Comentários/opinião
E agora, José? O governo se esforça e se esbofa para atender os oráculos
empresariais e midiáticos, baseados em estatísticas lidas de forma burra e fora
do contexto, que tentam mostrar que há falta de profissionais nas áreas
tecnológicas. A principal burrice – mas não a única – é tentar, de modo
tendencioso, a generalização de situações que são pontuais, setoriais e/ou
temporais específicas. Mesmo estas tem origem na mediocridade dos diagnósticos ou
na ausência de planejamento com visão de projeto de nação ou em ambas. Aliás,
um projeto de nação é coisa absolutamente inexistente no nosso país desde
sempre.
E agora, José, onde ainda vão arranjar razões para embaçar compromissos políticos
e de outras naturezas, já assumidos e justificar o injustificável? Ou seja, a
importação de técnicos de outras terras onde o desemprego assusta muito os
outrora inventores e agora administradores do caos econômico e social vigente
por aí, nesse mundinho neoliberal.
Ressalte-se que não é de hoje que estudos do Ipea – afiançados por
estudos de entidades sindicais sérias - já vêm chamando a atenção para a constatação
que ora se confirma.
E não será em demasia sempre repicar que no Brasil não faltam
engenheiros, mas sim salários dignos e decentes para esses profissionais, o que
os afasta da profissão.
Brasil tem mais
engenheiros que médicos, aponta pesquisa do Ipea
A falta de médicos em determinadas regiões do País foi constatada na
pesquisa Cidades em Movimento: Desafios e Políticas Públicas, divulgado nesta
segunda-feira pelo Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea). Feita com base no Censo 2010, mostra que,
proporcionalmente, em relação ao número de habitantes, o País tem mais
engenheiros que médicos.
A reportagem foi publicada pela Agência Brasil,
02-12-2013. [Reproduzida no IHU Notícias
de 04-12-2013]. Grifo nosso.
Além de apresentar mapas com as regiões mais carentes de médicos, o estudo revela que para
cada engenheiro a proporção é 267,62 habitantes. Já para cada médico, são
701,61 pessoas na média nacional. A proporção é menor no Maranhão, no Amapá e
no Pará, onde são, respectivamente, um profissional de saúde para cada grupo de
2,3 mil, 1,9 mil e 1,5 mil pessoas.
"São quase três vezes mais engenheiros que médicos no País",
reforçou o presidente do Ipea, Marcelo Neri, ao
divulgar dados antecipados da pesquisa no Rio de Janeiro. "A relação é um
médico no Maranhão para cada nove médicos em São Paulo."
No Maranhão, no Piauí e em Roraima, os engenheiros também são mais
escassos que nos demais Estados do País, sendo um para cada grupo de 1,2 mil,
1,1 mil e mil pessoas. Coincidentemente, por outro lado, os Estados com mais
engenheiros e médicos são São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal.
Segundo a pesquisa,
as profissões foram quantificadas por serem fundamentais ao desenvolvimento do País e foco de políticas públicas
federais como os programas Mais Médicos, do Ministério da Saúde, e o Ciência Sem Fronteiras, coordenado em conjunto pelos
ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Educação." São
profissões relevantes para o crescimento econômico", justificou um dos
responsáveis pelo estudo, Rogério Boueri.