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terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sinais dos tempos


Comentários/opinião
Realmente, um bom sinal dos tempos. Melhor seria se fosse um "sinal de bons tempos", o que, infelizmente, ainda não é verdade.
Apenas um reparo: o Emir fala que a atitude do governo Correa, do Equador, foi apoiada pelos governos latino-americanos. Não me consta que o governo brasileiro o tenha feito. Ficaria feliz se estivesse equivocado nessa percepção.
Eis o artigo do Emir Sader, postado no seu Blog em 19-08-2012 – 21:35.
Sinais dos tempos
A crise diplomática gerada pela aceitação do asilo de Julian Assange pelo Equador reflete as novas condições do mundo contemporâneo. Em primeiro lugar, porque as mídias alternativas conseguiram grande vitória sobre o segredo diplomático das grandes potências, logrando colocar à disposição da opinião pública mundial mais de 5 mil documentos até ali considerados secretos.
Em segundo lugar, porque ao tentar fazer recair sobre o principal responsável por essa divulgação, Julian Assange, o peso da repressão e da censura, se viram às voltas com a solidariedade do governo do Equador, dos governos latino-americanos e de várias outras forças da própria Europa. Não puderam evitar, apesar das bravatas do governo britânico, o asilo de Assange na Embaixada do Equador e ainda tem que sofrer a campanha de protestos pela sua atitude e a favor do salvo-conduto que Assange necessita para seguir para o Equador.
Em terceiro lugar, um país progressista latinoamericano não apenas peitou o governo britânico, como aparece como território de abrigo de alguém que passou a representar a liberdade de expressão no mundo, enquanto que a Grã Bretanha aparece como seu perseguidor.
Em quarto lugar, a Grã Bretanha, com a atitude do seu governo, já é e continuará sendo objeto de campanhas no seu próprio país e em vários outros países do mundo, pela liberdade de Assange e contra a atitude do governo britânico.
Ao tomar a atitude que toma, o governo da Grã Bretanha faz uma aposta muito perigosa: a de ter que suportar, por tanto tempo quanto pretenda retardar o salvo-conduto para Assange, campanhas mundiais contra sua posição e a favor de Assange.
Se juridicamente o governo britânico pode retardar por um tempo indefinido a saída de Assange da embaixada equatoriano na direção do país que lhe concedeu asilo, a questão será decidida pelo grau de desgaste que a Grã Bretanha está disposta a sofrer por essas campanhas. Ela pode sustá-las concedendo de imediato o salvo-conduto a Assange ou ter que finalmente concedê-lo, quando esse desgaste já tenha se dado por um tempo mais ou menos longo.

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