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BEM VINDO A ESTE SINGELO ESPAÇO DE DEBATES!

domingo, 30 de dezembro de 2012

MENSAGEM ESPECIAL DE FINAL/INÍCIO DE ANO


MENSAGEM ESPECIAL DE FINAL/INÍCIO DE ANO

Comp@s [= companheiros leitores e companheiras leitoras]

Este despretensioso Blog, criado ao apagar das luzes de 2011, completa seu primeiro aninho de existência e apresenta o seguinte desempenho estatístico:
- 231 postagens classificadas em 14 temas. (Ressalve-se que no segundo semestre de 2012 andou meio devagar, quase parando, em razão de muitas atividades profissionais).
- A postagem campeã de acessos foi “Afinal, o Brasil tem jeito?”, em 16/02/2012, que focava o corte de verbas federais. A segunda (18/01/2012) e a terceira (07/02/212) – que somadas igualaram a primeira - tinham como tema os profissionais estrangeiros. A postagem de hoje, sobre o mesmo tema, ainda não foi considerada.
- 4.700 acessos espalhados pelo mundo, sendo os principais países: Brasil (3.215), Rússia (667), Alemanha (331) e EUA (231). Acho que isso demonstra a existência de muitos brasileiros atentos, por aí a fora... E talvez não apenas brasileiros...
- 10 navegadores e uso de 10 sistemas operacionais.
Pretensiosamente, entendo que meu blog passou no teste. E, humildemente, acho que devo continuar com ele, dentro de minhas modestas competências e atual reduzida disponibilidade de tempo.

FELIZ 2013!!!

Brasil prepara plano para ampliar mão de obra estrangeira


Comentários/opinião
Mais um modismo e uma onda, coisas muito comuns no Brasil, um país que não tem projeto de destino e vive aos trancos e barrancos, caudatário dos dominantes, sem soberania e sem vergonha de ser subalterno aos comandos dos interesses estranhos aos seus interesses como nação. Até porque o Brasil não sabe o que é isso: ser uma nação.
Uma nação, que se preze como tal, estabelece valores que priorizam sua sociedade, seu território e sua soberania.
Na questão colocada – e mal colocada - quais deveriam ser as prioridades fundamentais: formação tecnológica sólida, de qualidade e amplamente disponível; diretrizes firmes para a busca de tecnologias competitivas de base e de ponta, em termos mundiais; níveis de valores vigentes em países desenvolvidos para remuneração de professores e de profissionais em todas as áreas, em especial as tecnológicas de ponta; ênfase na pesquisa tecnológica de grande qualificação, para competição em termos mundiais. Entre outras prioridades similares e/ou decorrentes.
Quando, no Brasil tivemos isso? Nunca! Quando poderíamos ter tido? Desde há muito tempo! Quando ainda poderemos ter? Com as políticas de subalternidade tradicionais e vigentes, responda você, caro(a) leitor(a)...
N.B.: A esse tipo de medida, a Folha de São Paulo – e seguramente toda a mídia dominante nacional – dão o maior apoio. Sendo para exploração e/ou dominação do país...
Brasil prepara plano para ampliar mão de obra estrangeira
Patrícia Campos Mello e Mariana Carneiro
Folha de São Paulo – UOL – 30-12-2012
O governo quer fazer do Brasil um país mais aberto a imigrantes estrangeiros do que nações como Canadá e Austrália, famosas por buscar ativamente esse tipo de mão de obra.
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República vai propor em março uma série de medidas para elevar a entrada de mão de obra estrangeira qualificada no Brasil e aumentar a competitividade do país, informou à Folha Ricardo Paes de Barros, secretário de Ações Estratégicas da SAE.
Entre as propostas em estudo, adiantou Paes de Barros, está o fim da exigência de contrato de trabalho para conceder visto para profissionais altamente qualificados.
Um estrangeiro com um doutorado em engenharia no MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), por exemplo, poderia emigrar para o Brasil sem um contrato de trabalho fechado e prospectar empregos aqui. Hoje, ele só consegue visto de trabalho quando já tem contrato.
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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Lei dos Meios: dois dezembros depois, nenhum avanço


