Comentários/opinião
Há hoje no Brasil e no mundo o entendimento generalizado de que o poder corrompe e também é corrompido ou corrompível. Todavia não se trata do poder em si, mas do processo de exercício do poder ou, melhor, do mau exercício do poder.
Uma noite destas me atribuí o autoflagelo de ficar assistindo até altas horas o replay de um debate da CPMI dita do Cachoeira e adjacências. Não recomendaria tal loucura nem a um inimigo, caso o tenha.
Assiste-se ali a situações de todo o tipo, desde intervenções realmente bem colocadas e objetivas até as absolutamente descabidas por incontáveis razões e motivações pessoais ou partidárias. Tem, por exemplo, um cidadão de nome Onix – que não tem qualquer semelhança com pedra preciosa – e que, ao contrario, tem algo de natureza inqualificável e, mais que tudo, pegajosa e nojenta. E seu decoro – caso tentasse tê-lo - nada teria de parlamentar, mas, sim, tudo "para lamentar". É o líder do DEM na Câmara... Já a sua colega de partido, Senadora Katia Abreu, líder no Senado, tem outra postura e, pelo menos, argumenta com inteligência, independente do conteúdo de seu posicionamento.
Torna-se absolutamente notório que o exercício do poder pode tanto enobrecer o verdadeiro cidadão como, em igual medida, trazer à tona tudo de putrefato e odioso que estiver contido no íntimo de indivíduos sem os necessários valores ou princípios tais como cidadania, respeito ao outro, moral, ética e equilíbrio comportamental. Infelizmente, indivíduos com tais deficiências chegam a postos de poder totalmente inadequados às suas reais formações, construção da personalidade, caráter e visão de mundo e dos seres humanos.
Além do que se passa e se vê no Parlamento, a matéria anexa acrescenta mais um formidável exemplo para a ideia que está colocada aqui para debate.
Escudado na proteção republicana da toga, o ministro Gilmar Mendes desnudou uma controversa agenda política pessoal na última semana de maio. Onipresente na obsequiosa passarela da mídia amiga, lacrou seu caminho na 6ª feira declarando-se um caçador de blogs adversários de suas ideias e das ideias de seus amigos. Em preocupante equiparação entre a autoridade da toga e a arbitrariedade da língua, Gilmar decretou serem inimigos das instituições republicanas todos aqueles que contestam os seus malabarismos discursivos, a adequar denúncias a cada 24 horas, num exercício de convencimento à falta de testemunhas e fatos que as comprovem.
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