Comentários/opinião
Saio satisfeito do II Fórum Mundial de
Desenvolvimento Econômico Local, realizado em Foz do Iguaçu com a presença de
mais de 4.000 participantes de mais 50 países do mundo todo, excelentes relatos
de experiências exitosas, interessantes debates e muitas ideias animadoras
quanto à importância da organização da sociedade nas definições e execuções do
desenvolvimento econômico, social e humano.
Anote-se que o evento foi encerrado com a
presença do ex-presidente Lula, o qual pronunciou emotivo e aplaudidíssimo
discurso sobre os avanços sociais e econômicos havidos no seu governo. Os
positivos e inegáveis foram destacados, é obvio; os nem tanto, não foram
destacados. Isso também é óbvio...
Saio do evento ao seu término, chego ao hotel
e me deparo com a matéria alocada abaixo, expressa no IHU Notícias de hoje.
Uma conclusão nada confortável e aparentemente
absurda: quantos pontos e contra-pontos existem assim como verdades,
meias-verdades e até inverdades no que se diz e no que se faz e no que não se faz?
E também no que não se diz mas se faz. Dá muito no que pensar.
Vejam a matéria anexa e as matérias nela
referidas, especialmente a REPORTAGEM que fala das
hidrelétricas do Rio Uruguai, no Sul do Brasil, um real exemplo do que ocorre
em muitos – se não todos – os empreendimentos energéticos que foram e estão
sendo implementados “neste país”. Para usar a expressão que se tornou “marca
registrada” do ex-presidente Lula.
Nem tão limpa, nem tão barata
Reportagem cinematográfica produzida
nas hidrelétricas do Rio Uruguai questiona
custos reais da energia hidrelétrica.
A reportagem é do Coletivo Catarse, publicada no
portal da Agência Pública, 30-10-2013.
“A população brasileira precisa estar
informada de que a energia
limpa e barata de hidrelétricas não existe”, alerta o professor
da USP Célio Bermann. Percorremos os
caminhos do rio Uruguai, divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e Santa
Catarina, para apurar a questão. O resultado desse trabalho é a reportagem
cinematográfica “Barragem”.
A maior bacia hidrográfica da Região
Sul do Brasil está cravejada de usinas hidrelétricas. O que era um complexo
sistema de rios em corredeiras, hoje é uma sequência, quase que contínua, de
lagos largos e profundos. E justamente nos últimos trechos em território
nacional que ainda preservam características originais do ambiente, o governo
federal quer autorizar a instalação de novos empreendimentos. Para isso não
mede consequências, e passa por cima de direitos sociais, econômicos e
ambientais.
Sempre com a posição de que se trata
de um recurso natural sustentável,
o planejamento das concessões de geração de energia são decididos pelo conceito
daquela que consegue vender a tarifa pelo menor preço.”E se chega no menor
preço pelo custo do investimento, a energia que cada fonte produz e o custo do
dinheiro que tu pegas para realizar o projeto”, prega Ronaldo Custódio, diretor de
Engenharia e Operação da Eletrosul,
ao defender as hidrelétricas como
a que melhor responde a essas exigências.
Acontece que um rio não é uma calha,
um dreno, mas um organismo conectado por um sistema de fluxos à montante e à
jusante. Para o coordenador do estudo de impacto integrado da Bacia do
Rio Uruguai (FRAG/Rio), Rafael Cruz, a primeira pergunta
ao se pensar em barrar um rio é qual a capacidade de suporte para usinas
hidrelétricas. “Quando se faz a contabilidade tradicional de uma usina
hidrelétrica, e não se verifica a fragilidade do rio devido aos impactos
ambientais, pode parecer limpa”, critica.