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domingo, 22 de janeiro de 2012

“A mudança civilizatória que a humanidade necessita não é apenas econômica, mas também cultural”, afirma filósofa e educadora popular argentina

Comentário/opinião
Sem dívida, trata-se de uma ótima análise que, mais uma vez, destaca o âmbito civilizatório das crises mais atuais, em especial a do momento que estamos vivendo.
Isso já está demonstrado e “re-demontrado”. Acontece, porém, que essas demonstrações chegam a muito poucas pessoas, considerado sistema mundo como um todo. No Brasil também essa pequena proporção é verdadeira.
E daí? Daí que se faz necessário ampliar, numerica e qualitativamente, a quantidade de mentes conscientizadas dessa situação.
E daí? Daí que é necessário haver mais e mais pessoas com níveis de estágios mais avançados de percepção e conscientização quanto à “realidade real” (não é tautologia, pleonasmo, redundância; é apenas reforço). Este é o primeiro estágio, de um conjunto de cinco, para atingir metas de mobilização e consequentes confrontos efetivos com o sistema vigente.
A entrevista é de Fernando Arellano Ortiz e está publicada no sítio argentino Cronicon, 12-01-2012. A tradução é do Cepat. Publicação do IHU Notícias, 22-01-2012
O principal desafio que a humanidade enfrenta nos tempos atuais diante da crise multidimensional do capitalismo é a construção de uma nova civilização a partir da ativa participação das grandes massas populares, defende a filósofa argentina e educadora popular Isabel Rauber
Não se trata de uma mudança de sistema, explica, mas de um desafio muito mais ambicioso que aponta para uma mudança substancial de modo de vida, o que “requer a constante transformação dos sujeitos da mudança” que se constroem “nas lutas e resistências concretas não apenas no plano territorial local, mas também global”.
Embora este processo necessite de uma longa transição, Rauber considera que “construir uma civilização que ultrapasse o que foi construído até agora não é tarefa de poucos nem de escolhidos; requer a participação de toda a humanidade, ao menos da maioria absoluta, e isto reclama a sucessão concatenada de processos histórico-concretos que vão abrindo canais para a participação em diversas dimensões, criando e embalando ao mesmo tempo novas práticas de inter-relacionamento humano no social, político, econômico e cultural. Neste sentido, os atuais processos de lutas sociais, e as experiências dos governos radicalmente transformadores, constituem laboratórios do novo mundo que podem nos ajudar a crescer coletivamente em saberes, caso formos capazes de dar seguimento e nos apropriar criticamente das experiências. Elas constituem, ao mesmo tempo, fontes de inspiração para a vida. E a bússola está no agir-pensar constante dos movimentos”.