Comentários/opinião
É óbvio que no Brasil não pode haver - e nem se faz necessária - uma Lei dos Meios. Aqui, quem manda na Comunicação, são os “inteiros”.  São contados nos dedos das mãos e nem precisa usar as duas...
Tenho informações de que os movimentos sociais, em especial as entidades ligadas ao setor de comunicações, apresentaram sugestões, as quais, pelo visto, tomaram o rumo de tantas outras: a gaveta. Na melhor das hipóteses.
Acho que deveria ser mudado o nome do ministério, porque a linha política é difícil, se não impossível.
Ao cabo de dois anos de governo Dilma, o Brasil, ao contrário de seus vizinhos sul-americanos, não avançou num um único mísero passo no caminho da democratização das comunicações. Como pode um governo democrático e popular, diante do tratamento parcial e não raro injusto que recebe dos meios, não ter tomado medidas concretas para democratizar ou, no mínimo, tornar mais plural o sistema de comunicação do país?

O artigo é de Marcos Dantas. A publicação é da Carta Maior de 28-12-2012.

Numa reunião em Brasília, em abril de 2011, diante de quase 20 lideranças do movimento pela democratização das comunicações, o ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, garantiu que "até dezembro" submeteria a consulta pública, o ante-projeto de uma nova Lei Geral de Comunicações, a nossa "Lei dos Meios". Dezembro de 2011 passou – e nada. Dezembro de 2012 acabou de passar, e nem se fala mais nisso.
É verdade que, com o tempo, o que seria um ante-projeto de Lei Geral, transformou-se em "perguntas" para um debate público. Não seria uma má solução. Politicamente, seria uma tentativa de obrigar os "his mater's voice" do oligopólio mediático a discutir conceitos, no lugar de tocarem o samba de uma nota só sobre uma fantasmagórica "censura". Mas nem isto aconteceu. Ao cabo de dois anos de governo Dilma e ministério Bernardo, o Brasil, ao contrário de seus vizinhos sul-americanos, não avançou num um único mísero passo no caminho da democratização das comunicações.
O atual sistema de comunicações que temos é um entulho autoritário que sobrevive após mais de 25 anos de vigência da atual Constituição democrática. Até 1964, nas grandes cidades brasileiras, um bom número de jornais de circulação e influência política similares disputavam os corações e mentes dos leitores. Se alguém fizer uma pesquisa na imprensa brasileira pré-64, perceberá sem dificuldade como ela era numerosa mas, sobretudo, diversificada: cada jornal, cada dia, trazia manchetes diferentes, destacava temas distintos, competia efetivamente pela preferência do leitor através do que poderíamos denominar, hoje em dia, "diferenciação do produto".

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Os trabalhadores que pararam o progresso


