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sábado, 28 de janeiro de 2012

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sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

EUA se opõem a acordo amplo na Rio+20

Comentários/opinião
A matéria transcrita a seguir corrobora e endossa vários posicionamentos colocados nos comentários da matéria anterior, postada mais abaixo neste Blog.
Pode parecer estranho que a quantidade de páginas seja um parâmetro válido e adequado para avaliação de um documento de tal natureza. Todavia, é realmente significante para demonstrar o quanto ele é importante, na prática, em certas esferas de poder. Ou seja, confirma minha opinião já expressa anteriormente: os documentos desses eventos expressam e significam algo muito próximo do nada.
Os Estados Unidos parecem querer um resultado aguado da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. Esta foi a sinalização da primeira intervenção dos negociadores americanos na reunião informal que acontece esta semana em Nova York e discute a versão zero de "O Futuro que Queremos", o documento mais importante que deve sair da Rio+20, em junho.
A reportagem é de Daniela Chiaretti e publicada pelo jornal Valor, 27-01-2012.
O texto atual tem 19 páginas e 128 artigos. Seu tamanho tem sido considerado bom, mas o conteúdo foi avaliado como vago e fraco por ambientalistas, empresários e governos. A maioria das intervenções dos delegados reunidos em NY pediu mais força e ambição no que o texto propõe e que aponta para a economia verde e o desenvolvimento econômico sustentável.
Os EUA foram a nota destoante. "Precisamos de um documento curto, conciso e escrito em linguagem que seja compreensível para o público em geral" disse em plenária Lawrence J. Gumbiner, do Departamento de Estado dos EUA. Ele não mencionou meta alguma, disse que o debate sobre transferência de tecnologia tem que ser revisto na Rio+20 e incluir "forte proteção aos direitos de propriedade intelectual". Concluiu dizendo que o "Cadastro de Compromissos" que a Rio+20 irá produzir é um dos "componentes essenciais para o sucesso" da conferência
"O tom preponderante aqui é de que o documento precisa ser mais ambicioso e propositivo", conta Aron Belinky, integrante do comitê facilitador da sociedade civil para a Rio+20, que está em NY. "Mas os EUA destoaram ao pedir um documento final extremamente sintético e acompanhado apenas por compromissos voluntários dos países."
Os países em desenvolvimento reunidos no G-77 mais a China falaram que falta ao texto "visão, ambição, equilíbrio e ação". O embaixador brasileiro André Corrêa do Lago mencionou a necessidade de a Rio+20 ter metas de desenvolvimento sustentável (SDGs, na sigla em inglês), maneiras de medir este desempenho e um Conselho de Desenvolvimento Sustentável forte dentro da ONU.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Considerações sobre o FST 2012 de Porto Alegre

