio Pochmann, o advogado, bancário e secretário da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Miguel Pereira; e a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ana Tércia Sanches. Também publicamos um artigo de Cesar Sanson, professor da UFRN, e depoimento de José Alencar Ponciano Pereira, mais conhecido como Dico, que é presidente de Associação de Trabalhadores Urbanos de Resíduos Orgânicos e Inorgânicos – Aturoi, de São Leopoldo, RS.

domingo, 29 de abril de 2012

Sertanejo tem máquina de lavar, só que falta água

Comentários/opinião
É o que acontece quando um projeto é mal concebido, mal encaminhado e mal executado. Essas são características comuns em projetos da região nordeste, tais como a transposição do rio São Francisco e outros onde as condições da região e/ou das populações não são devidamente consideradas e atendidas.
Vejam a matéria divulgada pelo IHU Notícias, 29-04-2012.
O descompasso entre a implantação de infraestrutura hídrica no semiárido nordestino e o crescimento da renda dos seus moradores fez surgir na região vítimas da seca que não têm água encanada, mas moram em casas com antenas parabólicas, TVs de LCD e até máquinas de lavar.
A reportagem é de Fábio Guibu Daniel Carvalho e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 29-04-2012.
Segundo a FGV (Fundação Getúlio Vargas), a renda no Nordeste cresceu 42% entre 2001 e 2009. Já o número de domicílios com água encanada na zona rural aumentou apenas 6,9% entre 2000 e 2010, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Para o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), o descompasso resulta de "anos sem política de sustentabilidade hídrica".
Numa região onde apenas 35% dos domicílios rurais são ligados à rede de distribuição, a solução no período de estiagem são ações emergenciais. Só com carros-pipa, o governo federal vai gastar neste ano R$ 164,6 milhões.

sábado, 28 de abril de 2012

1º de maio: a gênese do peleguismo

"O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".
Essa, do Alkmin, é de dar dor no ouvido até o fim dos tempos! É difícil encontrar maior desfaçatez e esse rapaz é muito corajoso. Talvez ache que, devido ao seu nome, possa transformar cocô em ouro ou uma deslavada mentira numa dourada verdade. Ou, o que é mais provável, ache que vive cercado de imbecis.
Leiam abaixo a transcrição da matéria de capa da Carta Maior, de 28-04-2012.
"Cada patrão mandou dez funcionários para cá. A gente tem que ficar até o fim [do evento] e levar o comprovante de que veio, para não descontar o dia de trabalho". A confidência foi feita por um dos participantes do primeiro congresso do "núcleo sindical" do PSDB, realizado em São Paulo, na última sexta-feira, conforme relato da Folha (28-04). Uma espécie de avant-première do 1º de Maio, o encontro liberou caciques tucanos para o feriadão prolongado com a consciência do dever cumprido. A lotação proletária foi assegurada pelo engajamento natural das bases: donos de construtoras e empreiteiras que prestam serviços ao Estado convocaram seus trabalhadores à luta, com direito a sanduíche de queijo, suco, biscoito e maçã. Mediante comprovante de comparecimento, a militância teria o  dia abonado trocando o saco de cimento pela faiscante oratória tucana. Cada empresa foi convocada a encaminhar pelos menos dez operários ao meeting.  Serra nem gaguejou ao afirmar aos presentes que a relação do PSDB com sindicatos 'não é novidade'; em seguida, pediu apoio à candidatura a prefeito de SP. "Temos nossa primeira tarefa: mobilizar nossos sindicalistas para a campanha eleitoral deste ano", disse o ex-governador com indisfarçável mau humor diante do rival Aécio Neves (leia mais aqui : 'Por que Serra está nervoso?'). Alckmin foi de longe o mais combativo; sapecou um  'companheiros e companheiras' na saudação e arrematou com a frase cuja autenticidade sintetiza a de todo o evento: "O PSDB é um partido que dá prevalência ao trabalho sobre o capital".

Há uma nova classe média surgindo no Brasil?

Comentários/opinião
Estou de pleno acordo com o professor, meu guru, presidente do Ipea e futuro prefeito de Campinas-SP...
Tenho chamado a atenção em comentários anteriores para os enormes equívocos nas interpretações apressadas de dados de pesquisas e censos para classificação das classes sociais e econômicas no Brasil. Dou uma pequena ideia disso.
Há pouco tempo respondi uma pesquisa na Internet, dentro dos parâmetros do censo do IBGE, e constatei estarrecido que sou rico... E sempre pensei que fosse classe média média, no máximo. Isso porque tenho duas TVs, dois computadores, um imóvel, não tenho carro mas ganho acima de R$ 5.000,00 por mês, ou seja, assim como milhões de brasileiros que trabalharam por mais de 35 anos – e eu por 58 anos, desde 1954, façam as contas – e estão aposentados pelo INSS e também por algum fundo de pensão que continuarão pagando até morrer. Como eu.
Pombas, se sou rico, qual é a classificação do Eike Batista? Eu sei, ele é, bi, tri, quadilhonário.  Porém, fiquemos com o Carlinhos Cachoeira ou qualquer ruralista habitante do Congresso Nacional ou qualquer juiz dos superiores tribunais do país ou, ou, ou etc etc e etc.
Os critérios para essas classificações absurdas são motivados por equívocos ou por más intenções? No sentido de disfarçar contradições inexplicáveis entre a miséria de tantos e a plutocracia de poucos?
As pessoas deveriam ser classificadas pelas suas reais condições de vida, incluídos os benefícios públicos.
Leiam a matéria da Carta Maior, 27-04-2012.
Em novo livro, Marcio Pochmann sustenta que o resgate da condição de pobreza e o aumento do padrão de consumo não tiram por si só a maioria da população emergente da classe trabalhadora. Para o presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), é preciso a politização classista desse fenômeno para aprofundar a transformação da estrutura social, sem a qual a massa popular em emergência ganha um caráter predominantemente mercadológico, individualista e conformista sobre a natureza e a dinâmica das mudanças socioeconômicas no Brasil.
São Paulo - O presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcio Pochmann está lançando, pela Boitempo, um estudo sobre a mobilidade na base da pirâmide social brasileira durante o início do século XXI. Nova classe média? analisa as recentes transformações na sociedade e refuta a idéia de surgimento de uma nova classe no País, muito menos a de uma nova classe média.
LEIA MAIS 
As tarefas da esquerda na gestão municipal, segundo Pochmann
Os desafios simultâneos do Brasil no cenário internacional

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Soberania energética e reprodução do capital em 2012

Comentários/opinião

É imperativo formatar uma matriz produtiva regional, especialmente entre Brasil e Argentina, na qual o custo da energia facilite uma proteção efetiva da produção independente das oscilações cambiais. Para isso, um trabalho comum entre YPF e Petrobras na produção e extração de petróleo off shore no Atlântico pode ser um passo importante, acompanhado de planos energéticos mais amplos com vistas a uma acumulação de longo prazo para o conjunto da Unasul. O artigo é de Mario E. Burkún. A tradução é de Katarina Peixoto
A publicação é da Carta Maior, 26-04-2012.
(Mario Burkún é Doutor em Ciências Econômicas da Universidade Pierre Mendes France, de Grenoble, França. Professor de Ciências Econômicas na Universidade de Buenos Aires e na Universidade de La Matanza.)
Buenos Aires - A decisão do governo argentino de nacionalizar 51% do capital da companhia YPR-Repsol tem um impacto muito significativo na atualidade econômica argentina e internacional. Na etapa atual da globalização a disputa pelas matérias primas é uma das bases de sustentação dos conflitos nas relações internacionais. Dentro destas matérias primas não renováveis, o petróleo e o gás são os principais componentes de incerteza na projeção dos volumes de utilização assim como da evolução dos preços.