Comentários/opinião
As três matérias plotadas a seguir foram publicadas pela Agência Pública e divulgadas pelo IHU Notícias em 21-12-2012. Estou batizando o conjunto como a Trilogia do Madeira, o qual serve para muitas reflexões que, evidentemente, não cabem neste veículo de divulgação sintética das (des)conjunturas nacionais e do mundo. Mas dá o que pensar.
Entre outras reflexões, podemos colocar questões tais como: qual será, mesmo, o preço do progresso? Quantas vidas por R$ milhão podem ser sacrificadas? Na mesma unidade, quantas meninas devem ser prostituídas? Quantas famílias devem perder seu ganha-pão cotidiano de tantas gerações? Quantas árvores devem ser sacrificadas? Quantos peixes – “bagres”, no dizer de Lula – devem morrer? Quantos peixes devem deixar de nascer pela supressão das piracemas? Quantos locais históricos devem desaparecer? Quantas áreas fertilizadas nas enchentes - que eram naturais - devem ser submersas? Quantos Mwh devem deixar de ser consumidos na região que os produz para serem levados por milhares de km para locais onde o aumento do “progresso” já não se faz necessário? Quantos R$ bilhões em impostos devem ser gerados pela famigerada Lei Kandir nos locais de consumo e não nos de produção de energia?
Quantas perguntas mais, pertinentes ou “impertinentes” podem ser feitas? Mas acho que já chega.  O/a leitor/a pode adicionar as suas próprias.
Barbaridade!
Os trabalhadores que pararam o progresso
Já era quase meio-dia quando o goiano Francisco Martins Corrêa chamou o amigo e conterrâneo Paulo Henrique do Nascimento para almoçar. Os dois trabalhavam desde as seis da manhã derrubando árvores em área a ser alagada pela usina hidrelétrica de Jirau, em Rondônia.
O sol estava escaldante, e Francisco tinha fome, queria parar. Paulo recebia um bônus ao final do mês por cada hectare desmatado, queria continuar. “Só mais um”, disse. Francisco insistiu: “Para com isso, Paulinho. Bora lá comer”. Mas não conseguiu dissuadir o amigo.
A caminho do refeitório, Francisco ouviu a árvore tombar seguida de um som estranho: a motosserra pulava sozinha no chão. Gritou o nome do amigo. Nada. Voltou correndo e encontrou Paulinho no chão, com a árvore caída sobre o pescoço. Com o coração disparado, Francisco usou a motosserra do amigo para cortar a árvore que o esmagava. Serrou de um lado, do outro e tirou o tronco de cima do corpo. “Já tava morto, a árvore quebrou o espinhaço dele”, lembra, ainda abalado.
A reportagem é de Ana Aranha e publicada no portal Agência Pública, 04-12-2012.
Paulo morreu em setembro. Foi a quinta morte este ano em decorrência das obras das usinas de Jirau Santo Antônio. As duas hidrelétricas em construção no rio Madeira são o carro-chefe do governo Dilma Rousseff para o aumento da geração de energia no país.
Embora o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) faça fiscalizações sistemáticas, as medidas de segurança são atropeladas pela pressa em terminar logo as obras. É essa a percepção do auditor Juscelino José Santos, da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Rondônia. Em ação fiscal logo depois do acidente que matou Paulo, a primeira ação da superintendência foi determinar o fim do sistema de pagamento por produtividade. “Essa é uma atividade cansativa, que exige grande aporte calórico. Ao se preocupar em produzir, o trabalhador se esquece de comer, beber, ignora a câimbra”, diz o auditor.
Além da construção da barragem no rio, o desmatamento é um dos setores que mais exige esforço físico e onde há mais acidentes. A Energia Sustentável do Brasil, consórcio de Jirau, terceiriza essas atividades a diversas empresas, entre elas a Fox Minas Construtora, que contratou Francisco Paulo.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Vidas em trânsito


Comentários/opinião
Veja-se esta matéria e a anterior. Elas se complementam. Todavia não representam o total das situações absurdas em termos sociais, infraestruturais, ambientais, econômicos e financeiros que estão espalhadas por este “nosso” Brasil afora.
Quanta barbaridade! Até quando?!?
Vidas em trânsito
“Quando cheguei aqui, achei triste, chorava toda noite. Essa poeira, as ruas sem asfalto. Eu trabalhava lavando louça, não lembro como fui pela primeira vez. Ele era estranho, levou pó pra cheirar no quarto, queria beijar na boca, transar de novo. Depois chorei. Se fosse na minha cidade, ia ter vergonha, nojo. Aqui é normal, quase todas as meninas fazem. Eu mudei, não sou a mesma mulher.”
Micheli (nome fictício) tem 20 anos. Há quatro meses, deixou sua cidade natal, no Pará, e desembarcou na vila de Jaci Paraná, distrito de Porto Velho, Rondônia. Encontrou trabalho e morada em um brega, nome local para bordel, onde começou ajudando na limpeza. Em duas semanas estava se prostituindo, como “quase todas as meninas”.
A reportagem é de Ana Aranha e publicada pela Agência Pública, 30-11-2012.
É impossível andar pelas ruas de Jaci e não topar com um brega. São bares abertos, às vezes com mesinhas de plástico espalhadas pela calçada. À noite, a música toca no último volume. Durante o dia, as mulheres que os frequentam andam pela vila de shorts curtos e barriga de fora.
Elas estão em Jaci para prestar serviço aos milhares de homens que entram e saem da vila em turnos, às 7 e às 17 horas. São os horários de entrada e saída da construção da usina hidrelétrica de Jirau, uma das maiores obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) em curso no país. A usina cresce em torno de uma barragem no rio Madeira, no meio da floresta amazônica. A vila de Jaci é o núcleo urbano mais próximo, a 20 quilômetros.
A obra chegou a ter 25 mil funcionários no seu pico, mais que o dobro do que era previsto no plano inicial. Alguns trabalhadores se instalaram na vila, outros passam os dias de folga lá. O Ministério Público de Rondônia estima que a vila saltou de 4 mil para cerca de 16 mil habitantes desde 2009, quando a usina de Jirau começou a ser construída. Os trabalhadores carregam sotaques do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste do Brasil. Alguns ainda não dominam o português, como os haitianos e bolivianos.