Estou participando do Fórum Social Temático 2012 que se realiza nesta semana em Porto Alegre e em algumas cidades da Região Metropolitana, desde terça-feira, 24 até o próximo domingo, 29.
O conjunto dos temas, tratados em uma programação de várias centenas de debates, abrange também uma grande variedade de assuntos. Mas há uma certa convergência para o objetivo central do Fórum, ou seja, constituir uma preparação para a Conferência Rio+20.
Esse objetivo, em meu entendimento, está correndo um serío risco de se tornar equivocado, parcial ou totalmente. Vejamos algumas razões.
1. Tem forte influência “chapa-branquista” com diferentes matizes, obediente aos sistemas de poder político governamental, nos três níveis: local, estadual e federal.
2. Não apenas, mas também por isso, muitos eventos do Fórum estão sendo orientados para “vender” a Conferência de junho próximo, com nítidos objetivos político-ideológicos de apoio incondicional, como se esse projeto fosse algo de enorme interesse para o país e para o povo brasileiro. O que, no fundo, bem lá no fundo, não é verdade. Assim como não o são os mega-eventos esportivos que estão sendo imensa e exageradamente incensados: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
3. Tenho priorizado minha participação em debates que se propõem a transitar na contra-mão dessa trajetória. Ou seja, debates onde têm predominado os posicionamentos contra o viés capitalista do sistema político-ideológico vigente. Tanto no mundo como no Brasil. No no caso do Brasil, existem vários e importantes aspectos sobre os quais já tenho assumido e manifestado posições contrárias em várias oportunidades, de forma bem mais extensa e profunda do que nesta breve abordagem.
4. Quanto à participação dos movimentos sociais populares na Rio+20, tenho me posicionado no FST 2012 com defesas firmes de ações de repúdio e confronto – e até de conflito se necessário for – com os posicionamentos “oficiais”, inclusive os do Brasil, favoráveis às “decisões” oficiais (sic..!!!) da Rio+20. De qualquer modo, defendo que não podemos continuar a coonestar decisões tomadas apenas nos círculos restritos das cúpulas de poder político e/ou econômico.
5. As razões para tal são simples e claras, desde há muito tempo: esses fóruns - TODOS ELES - organizados pelos países centrais do capitalismo têm servido apenas para que os ricos digam aos pobres o que estes têm que fazer! Ou não?! Será necessário exemplificar? Constituiria, com certeza, uma lista de dezenas de exemplos, coisa inadequada para estas singelas notas.
6. No FST 2012 percebo, ainda, que o modelo de organização também deixa a desejar. Os primeiros fóruns sociais mundiais em Porto Alegre foram realizados de forma concentrada, no sentido geográfico da cidade, com fortes reflexos e efeitos na aproximação de povos e gentes de variadíssimas origens, o que cumpria um formidável papel de integração social e humana. E isso não é pouca coisa; ao contrário, é muita coisa, sob o ponto de vista sociológico e político. Contudo, isso não entra nas estatísticas porque é necessário levar em consideração outros valores e, principalmente, outras percepções. E estes e estas também não estão nas estatísticas! Porque não são commodities, não têm validade mercadológica e, portanto, não são transformáveis em dinheiro! Resultado: no sistema vigente, servem apenas para algo muito próximo do nada!
Em adição às considerações acima – de ordem estritamente pessoal -, recomendo consultar a página de hoje do IHU Notícias, ( http://www.ihu.unisinos.br/noticias/) que traz muitas  referências a análises e notícias veiculadas na mídia - que poderíamos chamar de “alternativa”, tais como a Carta Maior: http://www.cartamaior.com.br/. 
No endereço http://fst2012.ebc.com.br, que respeitosamente poderíamos chamar de, pelo menos, “oficioso” do Fórum, também são encontradas notícias que podem compor o mosaico que foi descrito.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Supersalários de magistrados continuam “bombando”

Comentários/opinião
As três matérias destacadas a seguir, divulgadas no IHU Notícias de hoje (24-01-2012), tratam de um assunto que merece muitas considerações. As mais evidentes são:
1. É um absurdo. E não pode haver qualificativos menores, só maiores e mais pejorativos, alguns até impublicáveis.
2. Qual a moral e a ética que têm esses magistrados para julgar processos de infrações a regras estabelecidas pela sociedade, consubstanciadas nas – boas ou ruins – leis vigentes?
3. Quais as razões para se postarem acima do bem e do mal ou se intitularem semi-deuses;ou deuses de um  novo Olimpo? E para transformarem o Poder Judiciário no Poder Supremo da nação? Supremo Tribunal é uma coisa; Poder Supremo é outra bem diferente. Já vimos isso em vários momentos da História universal, sempre com consequências catastróficas.
4. Infeliz Montesquieu, um dos idealizadores do atualmente falido Estado de Direito, mais precisamente do princípio “freios e contrapesos entres os três poderes”.  Com certeza deve estar se contorcendo na tumba: de raiva e de tristeza!
Supersalários de magistrados no Rio variam de R$ 40 mil a R$ 150 mil ao mês
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) realiza pagamentos milionários a seus magistrados. A folha de subsídios da corte mostra que desembargadores e juízes de primeiro grau, mesmo aqueles que acabaram de ingressar na carreira, chegam a ganhar mensalmente de R$ 40 mil a R$ 150 mil. A remuneração de R$ 24.117,62 é hipertrofiada por "vantagens eventuais". Alguns desembargadores receberam, ao longo de apenas um ano, R$ 400 mil, cada, somente em penduricalhos.
A reportagem é de Felipe Recondo e Fausto Macedo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-01-2012.
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Associação quer restringir atuação do Coaf
Uma entidade representativa dos desembargadores do país vai pedir ao Ministério Público Federal a adoção de medidas para restringir a atuação do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras), órgão fiscalizador do Ministério da Fazenda.
A notícia é do jornal Folha de S. Paulo, 24-01-2012.
O requerimento configura uma reação dos magistrados à parceria estabelecida entre o Coaf e a corregedoria do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).
Coaf produziu, a pedido do conselho, um levantamento que apontou movimentações financeiras atípicas de magistrados e servidores do Judiciário que somaram R$ 855 milhões entre 2000 e 2010.
O trabalho foi usado pelo CNJ como uma das justificativas para iniciar a inspeção das folhas de pagamento de 22 tribunais.
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Governo reage à ação de juízes contra Coaf
O governo reagiu à tentativa dos desembargadores de limitar os poderes do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Para a diretora adjunta do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Internacional, do Ministério da Justiça, Camila Colares, o Coaf é um órgão "imprescindível" no sistema de combate à lavagem de dinheiro e corrupção.
A reportagem é de Alana Rizzo e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-01-2012.
O departamento, ao lado do Coaf, integra a Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla).
"A unidade de inteligência financeira, como o Coaf, não é uma figura brasileira e vem atender uma série de recomendações internacionais. Não se pode conceber um sistema antilavagem sem essa unidade. Cada país tem suas características, mas existe um eixo central que é respeitado internacionalmente", afirma Camila Colares.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Por que duvidam da evolução?

Comentário/opinião
Provavelmente, o “Deus-dos-Vãos” de que fala Marcelo Gleiser, é algo semelhante a aquilo que eu chamo de “espaço quântico” – na falta de uma denominação melhor -, isto é um espaço vazio em termos de conhecimento - ou espaço do desconhecimento -, sempre tensionado pelo progresso do saber humano, sob todos os seus aspectos. Em outras palavras, é o “campo de operações” de modernas teorias da Ciência, tais como: dos micro e macrocosmos, dos quanta, das cordas, das supercordas, do tudo. E também da Filosofia e das religiões.
Fico com a impressão de que estamos avançando para uma grande confluência entre os caminhos da Ciência, da Filosofia e da Magia (do sânscrito maha, conhecimento e saber profundo). Nesse espaço, habita  também a religiosidade humana, sede e origem de todas as religiões.
"Por que a evolução causa tanto problema para tanta gente. Será que é tão ofensivo assim termos tido um ancestral em comum com outros primatas, como os chimpanzés?", pergunta Marcelo Gleiser, professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2012.
Segundo ele, "uma teologia que insiste em contrapor a fé ao conhecimento científico só leva a um maior obscurantismo. Mesmo que não acredite em Deus, imagino que existam outras formas de encontrar Deus ou outros caminhos em busca de uma espiritualidade maior na vida".
Nota da IHU On-LineMarcelo Gleiser participará do XIII Simpósio Internacional Igreja, cultura e sociedade. A semântica do Mistério da Igreja no contexto das novas gramáticas da civilização tecnocientífica, a ser realizado na Unisinos, nos dias 2 a 5 de outubro. Para saber mais [sobre o Simpósio], clique aqui.

domingo, 22 de janeiro de 2012

“A mudança civilizatória que a humanidade necessita não é apenas econômica, mas também cultural”, afirma filósofa e educadora popular argentina

Comentário/opinião
Sem dívida, trata-se de uma ótima análise que, mais uma vez, destaca o âmbito civilizatório das crises mais atuais, em especial a do momento que estamos vivendo.
Isso já está demonstrado e “re-demontrado”. Acontece, porém, que essas demonstrações chegam a muito poucas pessoas, considerado sistema mundo como um todo. No Brasil também essa pequena proporção é verdadeira.
E daí? Daí que se faz necessário ampliar, numerica e qualitativamente, a quantidade de mentes conscientizadas dessa situação.
E daí? Daí que é necessário haver mais e mais pessoas com níveis de estágios mais avançados de percepção e conscientização quanto à “realidade real” (não é tautologia, pleonasmo, redundância; é apenas reforço). Este é o primeiro estágio, de um conjunto de cinco, para atingir metas de mobilização e consequentes confrontos efetivos com o sistema vigente.
A entrevista é de Fernando Arellano Ortiz e está publicada no sítio argentino Cronicon, 12-01-2012. A tradução é do Cepat. Publicação do IHU Notícias, 22-01-2012
O principal desafio que a humanidade enfrenta nos tempos atuais diante da crise multidimensional do capitalismo é a construção de uma nova civilização a partir da ativa participação das grandes massas populares, defende a filósofa argentina e educadora popular Isabel Rauber
Não se trata de uma mudança de sistema, explica, mas de um desafio muito mais ambicioso que aponta para uma mudança substancial de modo de vida, o que “requer a constante transformação dos sujeitos da mudança” que se constroem “nas lutas e resistências concretas não apenas no plano territorial local, mas também global”.
Embora este processo necessite de uma longa transição, Rauber considera que “construir uma civilização que ultrapasse o que foi construído até agora não é tarefa de poucos nem de escolhidos; requer a participação de toda a humanidade, ao menos da maioria absoluta, e isto reclama a sucessão concatenada de processos histórico-concretos que vão abrindo canais para a participação em diversas dimensões, criando e embalando ao mesmo tempo novas práticas de inter-relacionamento humano no social, político, econômico e cultural. Neste sentido, os atuais processos de lutas sociais, e as experiências dos governos radicalmente transformadores, constituem laboratórios do novo mundo que podem nos ajudar a crescer coletivamente em saberes, caso formos capazes de dar seguimento e nos apropriar criticamente das experiências. Elas constituem, ao mesmo tempo, fontes de inspiração para a vida. E a bússola está no agir-pensar constante dos movimentos”.