Colômbia: da arte de vender um país

Comentários/opinião

Já faz bastante tempo – pelo menos desde que se alternavam no poder conservadores e liberais, por 60 anos (1885 a 1946) - que a Colômbia se presta a esse tipo de subserviência. Para não ir muito longe com nosso espelho retrovisor, chega-se ao governo Andrés Pastrana (1998-2002), contemporâneo de FHC, que enganou os revolucionários das Farc com promessas eleitorais que não cumpriu. Mais que isso, montou o Plano Colômbia com apoio de membros da CIA e de para-militares dos EUA, para literalmente arrasar pequenas comunidades rurais inteiras, sem dó nem piedade, palavras inexistentes no dicionário dessa gente. Vejam o que ocorre ainda hoje no Oriente Médio.

A matéria abaixo foi publicada pela Carta Maior, 26-04-2012.


Apesar de ser o aliado mais leal e servil aos interesses dos Estados Unidos na América do Sul, a Colômbia carece – e muito – de recursos. Agora, ele trata de atrair mais dinheiro da Espanha, que já é o terceiro maior investidor estrangeiro no país. Em um fórum de investimentos e cooperação empresarial Espanha-Colômbia, o presidente Juan Manuel Santos deu uma estocada na Argentina e disse: "Se for bom para os empresários, será bom para nós. Aqui, nós não expropriamos".

O artigo é de Eric Nepomuceno, direto de Bogotá.

Bogotá - Certas mulheres costumam aparecer ao cair da noite em determinadas esquinas e começar a rodar sua bolsinha oferecendo-se ao melhor pagante, sem se importar muito com aquilo a que terá de submeter-se. Certos presidentes costumam aparecer a qualquer hora do dia em determinadas reuniões e começar a rodar sua bolsinha oferecendo ao melhor pagante não o próprio corpo, mas o próprio país, sem se preocupar com a submissão que for. É o que anda fazendo Juan Manuel Santos, presidente da Colômbia, sem o menor vislumbre de pudor.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Aprovada reforma do Código Ruralista, digo Florestal

Comentários/opinião
Após idas e vindas, marchas e contra-marchas, o Código Ruralista, opss, o Código Florestal foi aprovado.
Trata-se de mais uma grande demonstração do grau de degeneração a que chegou uma instituição que se transformou de Parlamento em Para Lamento.
Lamentar o custo dos processos eleitorais, os esforços de alguns abnegados e sonhadores que tentam furar os bloqueios do poder econômico e financeiro e o poder das curriolas de várias naturezas (corporativas, religiosas, econômicas, midiáticas), das dinastias familiares, etc.
Lamentar os caminhos de desvio de dinheiro público que são construídos impunemente, a institucionalização de um verdadeiro centro de negócios e o mau exemplo que é passado continuamente para a sociedade. E tantos outros motivos para a gente lamentar.
Estão colocadas a seguir várias matérias da mídia de hoje, que corroboram o mais atual processo a lamentar, ocorrido no "para lamento" nacional.   
Ruralistas dão motivos para Dilma vetar mudanças no Código Florestal
Rompendo acordo com governo, ruralistas lideram aprovação do Código Florestal na Câmara, ampliando retrocessos do texto elaborado no Senado. A presidente Dilma ainda não se manifestou, mas possui uma lista de motivos para utilizar sua prerrogativa de veto: o rompimento do acordo por parte dos ruralistas, seus compromissos de campanha de não aprovar nada que aumente o desmatamento e promova a anistia de desmatadores e a pressão internacional às vésperas da Rio+20.
A reportagem é de Vinicius Mansur.
Brasília - Por 274 votos a favor, 189 contrários e 2 abstenções, a Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (25), o relatório do deputado Paulo Piau (PMDB-MG) que modifica o Código Florestal, impondo sérios retrocessos à legislação ambiental brasileira.

