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sexta-feira, 6 de abril de 2012

Suicídio, 'Kaláshnikov' ou comer lixo?

Comentários/opinião
A mensagem de absoluto desespero do farmacêutico grego, redigida de próprio punho, foi reproduzida e comentada por Saul Leblon em seu blog em 05-04-2012. A matéria constituiu a página de abertura da Carta Maior de hoje, 06-04-2012. O assunto foi destacado no Estado de S. Paulo, em matéria cuja síntese publicamos mais abaixo.
O fato está produzindo uma enorme comoção e reação do povo grego que está ocupando a Praça Sintagma, com homenagens muito significativas.
Tenho muitas esperanças de que jovens sem futuro se erguerão em armas e nas praças sintagmas do mundo pendurarão os traidores das nações!

"O governo de ocupação de 'Tsolakoglou' (referência ao primeiro ministro grego que durante a guerra, em 1941, colaborou com a ocupação nazista do país) aniquilou qualquer possibilidade de sobrevivência para mim, baseada em uma aposentadoria digna que paguei por minha conta sem nenhuma ajuda do Estado, durante 35 anos. Dado que minha idade avançada não me permite recorrer à força - embora se um grego empunhasse um Kaláshnikov, eu seria o segundo a fazê-lo -, não me restou qualquer outra solução para um final digno; recuso-me a buscar comida no lixo. Tenho fé que um dia os jovens sem futuro se erguerão em armas e na praça Sintagma pendurarão os traidores da nação, como os italianos fizeram com Mussolini em 1945". 
(Bilhete deixado por Dimitris Christoulas, farmacêutico aposentado de 77 anos, que se matou com um tiro, nesta 4ª feira, a poucos metros do Parlamento grego.)
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Grécia tem o 2º dia de protestos por suicídio
O incidente escancarou o desespero de milhares de pessoas diante da política de austeridade, a exato um mês antes das eleições. Mas longe de ser um fenômeno isolado, o suicídio do aposentado grego é apenas mais um numa longa lista de pessoas que deram fim às suas vidas nos últimos meses.
A reportagem é de Jamil Chade e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 06-04-2012.
Dados oficiais do governo grego apontam que os suicídios aumentaram em 40% entre 2010 e 2011. Para a ONG Klimaka, que se ocupa de dar assistência aos indigentes de Atenas, a realidade é que o número dobrou. Na Itália, a imprensa local registrou já cinco suicídios em apenas duas semanas, todos ligados a problemas econômicos.
Reação
O episódio se transformou em um apelo de vários grupos para que o governo considere o impacto dos cortes na população, que inclui a redução de até 40% em salários e aposentadorias. Na noite de quarta-feira, a violência eclodiu nas ruas próximas ao Parlamento.
Ontem[05-04-2012], centenas de pessoas deixaram flores no local da morte e a polícia passou a blindar as áreas próximas ao edifício do Poder Legislativo. Mas novos enfrentamentos foram registrados.
Os protestos foram convocados por redes sociais pela Internet, enquanto cidadãos de Atenas deixaram bilhetes no local do suicídio. "Isso foi um assassinato", dizia um deles.

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