Fórum Social Temático 2012. Pontos e contrapontos

Comentário/opinião
As duas matérias transcritas a seguir estão referidas a dois ambientes correlatos: protestos contra degenerescências e condicionamentos inerentes ao sistema em que vivemos.
E não há contradições. Porque são pontos e contrapontos do debate político, coisas saudáveis em qualquer contexto que, minimamente, tenha pretensões a ser democrático. Quem pretender ver o contrário, está mal-intencionado ou vendo “chifres em cabeça de cavalo”.
Nesse sentido, todo o debate é válido, é bem-vindo e é indispensável.
Fórum Social vai repercutir protestos anticapitalistas
Fórum Social volta nesta semana ao Rio Grande do Sul, onde foi criado há 11 anos como contraponto ao Fórum Econômico Mundial de Davos, que reúne líderes empresariais e políticos na Suíça.
A reportagem é de Felipe Bächtold e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2012.
Divulgada no IHU Notícias, 22-01-2012.
Além de Porto Alegre, irão sediar o evento os municípios vizinhos de Canoas, Novo Hamburgo e São Leopoldo.
O encontro, que começa nesta terça e vai até domingo, é bancado em sua maior parte com dinheiro público -R$ 3,6 milhões em verbas públicas, segundo levantamento feito pela Folha.
Um dos focos do Fórum Social será o movimento global de protesto contra o mercado financeiro. São aguardados integrantes das manifestações da Europa, como os "Indignados" espanhóis, e dos Estados Unidos, em uma tentativa de aproveitar a repercussão desses protestos pelo mundo em 2011.
Para o empresário Oded Grajew, um dos idealizadores do Fórum Social, a aproximação é natural porque o evento serviu para a "gestação" de algumas dessas mobilizações. "Essas correntes são velhas frequentadoras do Fórum", diz.
Para o prefeito de Novo Hamburgo, Tarcísio Zimmermann, o evento mudou e não é mais radicalizado. Na primeira edição, a imagem de um ativista francês destruindo plantações de soja transgênica ficou famosa.
PROGRAMAÇÃO
O Fórum terá mais de 800 atividades, como debates e oficinas, sobre temas que vão de quilombolas e direitos autorais a saúde pública. Também haverá plenárias sobre a conferência ambiental Rio+20, que ocorre em junho.
A presidente Dilma Rousseff deve participar da programação na quinta-feira. Outras estrelas serão a líder estudantil chilenaCamila Vallejo, a ex-senadora Marina Silva e o sociólogo português Boaventura Sousa Santos. O jornalista Amaury Ribeiro Júnior vai divulgar o livro "A Privataria Tucana"
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Grupo acampado há um mês faz oposição a evento
Acampado há um mês na principal praça de Porto Alegre, um grupo de manifestantes, inspirado no movimento Ocupe Wall Street, já anunciou oposição ao Fórum Social 2012 e a seu modelo "estatal" e "institucionalizado".
A reportagem é de Felipe Bächtold e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 22-01-2012.
Divulgada no IHU Notícias, 22-01-2012.
Ocupa POA (Porto Alegre) critica a aproximação do evento com partidos políticos e o patrocínio de empresas que estão envolvidas em projetos polêmicos, como o da usina hidrelétrica de Belo Monte (PA).
"O Fórum está usando muito dos discursos dos 'indignados', mas segue uma lógica completamente diferente", diz Emanuel Quadros, 25, um dos integrantes do grupo.
Ainda assim, o Ocupa POA deve participar de algumas das atividades do evento.
Manifestantes se revezam na guarda das 11 barracas que estão armadas na praça da Matriz, em frente à sede do governo do Estado e à Assembleia Legislativa.
Moema Miranda, diretora da ONG Ibase, que ajuda a organizar o Fórum Social, afirma que o patrocínio oferecido pelos governos não influencia os rumos do evento.
Para ela, o apoio ocorre por haver uma "demanda da sociedade civil".
"Esse dinheiro não é do governo, é do povo brasileiro. O que estamos tentando é fazer com que esse dinheiro sirva à cidadania. É uma disputa legítima", argumenta.
O governo do Rio Grande do Sul patrocina o Fórum
Segundo o governador Tarso Genro, isso acontece porque o evento coloca o Estado como protagonista de mobilizações internacionais.

