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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Ahmadinejad se reunirá domingo com Chávez em Caracas

O presidente do Irã não passará pelo Brasil. Por que será? O Brasil é o maior país e mais importante economicamente da América do Sul; tem um dos maiores potenciais de petróleo do mundo; um dos maiores produtores de petróleo; esteve ao lado do Irã nas escaramuças com os EUA no final do governo Lula; etcétera e tal.
Será porque não tem um povo nem um governo com “tendências” socialistas ou, pelo menos, não aderentes, domesticados e subalternos ao domínio norte-americano? Para Mahmud, Dilma é diferente de Lula (abstraída a questão de gênero?... rssrsrsrsrsrsrs... 
Em essência,  é porque não somos "vizinhos críticos dos EUA". Para pensar em casa...

O líder iraniano fará um giro de cinco dias pela Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador.
Notícia publicada no jornal espanhol El País - 06/01/2012
O Presidente da Venezuela, Hugo Chávez, confirmou hoje a visita a Caracas do Presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, no próximo domingo em uma viagem de cinco dias do representante iraniano pela  América Latina.
De acordo com Chávez, Ahmadinejad fará a viagem, apesar de que "infelizmente as tensões no Golfo Pérsico vêm crescendo nas últimas horas".
O chefe de Estado venezuelano tem criticado as pressões dos Estados Unidos quanto ao envio de porta-aviões ao Estrito de Ormuz (1), águas compartilhadas por Irã e Omã, porque o regime iraniano ameaçou bloquear essa vital passagem do abastecimento mundial de petróleo.
O porta-voz da casa branca, Jay Carney, definiu o giro de Ahmadineyad pela Venezuela, Nicarágua, Cuba e Equador, como uma tentativa de Teerã para fortalecer alianças com vizinhos críticos dos EUA.
A porta-voz do Departamento de Estado, Victoria Nuland, declarou que Washington está transmitindo sua preocupação para estes países, porém salientou que "todos os países sabem muito, muito bem, qual a posição dos Estados Unidos com relação ao Irã".
O representante iraniano, com estreitas relações na América Latina (2), também assistirá à posse do presidente  da Nicarágua, Daniel Ortega, ato que Chávez disse não ter decidido ainda a respeito de sua presença.
No final de dezembro de 2011, o presidente venezuelano já tinha anunciado na televisão VTV a visita do seu homólogo iraniano no início de 2012. Ahmadinejad pensou viajar a Caracas em setembro passaso, mas a viagem foi adiada em razão da saúde de Chávez.
A última vista de Ahmadineyad a Chaves foi em setembro de 2009, enquanto que  Chávez, um dos principais aliados do Irã na América Latina, foi aTeerã em outubro de 2010.
Nota – Ver referências nos links:

Crescimento ou decrescimento


Luiz Carlos Correa Soares
Na maioria dos países em desenvolvimento, os processos de crescimento
econômico são mais ou menos episódicos, normalmente cíclicos e de curta duração, tipo uma gangorra que sobe e desce ou algo que cresce e corta. No Brasil, os processos em gangorra são típicos porque não temos um projeto de nação e nem de desenvolvimento. Apenas tem acontecido alguns planos isolados, tais como o "50 anos em 5", de JK ou os dois PNDs da ditadura de 1964. E, agora, programas governamentais, tipo os PACs e outras tentativas de recuperação do período anterior, de estagnação. A análise destes programas não cabe no escopo deste texto.
De qualquer modo, é indispensável colocar sempre a questão básica de qual desenvolvimento estamos falando. E outras questões também fundamentais: para quê, como, quando, por quanto tempo, quanto custa. E, por fim, a pergunta mais importante – e que normalmente não é feita – quem se apropria dos seus resultados?
Todavia, tanto no centro como na periferia do capitalismo, a palavra de ordem é "crescer e desenvolver para consumir!" Ou vice-versa, o que produz o mesmo resultado: o acúmulo de mais riquezas, sempre nas mãos de poucos. E são estimulados o consumismo e o hiperconsumismo, de formas tão absurdas que beiram a níveis de estupidez e imbecilidade.
Esse modelo, que está aumentando a riqueza de alguns e o endividamento e/ou a pobreza e a miséria de bilhões – e exaurindo o planeta -, construiu com êxito alguns mitos, que têm sido assimilados pelo senso comum de enormes contingentes das sociedades submissas aos princípios capitalistas. Como resultado, vemos um furor para comprar coisas das quais não se tem necessidade nem recursos para adquiri-las. O "way of life" norte-americano, um estilo ideologicamente induzido e propagandeado em filmes, músicas e na mídia, passou a ser copiado no mundo todo. Como resultado, há um furor consumista de coisas das quais não se tem necessidade nem recursos para adquiri-las.
Esse comportamento tem sido extremamente útil para os objetivos da economia americana, em primeiro lugar, mas também para as de outros países do capitalismo central e até dos não desenvolvidos. Porque, mesmo nestes, há enclaves de poder aquisitivo ao nível dos países ricos. Assim, o hiperconsumismo tem contribuído fortemente para o aumento da exploração dos recursos naturais em proporções preocupantes, como decorrência de uma devastação sem similares em qualquer outra fase da História. E paga-se a conta das tragédias criadas pelos especuladores e seu incontrolável e falido sistema econômico e financeiro.
Vários estudos advertem para processos de esgotamento de reservas conhecidas de vários minerais mais utilizados no mundo, inclusive em setores estratégicos e em muitas tecnologias de ponta, os quais. Exemplos: platina, alumínio, níquel, chumbo, estanho, cobre, antimônio, tântalo, índio, zinco, ouro, prata, cromo, urânio, entre outros.
Felizmente, hoje já existem correntes de pensamento que estão indo na contra-mão do processo em marcha. Exemplos: a proposta do ecossocialismo, defendida por muitos pensadores como Michel Löwy, sociólogo e filósofo brasileiro que vive na França; o ecoantropocentrismo, que defende a premissa do compartilhamento equilibrado da Natureza e a supressão da prerrogativa auto-estabelecida pelo Homem como um ser superior, dominador e predador de todas as demais espécies vivas do planeta e de tudo o que nele existe.
Outros estudiosos defendem o decrescimento, tais como o economista francês Serge Latouche, que em novembro passado esteve no Brasil debatendo esse tema. Em 2002, em Paris, uma importante conferência já havia estabelecido a consigna: "desfaça o desenvolvimento, refaça o mundo". Na conferência paralela de Copenhague a palavra de ordem foi "mudar o sistema [capitalista] não o clima". A Conferência sobre Decrescimento Econômico, realizada em Barcelona em março de 2011, reuniu mais de 500 pesquisadores e ativistas de vários países da Europa e da América para discutir o decrescimento.
O tema do decrescimento coloca questionamentos radicais no âmago do atual modelo capitalista ao afirmar que "a crise do começo do terceiro milênio não pode ser resolvida pelos caminhos adotados desde o século 19", conforme foi fortemente destacado na conferência.
Uma das questões mais fundamentais a considerar é a finitude do planeta. Conforme estudiosos do tema, a Terra foi constituída há mais ou menos 4,5 bilhões de anos com os elementos físico-químicos básicos que o planeta contém até hoje. De lá para cá, aconteceram algumas mutações, inclusive o surgimento da vida como a conhecemos. Além disso, o planeta, de tempos em tempos, costuma dar umas "sacudidelas em suas pulgas". Porém nenhuma aconteceu com suas "pulgas" mais incômodas, os humanos. Ainda não...
De qualquer modo, está evidenciado que o consumismo atingiu níveis preocupantes e é impossível elevar o consumo dos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos para níveis dos desenvolvidos.
Tudo isso nos leva a uma grande encruzilhada nos caminhos do futuro. Se o objetivo for continuar no rumo atual, faltará planeta; se for para elevar o desenvolvimento de todo o mundo ao nível dos ricos, também faltará planeta; se optar pela redução do consumo dos ricos e não for possível construir processos de conscientização e convivência, certamente existirão reações ferozes, inclusive com revoluções ou guerras.
Fica a sensação – para mim, convicção – de que o decrescimento é solução óbvia, racional e essencial para a equalização e o equilíbrio do uso da Natureza bem como para o convívio das sociedades e das espécies, sob novos parâmetros civilizatórios. Contudo, somente será possível como componente de um embate maior e inevitável com o atual sistema capitalista, porque são processos auto-excludentes e, portanto, absolutamente incompatíveis e inconciliáveis.

