Comentários/opinião
É a tal coisa: muitos personalismos, muitos xenofobismos, muitas desconfianças recíprocas, muitos interesses subalternos, pressões declaradas ou subreptícias dos países centrais (leia-se EUA), poucos avanços no rumo da unidade regional, que deveria ser o desejado. Lastimável!
Para ser o que dele se espera, uma alavanca progressista de desenvolvimento regional integrado, o Mercosul precisa enfrentar a sua hora da verdade. Essa hora é agora, no curso da maior crise capitalista desde os anos 30, que abriu brechas e desarmou interesses, colocando em xeque dogmas e forças que ordenaram a criação do bloco, em 1991, por iniciativa dos governos Menem, Collor, Rodrigues e Lacalle.
A reportagem é da Carta Maior, 30-06-2012.
Movia-os então a certeza de o alinhamento regional às políticas preconizadas no Consenso de Washington, ancoradas em desregulação, privatização, livre trânsito de capitais e remoção de barreiras comerciais, seria suficiente para promover o desenvolvimento econômico e social. A concepção original, portanto, e os alicerces a partir de então assentados, não visavam o desenvolvimento econômico e social de cada Estado membro, menos ainda da região de forma associada.
O Mercosul tem em seu DNA a determinação de ser um ponto de passagem, feito de desobstrução de barreiras e salvaguardas estatais, de modo a alcançar a plena inserção regional no espaço virtuoso dos mercados globais, conforme os preceitos do neoliberalismo. Esse vício politico de origem nunca foi corrigido de forma estrutural, tampouco a baixa densidade operacional daí decorrente foi superada a contento.
O Mercosul tem em seu DNA a determinação de ser um ponto de passagem, feito de desobstrução de barreiras e salvaguardas estatais, de modo a alcançar a plena inserção regional no espaço virtuoso dos mercados globais, conforme os preceitos do neoliberalismo. Esse vício politico de origem nunca foi corrigido de forma estrutural, tampouco a baixa densidade operacional daí decorrente foi superada a contento.
O fosso aberto entre passo seguinte da história e a rigidez de uma arquitetura desenhada para servir ao ciclo anterior, ora em colapso, ameaçam o Mercosul com o espectro da irrelevância diante dos desafios que a longa crise do neoliberalismo impõe aos governos regionais. Esse ponto de saturação exige respostas corajosas e iniciativas urgentes.
Foi para sacudir a modorra política e burocrática do bloco, que ameaça miná-lo como instrumento histórico do desenvolvimento regional, que o embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um dos estrategistas da política externa independente adotada pelo Itamaraty sob o governo Lula, renunciou nesta 5ª feira, ao cargo de Alto Representante Geral do Mercosul.
Leia o relatório apresentado por ele ao Conselho de Ministros do bloco.