Aprovada reforma do Código Florestal. Ruralistas impõem derrota ao governo
Após 13 anos de tramitação no Congresso Nacional, a reforma do Código Florestal passou pela última etapa de votação ontem na Câmara com uma importante derrota para o governo Dilma Rousseff. A derrota só não foi maior porque os ruralistas se viram impedidos de garantir anistia ampla para os desmatadores, conforme desejavam. A recuperação das áreas desmatadas - principal polêmica que opôs ambientalistas e ruralistas - será objeto de novas batalhas no Congresso.
A reportagem é de Marta Salomon e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-04-2012.

O novo Código Florestal, que segue para a sanção da presidente, determina que propriedades rurais com rios de até 10 metros de largura terão de recuperar uma faixa de 15 metros em cada margem. Há atenuantes nessa regra para os pequenos produtores. Mas o texto é omisso sobre o que fazer com propriedades que têm rios mais largos.

 

Texto é vitória ruralista e desmate vai subir, dizem ambientalistas
Apesar de a recuperação de 15 metros das margens de rios com até 10 metros ter ficado no Código Florestal, o relator Paulo Piau conseguiu aprovar seu parecer na íntegra, derrubando 21 pontos do texto do Senado que garantiam mais proteção às florestas.
A reportagem é de Giovana Girardi e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-04-2012.
Para Tasso Azevedo, consultor ambiental, essas mudanças tornam o texto muito pior e o resultado pode ser considerado vitória dos ruralistas. "Não resta saída a Dilma senão vetar", diz.
Um dos recuos é em relação ao cadastro rural. O texto do Senado dava um prazo de cinco anos para que os produtores fizessem o cadastro e só com isso eles poderiam pedir o crédito rural. Essa necessidade caiu.

Aperto fiscal bate recorde no trimestre. Governo economiza para pagar juros

Comentários/opinião
Sinceramente, eu preferia não ter lido essa barbaridade. Desculpe-me quem me lê, mas agora não posso evitar que você compartilhe dessa desgraça.
Por que não poderiam ir - vejam, está no futuro do pretérito - alguns centavinhos a mais para a educação, a saúde, a  previdência, a erradicação da miséria, analfabetismo e epidemias, a habitação, o saneamento, a infra-estrutura e outras "coisinhas" mais? Bem, acho que todos sabemos as respostas. Capitalismo deriva de capital, cujos donos é que mandam em tudo e em todos. A nós outros, vis mortais, apenas cabe obedecer. E pagar.
Graças à elevada arrecadação de tributos federais, o governo central (Tesouro, Previdência e Banco Central) conseguiu fazer no primeiro trimestre deste ano uma economia recorde para pagamentos de juros da dívida pública. O superávit primário foi de R$ 33,75 bilhões, 31,3% a mais que nos três primeiros meses de 2011. O esforço fiscal não impediu que o governo conseguisse deslanchar os investimentos, que avançaram 23,5% no período, totalizando R$ 15,7 bilhões.
A reportagem é de Renata Veríssimo e Eduardo Cucolo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-04-2012.
"Não vejo contradição entre o aumento dos investimentos e um bom primário", disse o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin. Desde o ano passado, os gastos com obras estavam emperrados. A reversão de cenário ocorreu em março quando foram investidos R$ 6,1 bilhões. Ainda assim, o governo central teve um superávit de R$ 7,56 bilhões, o terceiro melhor resultado para meses de março.


A desigualdade nos Estados Unidos. Era uma vez o sonho americano...