Entrega de grande parcela do pré-sal para o Eike Batista

Como bem diz o velho ditado “entre o céu e a terra há coisas que a nossa vã filosofia não alcança”. Ou a acaciana expressão, atribuída ao Barão de Itararé: “há mais coisas no ar que os aviões de carreira”. E tem situações que demonstram muito bem que achar que estamos bem informados será sempre uma presunção exagerada. Isso, porque sempre há coisas praticamente impossíveis de saber, tais como os segredos de alcova. Ou os segredos da coca-cola, ou os segredos comerciais, políticos, dos enriquecimentos rápidos e rasteiros (em muitos sentidos...). E assim por diante.
Vejamos um “belo” exemplo de coisas difíceis de conhecer por inteiro, muito atual e muito terrivel, conforme divulgação da Tribuna da Imprensa, em 02/12/2011.
Agradecendo ao comentarista Mario Assis, que nos enviou a matéria, publicamos hoje a segunda parte da importantíssima entrevista do professor Ildo Sauer, diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo, concedida a Pedro Estevam da Rocha Pomar e Thaís Carrança, da revista da Associação dos Docentes da USP (Adusp).
Considerado um dos maiores especialistas em energia do país, ex-diretor da Petrobras no primeiro governo Lula, Sauer conta como foi descoberto o Pré-Sal e denuncia o lobby feito por José Dirceu para entregar a Eike Batista a maior parte das reservas.
SAIBA MAIS

Primárias irrelevantes

Por Atílio Boron – Cientista político argentino
Publicação do jornal Página/12 – 05/01/2012
Tradução de Luiz Carlos Correa Soares
Nos últimos dias apareceram duas magníficas notas que dão conta daquilo que em trabalhos anteriores tínhamos qualificado como "decomposição moral" do Império. Em uma delas, Juan G. Tokatlian (El País, 2 de janeiro de 2012) fala do acelerada e irreversível avanço da "pós-legalidade", vocábulo adequado para se referir à descarada apelação a metodologias e formas de ação completamente em desacordo com a própria legalidade estadunidense por parte da Casa Branca.
Deste modo, o indigno Nobel da Paz que se senta no Gabinete Oval da Casa Branca ordena crimes e assassinatos de cidadãos estrangeiros e norte-americanos, envia aviões não tripulados - "drones" - para massacrar populações  indefessas sem pagar qualquer custo, ante uma opinião pública estupidizada pela indústria cultural do capitalismo. Enquanto isso, passo a passo, vai reduzindo liberdades públicas estabelecidas pela Constituição dos Estados Unidos, as quais desde Ronald Reagan até aqui vêm se convertendo em letra morta. 
Nesta mesma linha, Juan Gelman publicou na edição de 2 de janeiro deste Jornal [Página/12] uma nota onde demonstra que o "progressista" Barack Obama já ultrapassou o recorde de seu infeliz antecessor em matéria de atropelos aos padrões de justiça e de direitos humanos. Apesar de suas ardentes promessas de campanha, não fechou Guantánamo; retirou parte das tropas estacionadas no Iraque - se bem que deixando um bom número de "assessores" -, mas continuou a guerra no Afeganistão e estendeu as hostilidades ao Paquistão; nos bastidores da OTAN foi o ator principal na tragédia da Líbia, conforme foi reconhecido pelo The New York Times.
Se G. W. Bush inventou o resgate dos bancos, seu sucessor aprofundou esta política. Se aquele havia escrito o rascunho do Tratado EUA - Colômbia, que autoriza o uso de bases militares (até agora sete) nesse país sul-americano, foi Obama quem ratificou o acordo, colocando sua assinatura junto a um personagem sinistro como Álvaro Uribe. Em matéria de economia, as políticas de resgate econômico de delinquentes de colarinho branco e ternos Armani que pululam em Wall Street - resgate feito em detrimento dos devedores de hipotecas – prosseguiram seu curso triturando as ilusões do "American dream": já existem dois milhões de famílias jogadas na rua e se estima que sejam cinco milhões nos próximos dois ou três anos. 
Tendo em vista esses antecedentes, a quem importa as primárias republicanas de Iowa? Quais são as razões pelas quais a imprensa mundial outorga tanta importância a um rito midiático como esse, carente de qualquer transcendência? Para não falar das declarações dos candidatos republicanos, as mais retrógradas e reacionárias.
Reflexões estas que se poderiam estender, sem qualquer risco, para a própria eleição presidencial dos Estados Unidos. Porque, como dizem alguns dos (poucos) cientistas políticos críticos que existem naquele país: a que vem tanto ruído se o “governo permanente", que realmente detém as rédeas do poder em suas mãos, o complexo militar-industrial e seus aliados, estão fora do alcance do eleitorado?
Não importa quem o povo eleja nem o mandato que outorgue ao candidato eleito porque aqueles que realmente mandam é que sabem o que é bom para Estados Unidos e o que se tem de fazer. E, para os eleitores, o veredito das urnas resulta absolutamente irrelevante.