Um rio em fúria


Comentários/opinião
Trata-se de uma das mais claras mortes anunciadas. E previsíveis; para quem quisesse prever, é claro.
Para início de entendimento da questão, sugiro “começar pelo começo...” E desconsiderar essa aparente redundância... Ou seja, começar pela causa-mãe ou causa-máter: a ganância desenfreada e sem limites. Ela precede qualquer questão econômica, técnica, social, ambiental etc., as quais são meras decorrências e consequências.
Para escondê-la (a ganância) e/ou justificá-la, vêm os chavões: a necessidade do “desenvolvimento” (sem dizer por que, para que, a quem interessa e quem se apropriará dele, ou seja, os já desenvolvidos); os “interesses nacionais” (e sabemos muito bem de que “nacionais” se trata); a obediência às “normas jurídicas” (e sabemos como, por que, por quem e para quem foram feitas); E assim por diante, para não ser exaustivo.
Agora, o leite está derramado e não tem como devolvê-lo ao úbere da vaca. E, portanto, como sempre, só nos resta chorar na cama, que é um lugar quente. Do contrário, teria de existir o fuzilamento dos vendilhões da Pátria, coisa que os tempos “modernos”, não o permitem. Que horror, ter coragem de dizer uma coisa absurda dessas... Será, mesmo?
Um rio em fúria
Dois dias antes do início dos testes na primeira turbina da hidrelétrica de Santo Antônio, em Rondônia, o telefone tocou na casa da pescadora Maria Iêsa Reis Lima. “Vai começar”, avisou o amigo que trabalhava na construção da usina. Iêsa sentou na varanda e se pôs a observar as águas, esperando o que sabia ser uma mudança sem volta. “O rio Madeira tem um jeito perigoso, exige respeito. Os engenheiros dizem que têm toda a tecnologia, mas nada controla a reação desse rio.”
Semanas depois, no início de 2012, as águas que banham a capital Porto Velho começaram a ficar agitadas. As ondas cresciam a cada dia, cavando a margem e arrancando árvores. O deque do porto municipal se rompeu. O rio alcançou as casas, até que a primeira delas ruiu junto com o barranco para dentro das águas.
A reportagem é de Ana Aranha e publicada pela Agência Pública, 30-11-2012. Divulgada pelo IHU Notícias de 21-12-2012.
O prognóstico de Iêsa estava certo. O que ela não podia imaginar era a rapidez com que a resposta do rio à abertura das comportas alteraria o curso da sua vida, do seu bairro e da história de Porto Velho. As ondas atacaram o bairro Triângulo, primeiro a se formar na capital. O bairro leva esse nome por ser o local onde o trem da estrada de ferro Madeira-Mamoré fazia a curva para desabastecer. A casa de Iêsa ficava entre a margem do Madeira e os trilhos abandonados. Cerca de sete quilômetros abaixo da usina.
O rio engoliu ainda o marco Rondon, obelisco histórico mais antigo que o próprio estado. Construído em 1911 pela equipe do marechal Cândido Mariano da Silva Rondon, sertanista que rasgou a floresta para ligar a primeira linha telegráfica a conectar a Amazônia. Quando as ondas alcançaram o marco, alertas circularam em abundância por todos os meios de comunicação a que o mundo têm acesso. Mas a empresa Santo Antônio Energia, responsável pela usina, negava relação com o problema. Em duas semanas, as águas cavaram a base do obelisco e o arrastaram para o fundo do rio. Depois que ficou comprovada a responsabilidade da usina, a empresa tentou resgatar o obelisco, mas apenas dois blocos foram recuperados.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Pesquisa demonstra a pobreza gerada com o avanço do agronegócio