Fórum Social Temático 2012. Pontos e contrapontos

Comentário/opinião
As duas matérias transcritas a seguir estão referidas a dois ambientes correlatos: protestos contra degenerescências e condicionamentos inerentes ao sistema em que vivemos.
E não há contradições. Porque são pontos e contrapontos do debate político, coisas saudáveis em qualquer contexto que, minimamente, tenha pretensões a ser democrático. Quem pretender ver o contrário, está mal-intencionado ou vendo “chifres em cabeça de cavalo”.
Nesse sentido, todo o debate é válido, é bem-vindo e é indispensável.
Fórum Social vai repercutir protestos anticapitalistas
Fórum Social volta nesta semana ao Rio Grande do Sul, onde foi criado há 11 anos como contraponto ao Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne líderes empresariais e políticos na Suíça.
A reportagem é de Felipe Bächtold e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2012.
Divulgada no IHU Notícias, 22-01-2012.
Além de Porto Alegre, irão sediar o evento os municípios vizinhos de Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo.
O encontro, que começa nesta terça e vai até domingo, é bancado em sua maior parte com dinheiro público -R$ 3,6 milhões em verbas públicas, segundo levantamento feito pela Folha.
Um dos focos do Fórum Social será o movimento global de protesto contra o mercado financeiro. São aguardados integrantes das manifestações da Europa, como os "Indignados" espanhóis, e dos Estados Unidos, em uma tentativa de aproveitar a repercussão desses protestos pelo mundo em 2011.
Para o empresário Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social, a aproximação é natural porque o evento serviu para a "gestação" de algumas dessas mobilizações. "Essas correntes são velhas frequentadoras do Fórum", diz.
Para o prefeito de Novo Hamburgo, Tarcísio Zimmermann, o evento mudou e não é mais radicalizado. Na primeira edição, a imagem de um ativista francês destruindo plantações de soja transgênica ficou famosa.
PROGRAMAÇÃO
O Fórum terá mais de 800 atividades, como debates e oficinas, sobre temas que vão de quilombolas e direitos autorais a saúde pública. Também haverá plenárias sobre a conferência ambiental Rio+20, que ocorre em junho.
A presidente Dilma Rousseff deve participar da programação na quinta-feira. Outras estrelas serão a líder estudantil chilenaCamila Vallejo, a ex-senadora Marina Silva e o sociólogo português Boaventura Sousa Santos. O jornalista Amaury Ribeiro Júnior vai divulgar o livro "A Privataria Tucana"
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Grupo acampado há um mês faz oposição a evento
Acampado há um mês na principal praça de Porto Alegre, um grupo de manifestantes, inspirado no movimento Ocupe Wall Street, já anunciou oposição ao Fórum Social 2012 e a seu modelo "estatal" e "institucionalizado".
A reportagem é de Felipe Bächtold e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2012.
Divulgada no IHU Notícias, 22-01-2012.
Ocupa POA (Porto Alegre) critica a aproximação do evento com partidos políticos e o patrocínio de empresas que estão envolvidas em projetos polêmicos, como o da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA).
"O Fórum está usando muito dos discursos dos 'indignados', mas segue uma lógica completamente diferente", diz Emanuel Quadros, 25, um dos integrantes do grupo.
Ainda assim, o Ocupa POA deve participar de algumas das atividades do evento.
Manifestantes se revezam na guarda das 11 barracas que estão armadas na praça da Matriz, em frente à sede do governo do Estado e à Assembleia Legislativa.
Moema Miranda, diretora da ONG Ibase, que ajuda a organizar o Fórum Social, afirma que o patrocínio oferecido pelos governos não influencia os rumos do evento.
Para ela, o apoio ocorre por haver uma "demanda da sociedade civil".
"Esse dinheiro não é do governo, é do povo brasileiro. O que estamos tentando é fazer com que esse dinheiro sirva à cidadania. É uma disputa legítima", argumenta.
O governo do Rio Grande do Sul patrocina o Fórum
Segundo o governador Tarso Genro, isso acontece porque o evento coloca o Estado como protagonista de mobilizações internacionais.

