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domingo, 17 de junho de 2012

Antes do dilúvio. Entrevista com Mike Davis

Comentários/opinião
Acabei de achar um novo guru. Esse é dos meus. E mais, ele veio de baixo e de uma região pobre dos EUA. Hoje é professor da Universidade da Califórnia e autor de livros como os citados. Não é pouca coisa.
Na entrevista, ele não só enfia os dedos nas feridas, inclusive as nossas. Enfia as mãos, os pés, a cabeça. Seguramente, encontrei um novo guru. E dos bons.


Florescem cenários apocalípticos nas críticas do urbanista norte-americano Mike Davis, para quem o futuro está sendo gestado em megalópoles convulsionadas. E será um futuro noir, solapado por catástrofes superlativas, guerras e pandemias de toda sorte. "A Rio+20 tem tanta chance de salvar o mundo como uma convenção de entusiastas do esperanto", ironiza o também historiador e fundador da New Left Review.
A entrevista é de Juliana Sayuri e Ivan Marsiglia e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-06-2012.
Autor de Cidades Mortas, Ecologia do Medo e Holocaustos Coloniais (Editora Record), Apologia dos Bárbaros, Cidade de Quartzo e Planeta Favela (Boitempo Editorial), Michael Ryan Davis cresceu no deserto californiano de El Cajon, foi aprendiz de açougueiro, caminhoneiro e militante estudantil. Atualmente, leciona na Universidade da Califórnia, em Riverside.
Eis a entrevista. Publicada no IHU Notícias, 17-06-2012.
Qual é sua expectativa para a Rio+20?
A Conferência tem tanta chance de salvar o mundo como uma convenção de entusiastas do esperanto ou um encontro de seguidores de Zoroastro. Há sérios pontos para discutir na Rio+20, mas a épica batalha sobre a mudança climática e o desenvolvimento sustentável foi irremediavelmente perdida na esfera da política internacional. Para os futuros historiadores não será difícil aquinhoar a responsabilidade. Mesmo que todos os países ricos compartilhem alguma culpa, alguém apertou o gatilho. O Protocolo de Kyoto foi assassinado no berço pelo Texas - isto é, pelo Partido Republicano norte-americano e os bilionários do petróleo de Houston que o financiam. Os democratas, por sua vez, lamentaram brevemente a morte de Kyoto e, em seguida, discretamente enterraram o aquecimento global como uma questão de campanha. A ausência do presidente Barack Obama no Rio é um sinal de que a mudança climática - questão de vida e morte para grande parte da humanidade - tornou-se órfã.

O que há por trás do neo-panelaço na Argentina


Comentários/opinião
É óbvio que as panelas eram de alumínio importado, as vestes dos "panelantes" eram das grifes de Paris e Nova York e a quantidade era a mesma que comparece a uma festinha em qualquer mansão de Buenos Aires. É só olhar a fotos, ou seja, de gente que adora e precisa de dólares para comprar essas coisas, in loco, três vezes por ano. No mínimo. A nossa imprensa reacionária é que gosta de vestir demônio com assinhas e auréolas de anjo.
Enviado por Luis Nassif, 13/06/2012 - 09:35
Por Marco Antonio L.
De Vermelho.org
A reivindicação para guardar dólares aparece como a causa principal que levou grupos de classe média e alta a realizar manifestações na Argentina. Os especialistas consultados pelo jornal Página/12 afirmam que estes grupos não suportam ver o avanço para uma sociedade mais igual.
Luciana Taddeo
Classe média e alta argentina volta a fazer panelaço contra Cristina Kirchner.
No último dia 8, um protesto convocado pelas redes sociais reuniu, segundo a polícia, cerca de 5 mil pessoas em Buenos Aires. O panelaço reuniu pessoas que protestavam contra o fim do controle à compra de dólares.
De acordo com Melina Deledicque e Mariano Féliz, membros do Centro de Estudos para a Mudança Social, a “demanda de ‘direito ao entesouramento de dólares’ no atual contexto parece pouco razoável e nada generalizante, em uma sociedade onde a capacidade de poupar se restringe a um setor muito reduzido da população”. 
Eles consideram ainda que este panelaço não representa o conjunto do povo trabalhador (e tampouco buscam isso) porque não questionam um projeto capitalista na crise.
Já para a socióloga Sandra Guimenez estes protestos são realizados pelos mesmos setores “antipopulares e antinacionais que, agrupados com setores da Igreja, a direita mais reacionária e alguns pró-políticos, têm muito claro que necessitam desestabilizar um projeto de país que pretende nivelar diferenças sociais”.
De acordo com a socióloga, o que acontece é que este setor não “tolera avançar (ainda que lenta e moderadamente) para uma sociedade mais igual”. Ela complementa que “cada vez que esta sociedade começa a sustentar um projeto que tende a ser mais ‘igualitário’, se produzem fortes enfrentamentos de classe. Em todo caso, esta sociedade tolera transversalmente a expectativa de que as pessoas que fazem parte essas classes melhorem sua situação, é dizer, se tolera a expectativa de ‘melhoria’. Mas isso é suportável se a melhoria não implica que se apaguem nem as diferenças nem os privilégios de classe.
Da Redação do Vermelho, com informações do Página/12