Comentários/opinião
O resultado e as conclusões do estudo parecem totalmente lógicos. O estudo que estou desenvolvendo no Paraná provavelmente indicará um resultado semelhante . Vamos conferir.
Divulgação  do IHU Noticias – 18-12-2012
Uma pesquisa de mestrado da Universidade Estadual Paulista (Unesp) mostrou que existe uma relação entre a expansão de atividades do agronegócio e o crescimento da pobreza em áreas específicas do estado de São Paulo. Segundo o estudo, regiões reconhecidas pela força agroindustrial estão passando por um processo de concentração de renda, de terras e de pobreza. 
A reportagem é de Aline Scarso e publicada pelo Brasil de Fato, 17-12-2012.
O levantamento sinaliza ainda que o agronegócio aproveita a vulnerabilidade das regiões para se instalar e criar raízes. Intitulado São Paulo Agrário: representações da disputa territorial entre camponeses e ruralistas de 1988 a 2009, o estudo é do pesquisador do Núcleo de Estudos, Pesquisas e Projetos de Reforma Agrária (Nera), Tiago Cubas. Ele trabalha com dados como o Índice de Pobreza Relativa, Índice de Gini e de Concentração de Riqueza para revelar uma situação de contradição.
Hoje a população rural do estado é de 1,7 milhões de habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em 1980 era de 2,9 milhões. De acordo com a pesquisa, a região do entorno da cidade de Ribeirão Preto, a chamada Califórnia Brasileira, é uma das que mais aumentaram o abismo econômico entre a população durante os anos de 1988 a 2009. Situação semelhante também ocorreu no entorno das cidades de Araraquara e Campinas e nas regiões do Pontal do Parapanema – principalmente no entorno dos municípios de Presidente Prudente e Araçatuba, e do Vale do Ribeira, entorno do litoral sul paulista e de Itapetininga (veja mapa abaixo). Dos 645 municípios paulistas cadastrados para mapeamento, apenas 228 municípios conseguiram amenizar a intensidade da pobreza no período pesquisado. No restante, a miséria aumentou.
O autor mostra que as regiões onde isso ocorreu são espaços do desenvolvimento do agronegócio, especialmente da monocultura da cana-de-açúcar. É o caso da Região da Alta Mogiana (Ribeirão Preto, Araraquara e Campinas), onde a cana é preponderante. A área do Pontal do Parapanema, tradicionalmente reduto da pecuária no estado paulista, também sofreu com a expansão da monocultura. “Isso pode significar que o agronegócio escolhe as áreas mais vulneráveis para se instalar e, assim por diante, acirrar as desigualdades sociais e degradar o meio ambiente”, explica o pesquisador.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Voto eletrônico: Hacker de 19 anos revela no Rio como fraudou eleição


Comentários/opinião
Faz mais de uma dezena de anos (desde a eleição de 2000) que venho afirmando – junto com alguns outros poucos considerados malucos, tais como o professor Pedro Resende, citado na matéria, a quem conheci pessoalmente – que as urnas eletrônicas brasileiras são fraudáveis. E que, portanto, as eleições devem estar sendo fraudadas. Onde e como?
Onde subsistam condições para tal: um hacker disponível (e onde não há?); alguém com grana e interessado em fraudar a eleição (e onde não há?); alguém de dentro do sistema para facilitar as coisas diretamente nas próprias urnas ou, alternativamente, um sistema de transmissão vulnerável. Para eleição de parlamentares, essas condições são suficientes. Todavia, para os executivos, se faz necessário fraudar também as pesquisas. Neste caso, é necessário que a diferença entre o candidato fraudador e o líder na pesquisa fique menor do que 10%, para não chamar a atenção e escancarar a maracutaia. O que, evidentemente, é nada difícil...
Um novo caminho para fraudar as eleições informatizadas brasileiras foi apresentado ontem (10/12) para as mais de 100 pessoas que lotaram durante três horas e meia o auditório da Sociedade de Engenheiros e Arquitetos do Rio de Janeiro (SEAERJ), na Rua do Russel n° 1, no decorrer do seminário “A urna eletrônica é confiável?”, promovido pelos institutos de estudos políticos das seções fluminense do Partido da República (PR), o Instituto Republicano; e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), a Fundação Leonel Brizola-Alberto Pasqualini.
Acompanhado por um especialista em transmissão de dados, Reinaldo Mendonça, e de um delegado de polícia, Alexandre Neto, um jovem hacker de 19 anos, identificado apenas como Rangel por questões de segurança, mostrou como — através de acesso ilegal e privilegiado à intranet da Justiça Eleitoral no Rio de Janeiro, sob a responsabilidade técnica da empresa Oi – interceptou os dados alimentadores do sistema de totalização e, após o retardo do envio desses dados aos computadores da Justiça Eleitoral, modificou resultados beneficiando candidatos em detrimento de outros – sem nada ser oficialmente detectado.
“A gente entra na rede da Justiça Eleitoral quando os resultados estão sendo transmitidos para a totalização e depois que 50% dos dados já foram transmitidos, atuamos. Modificamos resultados  mesmo quando a totalização está prestes a ser fechada”, explicou Rangel, ao detalhar em linhas gerais como atuava para fraudar resultados.

