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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Pontos e contra-pontos III: leis trabalhistas na Europa e a ira dos islandeses

Comentários/opinião
Vejam as matérias a seguir, publicadas no jornal espanhol El País e traduzidas por mim.
Os assuntos são absolutamente correlatos quanto às suas origens e razões, ou seja, a crise mundial atual. Têm, porém, soluções diametralmente opostas,  tomadas pela Islândia e pelos países da União Européia. E os resultados, evidentemente, são também opostos. E as razões para tal são apenas ideológicas e de princípios. Um pais tem a visão dos interesses do seu povo em primeiro lugar; os outros, os interesses do capital selvagem. Simples assim.
A Europa entra no jogo
Os países da União Européia revolucionam suas leis trabalhistas para sair do abismo
El Pais, Madrid, 19/02/2012
Tradução: Luiz Carlos Correa Soares
A necessidade urgente de ajustar os orçamentos e para fomentar o crescimento está comandando uma revolta na legislação trabalhista em muitos países europeus, especialmente no sul. 
Direitos e privilégios existiam há décadas  - em muitos casos desde o final da Segunda Guerra Mundial - estão desaparecendo da noite para o dia. Precedidas de pouco debate na maioria dos casos, as reformas obrigam uma mudança na mentalidade dos cidadãos, pois enterram uma concepção do posto de trabalho bem arraigada em algumas sociedades. O emprego para toda a vida na mesma empresa, que foi realidade durante várias  gerações, agora parece uma aspiração impossível para os mais jovens. As alterações na legislação laboral  aproximam Espanha, Portugal e Itália aos mercados tremendamente flexíveis, tais como os do Reino Unido ou dos EUA.
Como ocorre com a tributação, o trabalho é um dos territórios menos coesos da União Européia. Enquanto a França oferece a máxima proteção ao empregado, o Reino Unido dá aos empregadores enormes facilidades para modificar seus modelos. Cada uma das reformas laborais  que os governos estão assumindo é diferente da outra, mas todas têm algo em comum: será mais fácil e mais barato demitir um trabalhador. Os objetivos também são comuns: facilitar a contratação e promover a recuperação da atividade econômica.
É aí onde surgem as incógnitas.  Promoverão as reformas o aumento da competitividade européia frente às potências econômicas emergentes, como China, Índia ou Brasil? Será que vão ser compatíveis com a manutenção do estado de bem-estar? Qual será o novo papel dos sindicatos, pilares da Europa do último meio século?
->Alemanha: flexibilidade para a pequena empresa


Os islandeses colhem os benefícios de sua ira
A economia da ilha cresceu 2,9% no ano passado e se expandirá 2,4% este ano
Fitch acredita que "a pouco ortodoxa política de resposta para a crise da ilha tem obtido êxito"
Omar R. Valdimarsson (Bloomberg) - Reykjavik, 20- 02-2012
Tradução: Luiz Carlos Correa Soares
Os islandeses, que jogaram pedras no Parlamento em 2009 exigindo de seus líderes e banqueiros uma resposta para o colapso econômico e financeiro do país, estão colhendo os benefícios de sua ira. Desde o final de 2008, os bancos da ilha tem perdoado empréstimos equivalentes a 13% do PIB, o que facilita a carga da dívida em mais de um quarto da população, segundo um informe publicado este mês pela Associação de Serviços Financeiros da Islândia.
"Eu poderia dizer com segurança que a Islândia tem o recorde mundial no alivio da dívida das famílias", disse Lars Christensen, economista-chefe de mercados emergentes do Danske Bank, em Copenhague. "A Islândia seguiu o exemplo clássico do que se exige em uma crise. Qualquer economista [islandês] concorda com isso."

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