Comentários/opinião
Sim, sim, "faz o que eu digo mas não faz o que eu faço". Ou, "é mais fácil ver o cisco no olho do outro do que a trave que está dentro do seu próprio olho".
O sonho americano acabou. Um artigo acadêmico da professora da Universidade de Stanford, Terry Karl, mostra como os Estados Unidos se tornaram um dos países mais desiguais do planeta. Segundo o trabalho de Karl, dos 34 países mais desenvolvidos, que fazem parte da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), só a China, o México e a Turquia possuem maiores desigualdades na renda, que os Estados Unidos. Além disso, segundo a OCDE, os Estados Unidos possuem as políticas menos efetivas, em gasto social, para aliviar a pobreza, além do menor nível de imposto aos rendimentos, entre todos os países desenvolvidos.
A reportagem é de Santiago O’Donnell, publicada no jornal Página/12, 22-04-2012. A tradução é do Cepat.
O artigo, intitulado “Desigualdade: lições latino-americanas para os Estados Unidos”, está baseado em diferentes estudos sobre a questão. Afirma que nos Estados Unidos os 10% mais ricos ganham quinze vezes mais que os 10% mais pobre. A diferença tem crescido muito nas últimas décadas, e fica ainda mais evidente se for levado em consideração o 1% mais rico, em que a média é de uma renda de 1,3 milhão de dólares anuais, e que conta com quatro quintos das pessoas que aumentaram as rendas, entre todos os estadunidenses, de 1980 até 2012. Os grandes ricos, que representam 0,1% dos estadunidenses, são os que mais se beneficiaram com esta tendência. Eles acumulam uma renda anual na média de 27,3 milhões de dólares. Os que representam 0,01% da população recebem 6% do total da renda das famílias estadunidenses.

Plano para integrar América do Sul tem custo de U$ 21 bi

Comentários/opinião
O valor para essa empreitada parece muito grande mas é insignificante na presença de outros investimentos ou gastos com finalidades nem sempre justificadas social ou economicamente. Ou por ambas. Agregue-se o fato dos valores incalculáveis dos resultados desses projetos, em termos econômicos, sociais, de integração de povos, culturais etc etc e etc.
É absolutamente inacreditável que sejam visualizdos e priorizados.
América do Sul tem a possibilidade de chegar em 2022 com os mercados mais integrados fisicamente e em um novo patamar de cooperação multilateral entre os países. Essa é a oportunidade deixada em aberto pelo plano de integração da infraestrutura do continente, debatido ontem pela União das Nações Sul-Americanas (Unasul) em evento em São Paulo.
O estudo, que começou a ser desenvolvido em novembro do ano passado, apresenta 88 projetos ligados às áreas de transporte, energia e integração fronteiriça, como a ampliação de posto de fronteira, com previsão de conclusão em até dez anos. Dessas obras, 31 foram consideradas prioritárias e estruturantes - que dão suporte a outras em um segundo momento - divididas em oito eixos, visando o desenvolvimento regional. A estimativa é que os projetos necessitem de US$ 21 bilhões para que saiam do papel.
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Para Ipea, Brasil desperdiça em um ano mais de uma Itaipu em energia

Comentários/opinião
É no que dá quando um planejamento é feito sob princípios que não guardam total racionalidade, mas sofrem influências de interesses não muito bem explícitos. É o caso do planejamento energético cruzado com interesses econômicos, políticos e outros. O Brasil, que é riquíssimo em termos fontes hidrelétricas mas também em outras fontes, poderia ter melhor equilíbrio e racionalidade na produção energética como um todo. 
A dois anos do prazo final para erradicação de lixões, país tem 2.906 deles em 2.810 municípios e recicla parcela mínima dos resíduos
Publicado em 25/04/2012, 17:15
O que se gasta com bagaço de cana-de-açucar é suficiente para gerar 16.464 megawatts ao ano, mais que a maior hidrelétrica brasileira (Foto:Lucas Lacaz Ruiz/Folhapress)
São Paulo – Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) traça um panorama preocupante para a implementação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos, aprovada em 2000 e com prazos variados a vencer nos próximos dois anos.
No momento em que se realiza a construção de hidrelétricas na Amazônia, contestadas por ambientalistas, o comunicado do Ipea revela que o país desperdiça mais de uma usina de Itaipu em bagaço de cana-de-açúcar. As 201 mil toneladas de resíduos dessa cultura seriam suficientes para gerar 16.464 megawatts ao ano, mais que a maior hidrelétrica brasileira (14.000 megawatts)