domingo, 9 de dezembro de 2012

A mesma retórica, apenas, não resolverá


Comentários/opinião
São sempre de grande valia as matérias elaboradas pelo Washington Novaes.  Vale a pena não somente ler como também guardar no repositório da memória e nos arquivos digitais das coisas importantes. Para os momentos oportunos, como subsidio adequado para evitar dizer-se besteiras, apenas com base em informações divulgadas pelas mídias tendenciosas, subalternas e atreladas aos interesses de grupos e grupelhos políticos e/ou econômicos.
A mesma retórica, apenas, não resolverá
"Não haverá desenvolvimento sem erradicar a fome", alerta a FAO", informa Washington Novaes, jornalista, em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, 06-12-12.
Ele pergunta: "No novo mundo que se configura, Ocidente em crise, Oriente em ascensão, mas segundo padrões semelhantes (o ex-ministro Delfim Netto apelidou o novo modelo de "Engana", mistura de England com Gana), por onde se poderá caminhar? E o Brasil, nessa conjuntura específica, que fará, escapando à retórica antiga, esgotada?"
Eis o artigo.
Em debate acadêmico em Porto Alegre entre economistas do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - Marcos Antonio Macedo Cintra - e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) - Maryse Farhi -, há poucas semanas, o primeiro chamou a atenção para o cenário do mundo, hoje. Apontou para um século XXI de "domínio asiático" e de "consequências apavorantes" para a América Latina, já que "os chineses precisarão de um mundo que apenas forneça alimentos e matéria-prima para o seu consumo interno, que chegará a 4 bilhões de pessoas na classe média em 2020". Isso condenaria o Brasil, na relação com a China, à posição de exportador de alimentos e matérias-primas e importador dos produtos da revolução tecnológica chinesa.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

De Getúlio a Felipão

Comentários/opinião
Meus Deus, quanto absurdo e quanta distorção dos fatos e da História! Por desconhecimento ou má-intensão, O que dá no mesmo!
Que barbaridade! Para usar uma expressão gaúcha, bem típica. Coisas que, ao que parece, o articulista abomina.
Entretanto, aceito que pensares dessa natureza não podem ser interpretados sob a luz dos pensadores clássicos em toda a História do desenvolvimento do pensamento humano. Exceto, talvez, em Freud.
"Quem diz o que quer, ouve o que não quer". Eu, porém, costumo dizer o que penso e estou disposto a ouvir contraposições, quaisquer que sejam.
De Getúlio a Felipão
"São jocosas, mas não gratuitas, as comparações entre o retorno de Felipão ao comando da seleção brasileira e a marcha deVargas rumo ao Catete em 1930", escreve Eduardo Bueno, jornalista e escritor, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 04-12-2012.
Segundo ele, "Felipão já disse como julga ser o dia a dia dos barnabés de bancos estatais. Periga, daqui a alguns dias, falar dos R$ 31 milhões anuais que a agremiação de Rosemary Noronha (que já ganhou estádio de presente) receberá de outra instituição financeira do governo".
Felipão pode funcionar,  aposta Bueno, já que "a Copa não passa de um torneio mata-mata. Até porque, como futebol-bailarino, pontos corridos é coisa de fresco"

Eis o artigo.
Então, Felipão bateu o barro das esporas, encilhou a cavalgadura e enveredou pela velha rota dos tropeiros, disposto a amarrar outra vez sua bela besta baia no velho obelisco.

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Dilma veta mudanças na divisão da renda do petróleo sobre royalties


Comentários/opinião
Tem muita lógica: em um país de “alguns”, um governo para “alguns”...
Complementando: em um país onde os contratos tem mais força do que as leis e a própria Constituição Federal, o que se pode esperar em termos de tratamento igualitário ou, pelo menos, equitativo?

