Comentários/opinião
Vejam que as três matérias anexadas a seguir têm algumas fortes correlações interpretativas.
A priori, seria de se perguntar: quando o professor Leal Lobo foi reitor da USP, o que teria feito para mudar as situações que critica? Ele, com certeza, diria que teve de seguir a política ditada pelo MEC. É apenas assim, mesmo? Quem tem os posicionamentos como os que estão colocados – com os quais estou inteiramente de acordo – e sendo reitor da poderosa USP, nada pode fazer a respeito?
Todavia, a análise do ex-reitor, está perfeita e “põe o dedo nas feridas”. As quais, também em meu entendimento, estão na base das dificuldades vigentes. Contudo, existem outras causas, certamente mais fundamentais, ainda, tais como a mercantilização do ensino no Brasil; a importação de “caixas pretas” (com a consequente transformação dos técnicos nacionais em “apertadores de botões e parafusos”); a facilitação para ganhos absurdos de capital nacional e internacional, dentre outras. O tema é vastíssimo.
Por outro lado, as duas matérias subsequentes dão exemplos da competência e da criatividade do nosso povo que, mesmo soterradas sob as camadas tectônicas dos interesses da ganância a qualquer custo e preço, continuam a assomar, aqui, ali e acolá.
O que precisa ser feito – mas tenho fortes desconfianças que não o será – é dar mais força e estímulo para as competências e criatividades emergirem. E dar condições adequadas para tal, é óbvio!
'Precisamos de engenheiros inovadores'
O diagnóstico de que o desenvolvimento do Brasil exige mais engenheiros já virou consenso. O País está sendo obrigado a importar pessoal qualificado, porque forma por ano cerca de 40 mil profissionais, ante 190 mil na Rússia, 220 mil na Índia e 650 mil na China, para ficar só com os Brics, o bloco dos países emergentes. Interlocutor do governo num plano para atacar a questão, o ex-reitor da Universidade de São Paulo Roberto Leal Lobo acredita que é preciso trabalhar em outra frente além da quantitativa: mudar currículos e acabar com a especialização precoce, definida ainda antes no vestibular. Para ele, o profissional do futuro precisa ter visão genérica, combinar técnica e ciência para criar inovação, gerar patentes. "Nosso engenheiro não é criado para a inovação, mas para a reprodução."
A entrevista é de Sérgio Pompeu e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-02-2012.
Eis a entrevista.
O senhor escreveu recentemente um artigo (veja em estadão.com.br/educação) no qual critica a especialização precoce dos engenheiros. Qual o perfil do engenheiro do futuro?
É uma pessoa com boa formação básica, porque alguém com esse perfil aprende qualquer coisa, com uma visão genérica da Engenharia, no sentido de cobrir todas as áreas, e uma visão de mercado, para que saiba como utilizar conhecimento para atender às necessidades da sociedade. É uma exigência mundial. É o que pede, por exemplo, a National Science Foundation americana.
x.x.x.x.x
Brasileiro desenvolve método rápido para prever enchentes
Um novo método criado por um cientista brasileiro torna mais rápido, simples e barato identificar áreas com risco de enchentes, deslizamentos e outros desastres naturais. O sistema pode ser usado para prevenir as tragédias que se acumulam no período de chuva no país.
A reportagem é de Giuliana Miranda e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 20-02-2012.
Enquanto as metodologias consagradas hoje em dia precisam que os pesquisadores visitem os locais e tenham um mapeamento detalhado das topografias, o que em geral custa muito caro, o novo projeto pode ser feito à distância e com bem menos requisitos.
Batizado de Hand (sigla em inglês para altura acima da drenagem mais próxima), ele é um modelo digital de terreno que, para identificar as áreas de risco, precisa apenas de uma imagem da topografia da região - capturada por radar ou laser - e de informações sobre os rios do entorno.
Enquanto as metodologias consagradas hoje em dia precisam que os pesquisadores visitem os locais e tenham um mapeamento detalhado das topografias, o que em geral custa muito caro, o novo projeto pode ser feito à distância e com bem menos requisitos.
Batizado de Hand (sigla em inglês para altura acima da drenagem mais próxima), ele é um modelo digital de terreno que, para identificar as áreas de risco, precisa apenas de uma imagem da topografia da região - capturada por radar ou laser - e de informações sobre os rios do entorno.
x.x.x.x.x
Sementes Crioulas Avançam em Alagoas
O agricultor Sebastião Damasceno, de Santana do Ipanema, se transformou num dos símbolos do movimento chamado em Alagoas de “Sementes da Resistência”. Ele participa de praticamente todos os encontros de agricultores familiares, feiras e exposições exibindo uma coleção de sementes crioulas que inclui desde variedades mais comuns de feijão e milho plantadas em Alagoas, até raridades como variedades de algodão e fava que praticamente não são mais cultivadas no Estado. Por onde passa, ele explica que as sementes que carrega, além de adaptadas às condições de clima e solo do Estado, fazem parte das culturas e tradições dos agricultores alagoanos.
A reportagem é do jornal Gazeta de Alagoas, 03-02-2012 e reproduzidada pelo boletim da AS-PTA.
Mas engana-se quem pensa que Damasceno participa de um movimento “romântico” ou saudosista. Ao contrário. Os produtores querem na verdade é melhorar de vida e de renda com a seleção e plantio das próprias sementes. E estão conseguindo avanços importantes. Este ano, pela primeira vez na história, os gastos públicos com a aquisição de sementes crioulas vão superar os gastos com a compra de sementes comerciais.
Mas engana-se quem pensa que Damasceno participa de um movimento “romântico” ou saudosista. Ao contrário. Os produtores querem na verdade é melhorar de vida e de renda com a seleção e plantio das próprias sementes. E estão conseguindo avanços importantes. Este ano, pela primeira vez na história, os gastos públicos com a aquisição de sementes crioulas vão superar os gastos com a compra de sementes comerciais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário