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segunda-feira, 21 de julho de 2014

Nó górdio e crise do capitalismo

Comentários/opinião
A matéria a seguir complementa e amplia o conteúdo da matéria plotada anteriormente, nesta minha nova jornada para retomar as atividades deste meu blog, também contida no IHU Notícias de hoje.
Creio serem desnecessários maiores comentários.

Nó górdio e crise do capitalismo

Uma crise global assola o mundo que conhecemos. A crise da energia e da alimentação, a degradação do meio ambiente, a recessão e a crise financeira, a perda de legitimidade da democracia e o esvaziamento dos valores de nossa cultura são sintomas das limitações do capitalismo para reproduzir e legitimar a estrutura de relações de poder a nível global. A desintegração dessa estrutura, baseada em uma determinada forma de produção, apropriação e distribuição do excedente econômico a nível mundial, emergiu na cena política internacional através da crise financeira de 2008. Ignorar a índole sistêmica desta crise implica obscurecer os obstáculos que enfrentamos para conseguir uma maior inclusão social e integração nacional.
O artigo é de Mónica Peralta Ramos, socióloga, autora de “La economía política argentina. Poder y clases sociales”, publicado por Página/12, 15-07-2014. A tradução é do Cepat.


A idolatria do PIB – IHU Notícias 21-07-2014

POIS É... 
APÓS GRANDE RECESSO NAS POSTAGENS NESTE BLOG, RETORNO COM A ESPERANÇA DE PODER DAR EFETIVIDADE A ESSE PROPÓSITO.
VEREMOS O QUE OCORRERÁ, NA SEQUÊNCIA.

Comentários/opinião
Bela análise. Concordo integralmente.
O quê fazer? Não sei. Só sei que alguém ou algo deve morrer. O sistema capitalista, por exemplo. A ganância desenfreada é outro exemplo, decorrente do anterior e/ou acelerador do processo. Na verdade, morrerão juntos, abraçadinhos, como convém à nossa libertação e à sobrevivência do planeta.
A idolatria do PIB – IHU Notícias 21-07-2014
"Em vez de concentrar esforços na melhoria do transporte coletivo, optou-se por medidas de estímulo à venda de automóveis: isenções tributárias, crédito farto e gasolina subsidiada. Entre 2003 e 2013, a frota de carros particulares passou de 23,6 milhões para 43,4 milhões de veículos", escreve Eduardo Giannetti, economista, em artigo publicado pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-07-2014.
Segundo o economista, "a idolatria do PIB tem causado graves prejuízos ao bem-estar humano".
Eis o artigo.
PIB é uma invenção recente. A ideia de medir a variação do valor monetário dos bens e serviços produzidos a cada ano surgiu no período entre guerras, mas foi só nos anos 50 que os órgãos oficiais passaram a publicar dados de PIBpara os diferentes países. Adam SmithRicardoMarx e Mill jamais foram instados a prever o PIB do ano ou trimestre seguintes.
De lá para cá, o culto do PIB como métrica de sucesso ou fracasso das nações virou uma espécie de religião do nosso tempo. O crescimento é o objetivo supremo em nome do qual governos são eleitos ou rejeitados nas urnas e um antropólogo marciano poderia até imaginar que a sigla PIB nomeia a nossa divindade-mor na vida pública enquanto o consumo dá sentido à existência na esfera privada.
Além do passivo ambiental, a idolatria do PIB tem causado graves prejuízos ao bem-estar humano. Dois exemplos recentes ilustram isso.
Uma pesquisa pioneira, publicada no periódico "Proceedings of the National Academy of Sciences" em 2013, comparou populações sujeitas a diferentes níveis de poluição do ar nas regiões norte e sul da China e avaliou o seu impacto de longo prazo (décadas) sobre a saúde (doenças cardiovasculares e câncer de pulmão).

O estudo mostra que uma elevação de 100 microgramas de matéria particulada por metro cúbico de ar corresponde a uma redução de três anos na expectativa média de vida ao nascer. Como a diferença entre o norte e o sul da China é de 185 microgramas por metro cúbico, isso significou uma perda de cinco anos e meio de vida per capita para os habitantes do norte em relação ao sul.

Some-se a isso o fato de que 10% da terra cultivável na China está contaminada por poluentes químicos e metais pesados, e que metade da água suprida nas cidades é imprópria para banho, e se verá que o espetáculo do PIBchinês, como um Otelo sem Iago, oculta um elemento crucial da trama.
No Brasil, o afã de acelerar o crescimento no curto prazo levou o governo a tomar um atalho. Em vez de concentrar esforços na melhoria do transporte coletivo, optou-se por medidas de estímulo à venda de automóveis: isenções tributárias, crédito farto e gasolina subsidiada. Entre 2003 e 2013, a frota de carros particulares passou de 23,6 milhões para 43,4 milhões de veículos.

O resultado do erro pode ser medido em tempo de vida. Um cidadão que gaste três horas por dia em média para ir e vir do seu local de trabalho ou estudo passará cerca de quatro anos e meio da sua vida encalacrado no inferno urbano das nossas metrópoles. O PIB silencia, mas o bem-estar acusa.
Pior que crescer pouco ou crescer mal, só mesmo uma combinação judiciosa das duas coisas. E não é que o Brasil tem conseguido!