A reivenção do capital/dinheiro

Comentário/opinião
Não li o livro de dona Rose Muraro e não sei se irei ler. Pela amostra, entretanto, me parece ser uma visão de espelho, uma imagem invertida, da abordagem que faço no meu livro Capitalismo Terminal.
Explico-me. Os fatos históricos referenciados são praticamente os mesmos, mas as óticas são inversas: uma é sustentada pela ideologia capitalista; a outra, parte de princípios marxianos e segue adiante. Uma, propõe mais uma “meia-sola” no capitalismo; a outra propõe inversões nos fundamentos, direções e rumos sistêmicos com desvios de 180 graus.
Esse joguinho de palavras (ganha-ganha, ganha-perde, perde-ganha, perde-perde) é uma enganação e mais parece uma brincadeirinha infantil. Em termos reais, se alguém ganha algo, outro alguém perde algo. E esses “algos” normalmente não são iguais ou, sequer, equivalentes.
Em suma, meu sonho é bem outro. Todavia, cada um tem o direito de ter o sonho que bem lhe aprouver!
Atualmente grande parte da economia é regida pelo capital financeiro, quer dizer, por aqueles papéis e derivativos que circulam no mercado de capitais e que são negociados nas bolsas do mundo inteiro. Trata-se de um capital virtual que não está no processo produtivo, este que gera aquilo que pode ser consumido. No financeiro, reina a especulação, dinheiro fazendo dinheiro, sem passar pela produção. Vigora um perverso descompasso entre o capital real e o financeiro. Ninguém sabe exatamente as cifras, mas calcula-se que o capital financeiro soma cerca de 600 trilhões de dólares enquanto o capital produtivo, do conjunto de todos os paises, alcança cerca 580 trilhões. Logicamente, chega o momento em que, invertendo a frase de Marx do Manifesto, “tudo o que não é sólido se desmancha no ar”.
Foi o que ocorreu em 2007/2008 com o estouro da bolha financeira ligada aos imóveis nos EUA que representava um tal volume de dívidas que nenhum capital real, via sistema bancário, podia saldar. Havia o risco da quebra em cadeia de todo o sistema econômico real. Se não tivesse havido o socorro aos bancos, feito pelos Estados, injetando capital real dos contribuintes, assistiríamos a uma derrocada generalizada.
Esta crise não foi superada e possivelmente não o será enquanto prevalecer o dogma econômico, crido religiosamente pela maioria dos economistas e pelo sistema com um todo, segundo o qual as crises econômicas se resolvem por mecanismos econômicos. A heresia desta crença reside na visão reducionista de que a economia é tudo, pode tudo e que dela depende o bem-estar de um pais e de um povo. Ocorre que os valores que sustentam uma vida humana com sentido não passa pela economia. Ela garante apenas a sua infra-estrutura. Os valores resultam de outras fontes e dimensões. Se assim não fosse, a felicidade e o amor estariam à venda nos bancos.
Este é o transfundo do livro de alta divulgação Reinventando o capital/dinheiro de Rose Marie Muraro (Idéias e Letras 2012).Rose é uma conhecida escritora com mais de 35 livros publicados e uma diligente editora com cerca de 1600 títulos lançados. Num intenso diálogo, juntos trabalhamos, por mais de vinte anos, na Editora Vozes. Dois temas ocupam sempre sua agenda: a questão feminina e a questão da cultura tecnológica. Foi ela quem inaugurou oficialmente o discurso feminino no Brasil escrevendo livro com um método inovador: A sexualidade da mulher brasileira (Vozes 1993). Com um olhar perspicaz denunciou o poder destruidor e até suicida da tecno-ciência, especialmente, em seu livro: Querendo ser Deus? Os avanços tecnológicos e o futuro da humanidade (Vozes 2009).

