Comentários/opinião
A avaliação desta matéria deve ser feita em estreita correlação com a matéria plotada e comentada logo na sequência. Faz parte de um processo analítico que tenho chamado de pontos e contrapontos, para caracterizar dicotomias, incongruências e incoerências do sistema capitalista neoliberal em que vivemos.
Isso parece ser evidente nesta matéria e fica mais forte se comparado com a seguinte.
De 2007 a 2012, o governo baixou medidas que desoneraram as empresas em, no mínimo, R$ 97,8 bilhões, segundo levantamento da Receita Federal obtido pelo Estado. A cifra é o dobro do que o governo pretende gastar no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) este ano e corresponde a quatro vezes a verba reservada para o programa Brasil sem Miséria, prioridade da presidente Dilma Rousseff. Ainda assim, a alta carga tributária foi a queixa mais comum entre os 28 pesos pesados da economia que estiveram com Dilma na quinta-feira.
A reportagem é de Lu Aiko Otta e Adriana Fernandes e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 26-03-2012.
As desonerações não foram adotadas como uma estratégia ou política de governo, mas foram reações aos efeitos da crise global que deprime a economia mundial desde meados de 2008 e afetou gravemente a competitividade da indústria brasileira. Porém, o avanço dos importados e a tendência de desindustrialização parecem imunes à atuação do governo.
Leia a matéria, divulgada pelo IHU Notícias, 25-03-2012
Comentários/opinião
Normalmente, as avaliações de mudanças aparentes na situação das classes sociais baixas e médias no Brasil são medidas pelo consumismo. Porém, essas eventuais mudanças não significam, necessariamente, aumento de qualidade de vida. Às vezes é o contrário, mas isso exige uma longa e profunda discussão, o que não é feito. E continuamos vivendo de aparências, olhando apenas superfícies.
O que fica evidenciado, entretanto, é que o parâmetro prevalente é sempre o interesse do capital no incentivo ao consumismo, ou pior, ao hiperconsumismo, mesmo de quem não tem condições para tal.
Após a forte ascensão das classes D e E para C na última década, movimento semelhante de migração social já começa a se repetir da classe C para a B. Com renda familiar mensal entre R$ 2,2 mil e R$ 7 mil, nos próximos três anos a classe B deve ser o estrato social com maior potencial de consumo, ultrapassando a classe C. Em 2015, os 15,1 milhões domicílios de classe B terão R$ 753 bilhões para gastar, nas contas do Pyxis Ibope Inteligência.
A reportagem é de Márcia De Chiara e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 25-03-2012 e divulgada pelo IHU Notícias, da mesma data.
Essa cifra vai responder por 41,7% do consumo total das famílias e superar a fatia da classe C, estimada em 36,6% ou R$ 660 bilhões em 2015. "A previsão é que a classe B assuma a liderança como a maior classe em potencial de consumo", afirma a diretora de Atendimento e Planejamento de Geonegócios do Ibope Inteligência, Márcia Sola.