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Eleições na França: a morte anunciada e a disputa de projetos

Comentários/opinião
Recorro, novamente, à sabedoria popular: "trata-se de uma morte anunciada", "quem procura acha", "quem planta colhe", "não é possível servir a dois senhores". E assim por diante. Sarkozy fez a sua escolha, ou seja, os donos do poder político, econômico e financeiro, e só agora se lembrou do povo? Agora, "é tarde e vem chuva"...
Que sirva de aviso para quem acha que pode enganar todo o mundo o tempo todo.
Não há mais dúvidas nas eleições francesas: o confronto será, literalmente, de projetos e de rumos. Os quais, entretanto, parecem não estarem bem claros para o povo francês. Espero que estejam até 6 de maio.
Veja matéria abaixo da Carta Maior.
Hollande ressuscita PS francês e Sarkozy a extrema-direita
Neste domingo, François Hollande conquistou uma das maiores votações conseguidas até hoje por um candidato socialista no primeiro turno das eleições na França. A partir de agora, as chaves da vitória estão, para Sarkozy, nas mãos da extrema-direita, e, para Hollande, nas de Jean-Luc Mélenchon e sua Frente de Esquerda, além dos votos de centro. Os 20% de Marine Le Pen representam quase um terremoto político. Esse resultado se deve muito a Sarkozy e ao racismo de Estado que o próprio presidente encarnou.
O artigo é de Eduardo Febbro, direto de Paris.

Dúvidas sobre o aquecimento global

Comentários/opinião
Mais uma vez recorro ao Marcelo Gleiser sobre temas da ciência hoje em dia. Desta vez, para clarear – e de certa forma confirmar – minhas percepções a respeito do controverso tema do aquecimento global atual. Ou seja, de que realmente somos responsáveis por ele, em alguma medida, ainda não totalmente determinada.
A matéria está publicada no IHU Notícias, de ontem, 22-04-2012.

"O aumento de temperatura do planeta é causado pelos humanos, pela poluição ou por efeitos naturais?", pergunta Marcelo Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 22-04-2012.
Segundo ele, "mesmo que seja estatisticamente possível que o impacto humano seja pequeno, em vista da evidência que temos hoje, seria absurdo apostar nessa incerteza".
Eis o artigo.
Um debate furioso anda ocorrendo no meio acadêmico, focado essencialmente na questão da causa do aquecimento global.
A maioria dos cientistas, se bem que nem todos, concorda que a temperatura média do planeta nos últimos 150 anos, ou seja, dentro da era industrial, vem aumentando gradualmente. A disputa que ocorre, se bem que de uma maioria contra uma minoria, é sobre se esse aumento é causado por humanos, pela poluição industrial ou por efeitos naturais, como radiação solar.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Juros: a lição que fica

Comentários/opinião
"Até que enfim", "nunca é tarde", "tomara que dure pra sempre", "ufa-ufa", "que beleza" etc, são expressões do cotidiano popular, quando finalmente algo de bom, de bem ou interessante acontece.
Creio serem mais ou menos essas as manifestações de desabafo que devem estar andando por este "nosso" Brasil a fora.
Agrego, porém, outro dito popular: "quem nunca comeu ..., quando come se lambuza". É que não estamos acostumados a nos lambuzarmos de satisfação por soberania e por coisas como "este é o meu país e este é meu povo!".
Enfim, veremos se haverá continuidade. Confesso que sou ainda muito cético. Entretanto, Deus permita que eu esteja equivocado. Ou Deus não tem nada com isso?
Vejam a matéria de capa da Carta Maior de hoje, 20-04-2012, com texto do Saul Leblon.