Seis em cada dez brasileiros pertencem à classe média, diz Datafolha

Comentário/opinião
Poucas coisas podem constituir maiores fontes de enganação do que as tais estatísticas, suas médias e suas interpretações. Principalmente quando induzem a conclusões precipitadas e/ou tendenciosas. Em outras palavras, é sempre possível demonstrar que aquilo que é, não é; e aquilo que não é, é. Deu pra entender?
Analisando a matéria abaixo e fazendo o teste que a Folha sugere, descobri – estarrecido! - que sou classe A (alta), coisa que jamais poderia supor. Isso, só porque tenho formação superior completa (mesmo já em desuso...), renda mensal maior que R$ 5.000,00, 2 TVs a cores e rádio. Por esse critério, qual a classe do Eike Batista? Coisas do Brasil...
Obviamente, a análise circunstanciada da matéria e a respectiva opinião não cabem neste texto. Porém, a sua provável linha melódica e as suas conclusões também creio serem muito óbvias.
Matéria de Érica Fraga – Folha de São Paulo, 22-01-2012.
Brasil é um país de classe média. Seis em cada dez brasileiros com 16 anos ou mais já pertencem a esse grupo, segundo o Datafolha.
Com 90 milhões de pessoas --número superior ao da população alemã--, a classe média brasileira, no entanto, está longe de ser homogênea.
A variedade de indicadores de renda, educação e posse de bens de consumo permite a divisão dessa parcela da população em três grupos distintos que separam os ricos dos excluídos.
O acesso crescente a bens de conforto --como eletroeletrônicos, computadores e automóveis-- é o que mais aproxima as três esferas da classe média brasileira.

sábado, 21 de janeiro de 2012

A demonização da classe trabalhadora britânica

Comentário/opinião
Como sabemos, o neoliberalismo surgiu, basicamente, na Inglaterra com Margareth Thatcher, continuou no mesmo diapasão com John Major e começou a “fazer água”. Ai, os “trabalhistas” assumiram com Tony Blair, que pensou inventar a roda com a tal da 3ª. Via, uma coisa amorfa que nem com o Well Fare State se parecia. Como era óbvio, deu em nada. Mas muitos dos nossos neoliberais tucanos andaram correndo atrás, assim como alguns “esquerdinhas” não muito convictos. O que, aliás, tem bastante por aí. E cada vez mais.
Agora, Mr (ou Sir?) Cameron, depois de ter empenhado até as calças para salvar o sistema financeiro britânico e coadjuvado pela direita reacionária, se volta para colocar a culpa de tudo nos trabalhadores, em especial os “chavs”. Ou seja, na corda mais fraca, os não britânicos, como descreve a matéria a seguir.
Mais um sinal dos tempos atuais!
A publicação é da Carta Maior, 21-01-2012.
As três décadas de neoliberalismo, inauguradas por Margaret Thatcher com uma drástica desindustrialização nos anos 80, marcaram o triunfo de um individualismo que afundou o sistema de valores solidários da classe trabalhadora. Em 1979 havia sete milhões de operários com um forte peso de mineiros, portuários e do setor automotivo. Hoje há dois milhões e meio, as minas desapareceram e só a empresa automotiva, em mãos estrangeiras, está crescendo. Neste vazio de identidade, de uma classe operária em retirada, surgem os “chavs”. O artigo é de Marcelo Justo.
Marcelo Justo - Direto de Londres
Londres - A demonização da classe trabalhadora britânica tem uma sigla indecifrável: “Chavs”. Ninguém sabe o que significa, mas em páginas web, em programas de televisão e em análises midiáticas populares ou “sérias”, serve para estigmatizar os jovens que vivem em moradias municipais e têm um tipo específico de sotaque e aspecto físico. “Na realidade é uma maneira oblíqua de definir o conjunto da classe trabalhadora e responsabilizar os pobres de ser pobres”, escreve Owem Jones, autor de “Chavs”, um livro chave sobre o tema. Em meio à atual crise, a justificativa cai como anel no dedo. A pobreza não se deve aos problemas da economia, mas às falhas do próprio indivíduo ou de sua família: aos lares deslocados, à falta de ambição ou inteligência. (grifo nosso).

Contra 'mercado', governo atrai 276 mil 'minirrentistas' em 10 anos

Comentário/opinião
Bem, já que estamos fundados – e afundados – num sistema capitalista, para o Brasil isso já é um avanço. Na verdade, é um pequeno avanço porque continuamos afundados no rentismo. Trata-se de um rentismo tupiniquim, mas é um rentismo, de qualquer modo. Resta, porém, o consolo de que os atravessadores e usurários ficam de fora.
Publicado na Carta Maior, 21-01-2012
Essa é a clientela de pessoas comuns que compram título do governo sem passar por bancos e fundos. Como estrangeiro e fundo de pensão, pequeno investidor é aposta do Tesouro para ampliar base credora e quebrar parte da força do 'mercado' na imposição do juro. Cidadãos têm 17% da dívida da Irlanda, cuja crise seria ainda pior sem eles. No Brasil, fatia é irrisória: 0,4%.
André Barrocal
BRASÍLIA – O número de pequenos rentistas que ganham dinheiro fazendo empréstimos de baixo valor ao Estado brasileiro, por meio da compra de títulos da dívida pública diretamente do governo, sem intermediação do “mercado”, cresceu 28% no primeiro ano da presidente Dilma Rousseff. Em 2011, 61 mil pessoas entraram no programa Tesouro Direto, pelo qual se negocia com o Tesouro Nacional via Internet, sem precisar pagar pedágio a bancos e fundos de investimento que operam para terceiros.