A reivenção do capital/dinheiro

Comentário/opinião
Não li o livro de dona Rose Muraro e não sei se irei ler. Pela amostra, entretanto, me parece ser uma visão de espelho, uma imagem invertida, da abordagem que faço no meu livro Capitalismo Terminal.
Explico-me. Os fatos históricos referenciados são praticamente os mesmos, mas as óticas são inversas: uma é sustentada pela ideologia capitalista; a outra, parte de princípios marxianos e segue adiante. Uma, propõe mais uma “meia-sola” no capitalismo; a outra propõe inversões nos fundamentos, direções e rumos sistêmicos com desvios de 180 graus.
Esse joguinho de palavras (ganha-ganha, ganha-perde, perde-ganha, perde-perde) é uma enganação e mais parece uma brincadeirinha infantil. Em termos reais, se alguém ganha algo, outro alguém perde algo. E esses “algos” normalmente não são iguais ou, sequer, equivalentes.
Em suma, meu sonho é bem outro. Todavia, cada um tem o direito de ter o sonho que bem lhe aprouver!
Atualmente grande parte da economia é regida pelo capital financeiro, quer dizer, por aqueles papéis e derivativos que circulam no mercado de capitais e que são negociados nas bolsas do mundo inteiro. Trata-se de um capital virtual que não está no processo produtivo, este que gera aquilo que pode ser consumido. No financeiro, reina a especulação, dinheiro fazendo dinheiro, sem passar pela produção. Vigora um perverso descompasso entre o capital real e o financeiro. Ninguém sabe exatamente as cifras, mas calcula-se que o capital financeiro soma cerca de 600 trilhões de dólares enquanto o capital produtivo, do conjunto de todos os paises, alcança cerca 580 trilhões. Logicamente, chega o momento em que, invertendo a frase de Marx do Manifesto, “tudo o que não é sólido se desmancha no ar”.
Foi o que ocorreu em 2007/2008 com o estouro da bolha financeira ligada aos imóveis nos EUA que representava um tal volume de dívidas que nenhum capital real, via sistema bancário, podia saldar. Havia o risco da quebra em cadeia de todo o sistema econômico real. Se não tivesse havido o socorro aos bancos, feito pelos Estados, injetando capital real dos contribuintes, assistiríamos a uma derrocada generalizada.
Esta crise não foi superada e possivelmente não o será enquanto prevalecer o dogma econômico, crido religiosamente pela maioria dos economistas e pelo sistema com um todo, segundo o qual as crises econômicas se resolvem por mecanismos econômicos. A heresia desta crença reside na visão reducionista de que a economia é tudo, pode tudo e que dela depende o bem-estar de um pais e de um povo. Ocorre que os valores que sustentam uma vida humana com sentido não passa pela economia. Ela garante apenas a sua infra-estrutura. Os valores resultam de outras fontes e dimensões. Se assim não fosse, a felicidade e o amor estariam à venda nos bancos.
Este é o transfundo do livro de alta divulgação Reinventando o capital/dinheiro de Rose Marie Muraro (Idéias e Letras 2012).Rose é uma conhecida escritora com mais de 35 livros publicados e uma diligente editora com cerca de 1600 títulos lançados. Num intenso diálogo, juntos trabalhamos, por mais de vinte anos, na Editora Vozes. Dois temas ocupam sempre sua agenda: a questão feminina e a questão da cultura tecnológica. Foi ela quem inaugurou oficialmente o discurso feminino no Brasil escrevendo livro com um método inovador: A sexualidade da mulher brasileira (Vozes 1993). Com um olhar perspicaz denunciou o poder destruidor e até suicida da tecno-ciência, especialmente, em seu livro: Querendo ser Deus? Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade (Vozes 2009).

Seis em cada dez brasileiros pertencem à classe média, diz Datafolha

Comentário/opinião
Poucas coisas podem constituir maiores fontes de enganação do que as tais estatísticas, suas médias e suas interpretações. Principalmente quando induzem a conclusões precipitadas e/ou tendenciosas. Em outras palavras, é sempre possível demonstrar que aquilo que é, não é; e aquilo que não é, é. Deu pra entender?
Analisando a matéria abaixo e fazendo o teste que a Folha sugere, descobri – estarrecido! - que sou classe A (alta), coisa que jamais poderia supor. Isso, só porque tenho formação superior completa (mesmo já em desuso...), renda mensal maior que R$ 5.000,00, 2 TVs a cores e rádio. Por esse critério, qual a classe do Eike Batista? Coisas do Brasil...
Obviamente, a análise circunstanciada da matéria e a respectiva opinião não cabem neste texto. Porém, a sua provável linha melódica e as suas conclusões também creio serem muito óbvias.
Matéria de Érica Fraga – Folha de São Paulo, 22-01-2012.
Brasil é um país de classe média. Seis em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais já pertencem a esse grupo, segundo o Datafolha.
Com 90 milhões de pessoas --número superior ao da população alemã--, a classe média brasileira, no entanto, está longe de ser homogênea.
A variedade de indicadores de renda, educação e posse de bens de consumo permite a divisão dessa parcela da população em três grupos distintos que separam os ricos dos excluídos.
O acesso crescente a bens de conforto --como eletroeletrônicos, computadores e automóveis-- é o que mais aproxima as três esferas da classe média brasileira.