30/11/2012 - 06h20
Dilma veta mudanças na divisão da renda do petróleo sobre royalties
FLÁVIA FOREQUE
VALDO CRUZ
DE BRASÍLIA
Depois de sinalizar publicamente a intenção de "respeito a contratos" na análise da lei de divisão dos royalties do petróleo, a presidente Dilma decidiu ontem vetar o artigo do projeto aprovado na Câmara dos Deputados que muda as regras de distribuição desses tributos referentes a campos em exploração.
Com o veto, fica mantida a legislação atual que destina a maior parcela dos royalties dos campos em exploração aos Estados e municípios produtores, como defendiam o Rio e o Espírito Santo.
Pela regra atual, os grandes Estados produtores, por exemplo, ficam com 26,25% dos royalties. Os não produtores recebem apenas 1,76%

sábado, 17 de novembro de 2012

Filhos e netos de sem-terra voltam a morar no campo


Comentários/opinião
Vejam que as dicotomias continuam fortes no país, das quais tenho falado seguidamente, nas situações que denomino como Pontos e Contrapontos.  No caso por um lado, são políticas governamentais que vêm cada vez menos realizando assentamentos no campo; por outro, são as pessoas que começam a tomar iniciativas próprias de retorno ao seu antigo habitat. Aliás, de onde não deviam ter saído.
A maior razão não deve estar nos incentivos para tal, porque faltam incentivos. Deve ser o acúmulo de desilusões com o sonho de oportunidades na cidade grande, bem como o crescimento de todas as mazelas sociais, da péssima qualidade de vida urbana, das inseguranças de todo tipo.
Espero que seja um fenômeno que se incremente e que, mesmo por si só, se solidifique e se torne forte e exitoso.
Publicação do IHU Notícias de hoje, 17-11-2012

Filhos e netos de sem-terra voltam a morar no campo

Cleuza Terezinha Santos, 53, já estava acostumada a viver sozinha, apenas com o neto adolescente que criou desde criança, na Fazenda da Barra, em Ribeirão Preto.
Os cinco filhos permaneceram na cidade, em Franca. Nos últimos dois anos, porém, a assentada ganhou a companhia de dois dos filhos -um deles até trouxe junto a mulher e um dos filhos.
A reportagem é de Juliana Coissi e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 17-11-2012.
Além dessas companhias, Cleuza pode ainda receber sua caçula, que quer trocar a vida urbana pelo campo.
Nos últimos anos, assentamentos da região de Ribeirão Preto, onde era comum ver só um casal mais velho no lote, começaram a receber filhos e netos desses assentados, junto com mulheres e crianças.
Por um lado, o alto custo de vida nas cidades ajudou a "expulsar" esses jovens do meio urbano. Por outro, os assentamentos ganharam mais infraestrutura com energia elétrica e poços.
A produção de hortaliças e outras culturas deixou de engatinhar e em alguns assentamentos já encontram local para vender a colheita.
O cenário da região não é isolado: a volta das novas gerações tem ocorrido em assentamentos por todo o país, segundo o docente da Unesp Bernardo Mançano Fernandes.
Só no Mário Lago, um dos assentamentos da Barra, já há casos de "puxadinhos" em lotes -cada um com cerca de 16 mil m²- onde moram três, até quatro famílias, todos parentes do titular da área.
"O lote até para uma família é apertado, mas se não tem jeito de viver na cidade, eles vêm para cá", disse Vitor Donizeti Ribeiro, membro da coordenação do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).

O armador de ferragem Eliseu Vieira de Lima decidiu há dois anos se mudar com a mulher e os dois filhos para o lote do sogro. "Vou vender minha casa na cidade para comprar um trator. Um dia quero viver só da lavoura."
Para Marcos Praxedes, líder de outro assentamento, o Santo Dias, com 110 lotes, o campo está mais atrativo.
Isso porque há convênios com prefeituras para vender verduras para a merenda escolar, além de programas para levar filhos de assentados para a universidade.
Em Araraquara, os assentamentos Monte Alegre e Bela Vista do Chibarro repetem o fenômeno. Silvani Silva, 36, chegou na adolescência a acampar com o pai no Bela Vista, mas voltou para estudar e trabalhar na cidade.
Casada e com filhos, fez as contas e voltou em 2008 para o lote do pai no Bela Vista.
"Na cidade, o aluguel não sai por menos de R$ 400. No campo, se não tenho nada na despensa, vou no quintal e apanho uma goiaba", disse. 
Movimento se repete no país, afirma docente
O retorno das novas gerações para os assentamentos ocorre em todo o país, segundo Bernardo Fernandes, professor da Unesp de Presidente Prudente.
"Quando há um conjunto de políticas públicas e falta mão de obra no assentamento, o genro e a nora voltam ao campo para ajudar."
Também ocorre o contrário, diz ele: se o assentamento vive crise econômica, a mão de obra jovem migra para a cidade.
Além de ajudar na lavoura, o jovem traz novas ideias, afirma Vera Lúcia Botta Ferrante, docente aposentada da Unesp de Araraquara. "No assentamento Bela Vista, tivemos um rapaz que queria montar uma gráfica para fazer os rótulos dos pães e bolos produzidos lá."