“A causa fundamental da crise financeira é a lógica do próprio capitalismo”

Comentário/opinião
Estou de pleno acordo com o padre, professor e sociólogo François Houtart, candidato a Nobel da Paz. Tenho somente dois pequenos reparos a fazer.
1. Entre a opinião da FAO (uma instituição do capitalismo) e as de muitos especialistas independentes e isentos, fico com estes, com seus dados e seus estudos. Ou seja, que o planeta está realmente sendo exaurido e não resistirá a um acréscimo populacional sob os princípios vigentes e, muito menos, a um projeto de elevação do desenvolvimento do mundo a níveis sequer próximos daqueles dos países centrais do capitalismo.
2. O professor faz um belo e ótimo diagnóstico, mas não avança um esboço de modelo objetivo para a superação e a substituição do sistema atual. Somente destaca algumas experiências localizadas de tentativas de soluções alternativas. O que também é um fato. Todavia, faltam – não apenas a ele, mas a todos os analistas de esquerda que conheço – propostas concretas de um novo sistema, substitutivo ao atual. E isso porque meias-solas já não são mais possíveis.
Falo isso - com o peito bem aberto para receber pancadas... - porque tenho uma proposta objetiva para tal. Está ainda, como esboço e rascunho, no meu livro Capitalismo terminal. Todavia, entendo que, pelo menos, é melhor do que nada...
A crise que vivemos é mais profunda e bastante diferente da que conhecemos nos anos 1929 e 1930, afirma o professor François Houtart. Segundo ele, sua dimensão evidentemente está vinculada ao fenômeno da globalização. Porém, ressalta que a atual crise não é nova. Não é a primeira crise do sistema financeiro e muitos dizem que não será a última. Houtart acredita que o mais importante, e isso é diferente dos anos 1929 e 1930, é essa combinação com vários tipos de crises. E afirma: a causa fundamental da crise financeira é a lógica do próprio capitalismo. “A crise financeira é devida à lógica do capital, que tenta buscar mais lucros para acumular capital, que é, dentro dessa teoria, o motor da economia”.
Houtart fala sobre as várias facetas desta crise, inclusive a crise alimentar, a qual, segundo ele, faz parte da mesma lógica. “A combinação da crise econômica com a alimentar é algo novo. Porém, são vinculadas”.
A entrevista é de Nilton Viana e publicada pelo jornal Brasil de Fato, 20-01-2012.
François Houtart é sociólogo e professor da Universidade Católica de Louvain (Bélgica), diretor do Centro Tricontinental, entidade que desenvolve trabalho na Ásia, África e América Latina.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Conjuntura da Semana. Abrindo a ‘caixa-preta’ do judiciário

Comentário/opinião
A matéria abaixo, publicada por IHU Notícias em 20-01-2012, retoma as análises semanais de conjuntura, sendo esta a primeira do corrente ano.
Essas sínteses analíticas semanais – por meu conhecimento as únicas no Brasil - merecem ser não apenas lidas, mas principalmente guardadas para leituras e análises conjunturais e estruturais futuras.
Aliás, é o que tenho feito já há algum tempo. Todavia, agora estou aprimorando o processo mediante o uso desta minha nova ferramenta – o blog – para compartilhar com meus amigos e seguidores essa louvável iniciativa da Universidade Unisinos, de São Leopoldo, RS.
O tema de hoje, não é necessário destacar, é algo - mais que conjuntural, estrutural - extremamente importante e desafiador, em termos de solução. Somente no futuro saberemos se sua atual "trazida à tona", serviu para dar andamento nas reformas políticas tão indispensáveis em nosso país.
Boa leitura!
A análise da conjuntura da semana é uma (re)leitura das "Notícias do Dia’ publicadas diariamente no sítio do IHU. A análise é elaborada, em fina sintonia com o Instituto Humanitas Unisinos – IHU, pelos colegas do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, com sede em Curitiba-PR, parceiro estratégico do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Sumário:
A dessacralização do Judiciário
Uma mulher, sua luta e a ira dos magistrados
“Não vão conseguir me desmoralizar. Não posso calar”
CNJ e a luta pela transparência do judiciário
Judiciário: um poder patrimonialista, elitista e autoritário
O poder menos transparente da República
Abrindo a caixa-preta. Um caminho que não tem volta
Conjuntura da Semana em frases