A rendição dos bancos ao novo ciclo de queda dos juros  marca um divisor na forma de se fazer política econômica no país. Quebrou-se um lacre político. Rompeu-se uma parede hegemônica ardilosamente defendida durante décadas com argumentos supostamente técnicos.  Em uma semana, o que era uma impossibilidade esférica, condicionada ao atendimento de uma soberba lista de 20 'contrapartidas'  comunicadas a Brasília  com rara deselegância pelo presidente do sindicato dos bancos (Febraban) , Murilo Portugal, reverteu-se em adesão maciça ao corte das taxas.  Como se deu a transumação da inflexibilidade em cordura? O governo e os partidos progressistas não devem temer a resposta que os fatos comunicam: o Estado brasileiro, apesar de tudo, ainda tem poder político e instrumental para reordenar a economia. A maior lição desse episódio é que ele vale também para outras esferas e desafios.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Brasil x Argentina

Comentários /opinião
Acho que hoje em dia andamos tão atrás da Argentina que só conseguimos ganhar no futebol e, mesmo assim, de vez em quando.
Por exemplo: na questão da energia, estamos humildemente defendendo a renovação das concessões do setor elétrico por causa de algumas estatais "sobrantes" da sanha privativista dos anos 90. Ou seja, da era FHC, J.Serra e Cia., na qual foram doadas a Vale , a RFFSA, a Embratel, as estatais estaduais de energia e de telecomunicações, os bancos públicos estaduais  e todo o braço petroquímico da Petrobrás. Esta, que já estava sendo rebatizada como Petrobrax, sobrou mais ou menos intacta porque foi arrancada da garganta daqueles vendilhões.
Não podemos nos dar ao luxo de ter memória curta, minha gente.
Ainda no caso da energia elétrica, continua a vergonha nacional de termos uma das tarifas mais altas do mundo e de continuar a sanha predatória da Amazônia para aumentar a energia para o Sudeste desenvolvido. E pior, sem pouco ou nada deixar na região fonte e na trajetória da energia pelas regiões carentes, por onde passam as grandes linhas de transmissão.
Destaque-se, por fim, que em Porto Velho-RO, já está em marcha a desaceleração da "economia de onda", comum e rotineira nos grandes empreendimentos pontuais, que ficam mas seus resultados e produtos vão embora. E começou a "cair a ficha" de mais uma morte anunciada, somente não vista ou percebida por quem estava desatento ou apenas deslumbrado com as mitificações e mistificações de praxe, por parte dos tradicionais vendedores de sonhos para os incautos.
Vejam várias matérias destacadas a seguir.
Sindicatos apoiam renovação de concessões elétricas
Sindicalistas e movimentos sociais cobrarão hoje do governo a renovação das concessões do setor elétrico, que começarão a expirar a partir de 2015. A demanda, que é fundamentada na possibilidade de redução do custo de energia para os usuários residenciais e pequenos empresários, será feita durante reunião promovida pela Secretaria-Geral da Presidência da República, no Palácio do Planalto. O objetivo dos sindicalistas é obter do Executivo uma sinalização de que a medida será anunciada em breve.
A reportagem é publicada pelo jornal Valor, 19-04-2012.
Atualmente, as discussões sobre o tema são conduzidas dentro do governo pela Casa Civil e contam com a participação de representantes dos ministérios de Minas e Energia e da Fazenda e da Advocacia-Geral da União (AGU). No governo, a decisão de renovar as concessões está praticamente tomada. A presidente Dilma Rousseff quer, porém, que seja encontrada uma fórmula que garanta uma queda dos preços nas tarifas de energia para oficializar a decisão.
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Preço das ações da Rpsol causa guerra de informações
Em conversa com a Carta Maior, o diretor da empresa de consultoria Douglas Westwood, que assessora investimentos petroleiros em mais de 70 países, colocou em dúvida a informação de que a estatal chinesa Sinopec teria feito uma oferta de 15 bilhões de dólares pelas ações da Repsol na YPF na última sexta-feira. “É difícil saber se estes informes são precisos. Possivelmente, é uma tentativa da Repsol para justificar seu pedido de indenização”, assinalou Steve Robertson.
O artigo é de Marcelo Justo, direto de Londres.

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