Brasil neoliberal até quando?


Comentários/opinião
Permitam parodiar o dito popular que diz “se você pensa que [tal-e-tal], se enganou, meu bem”.
Assim, quem pensava que o neoliberalismo desenfreado dos “fernandos” (Collor e FHC) tinha acabado no advento do “neodesenvolvimentismo lulo-dilmista”, se enganou, meu bem. Redondamente.
Até o processo de entrega de estatais não morreu, apenas mudou de roupagem. E além de novas vestes, tem outras trajetórias.
Todavia, o rumo é sempre o mesmo: tudo com vistas à transferência de riqueza e dinheiro para o sistema econômico e financeiro de acumulação capitalista, seja internacional ou nacional. Aliás, é impossível saber o que é uma coisa e o que é outra, dada a quantidade fantástica de aquisição de empresas “nacionais”, legítimas ou não.
Em suma, o processo de entrega das riquezas nacionais e do trabalho árduo e mal remunerado dos trabalhadores brasileiros continua em marcha batida.
Estão plotadas abaixo duas matérias divulgadas hoje pelo IHU Notícias, dentre as dezenas que exemplos de todos os dias, que dão embasamento à análise e às conclusões obvias acima.
Quando começarão aqui os movimentos de reação que apenas assomaram nos EUA, mas se espalham na hoje desgastada e empobrecida Europa?
Nos rugidos do monstro
"A preocupação com fortes indicativos de aceleração da mineração, em especial a abertura das terras indígenas através da aprovação do PL 1610 e a aprovação de um novo marco regulatório da mineração conduzido na surdina pela Casa Civil da Presidência da República, e principalmente os fortes impactos de mineração sobre comunidades quilombolas e camponesas, motivou o encontro promovido pela CPT, sobre mineração. Foi um primeiro momento, dum debate e enfrentamento urgente. O Cimi participou levando as preocupações dos povos indígenas a esse respeito. Um grupo  de trabalho irá implementar os encaminhamentos e dar continuide ao processo de reflexão, debates e embates", informa Egon Heck, CIMI-MS, ao enviar o artigo que publicamos a seguir.
Eis o artigo.
mineração é uma grande preocupação. Especialmente para os povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, em cujo subsolo existem minerais. Poderão ter em breve seus territórios removidos e transformados em infinitas crateras. Em vista disso movimentos sociais e aliados das populações que historicamente continuam sendo vítimas de modelos de desenvolvimento que os impactam e destroem a natureza, promovem encontros e reflexões para traçar suas estratégias diante da voracidade da exploração mineral.
Comissão Pastoral da Terra acaba de promover um momento de intercambio de experiências e reflexão sobre o tema "Impactos da mineração sobre comunidades camponesas, quilombolas e povos indígenas".
Governo é acusado de recuar ante tabagistas
Quatro integrantes da delegação brasileira que participavam da Conferência das Partes (COP-5) da Convenção-Quadro do Tabaco, em Seul, na Coreia do Sul, ainda em meio às discussões, foram chamados de volta pelo governo. A decisão provocou protestos de ONGs, que atribuíram a saída antecipada a pressões feitas pela indústria do fumo, manifestamente contrária a propostas debatidas durante a conferência.
"Não havia justificativa para tal ordem. A determinação foi interpretada como um recuo pró-indústria do tabaco", disse a diretora executiva da Aliança de Controle do Tabagismo, Paula Johns.
A ordem foi dada a dois funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e dois do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A reportagem é de Lígia Formenti e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 17-11-2012.