Pool de ricaços banca Bruno Senna na F-1

São coisas de ricos de países ricos. Porém em um país pobre/rico, de um povo pobre!
Dá pra entender? Claro que dá. Mas dá pra aplaudir?  Dá pra apoiar? Dá pra justificar? Dá pra aceitar? Dá pra gostar?
Cada um responda como quiser!
O caso do Eike Batista é sui generis. Entenda-se isso como quiser. E temos muito a entender. 
A primeira coisa é como se amealha uma fortuna dessas em tão pouco espaço de tempo; a segunda, é para que e a quem serve; a terceira, é como ele pode afirmar continuamente que será a curto prazo a maior fortuna do mundo; a quarta, é como e quem acredita nisso. E por aí vai.
O Ildo Sauer tem dado algumas dessas respostas. Eu, porém, sem qualquer modéstia, tenho cá respostas para todas elas. Mas isso dá a um compêndio e não cabem neste ínfimo espaço. Adianto apenas que essas respostas não agradam nem a mim mesmo.
No caso específico da notícia, só me ocorre dizer: oba, oba, o-lá-lá!
Folha.com – Esportes – 20-01-2012
MARIANA LAJOLO - EDITORA-ASSISTENTE DE ESPORTE
Um pool de bilionários está por trás do acordo que colocou Bruno Senna no cockpit da Williams neste ano.
Eike Batista, com a OGX, e Rubens Menin, presidente da MRV Engenharia, são os bilionários brasileiros que entraram no negócio que giraria em torno de R$ 30 milhões --o valor não é confirmado pelos envolvidos no acordo.
Com eles está o mexicano Carlos Slim, dono de, entre outras empresas, Claro, Embratel e Net. A Embratel é a marca que patrocinará Bruno em sua temporada na F-1.
A empresa de telefonia entraria com a maior fatia do apoio ao brasileiro.
Até o ano passado, a Williams tinha o patrocínio da AT&T, que investia US$ 7 milhões por temporada (cerca de R$ 12 milhões).
O mexicano está hoje no posto que Eike sonha ocupar. É o homem mais rico do mundo. Acumula US$ 74 bilhões (aproximadamente R$ 130,5 bilhões).
O brasileiro é apontado pela "Forbes" como o oitavo colocado na lista, com fortuna estimada em US$ 30 bilhões (R$ 52 bilhões).
"Preciso competir com o senhor Slim. Não sei se vou ultrapassá-lo pela direita ou pela esquerda, mas vou passá-lo", disse Eike, em maio.
Menin, por sua vez, seria dono de um patrimônio de cerca de US$ 1,6 bilhão (R$ 2,84 bilhões). A MRV investe pela primeira vez em uma equipe de F-1.
Além de Embratel, OGX e MRV, Bruno ganhou mais um apoio. A Procter & Gamble, que o patrocinava por meio da marca Gillette, também usará a Head & Shoulders.
O pool de bilionários permitiu ao brasileiro ganhar a corrida pelo cockpit da Williams, que recorre a pilotos que pagam para competir.
O titular do time é Pastor Maldonado, em sua segunda temporada na F-1 apoiado pelo governo venezuelano. Segundo a imprensa europeia, a petrolífera PDVSA investirá entre 21 milhões e 29 milhões de libras neste ano (entre R$ 57,4 milhões e R$ 79,3 milhões).
Antes de fechar com Bruno, a Williams submeteu o brasileiro a testes.
"Decidimos com base em fatores que vão desde o ritmo, a consistência, a gestão do consumo de pneus, a forma física, a capacidade mental e, mais importante, o impacto que um novo piloto teria no time", disse Mark Gillan, chefe de operações da equipe.
Bruno, 18º lugar em 2011 pela Renault, ocupará a vaga de Rubens Barrichello.

Comitês Populares da Copa terão encontro nacional em Porto Alegre

A matéria, divulgada pelo IHU Notícias desta data, tem como anexo (na página do Comitê) um extenso elenco de matérias referentes ao tema e constitui, ao meu ver, um importante subsidio para a discussão do tema Copa de 2014 no Brasil. Ou seja, uma  questão que tem sido - também ao meu ver - percebida apenas de modo muito periférico e com olhares muito pontuais.
Por exemplo: o esportivo, mais ao gosto do povão; o construtivo, mais ao gosto da indústria da construção; o infra-estrutural, mais ao gosto das prefeituras; o “beberativo” , mais ao gosto dos bebedores de cerveja; o financeiro, mais ao gosto dos aproveitadores de toda e qualquer situação favorável para ganhar dinheiro fácil, inclusive e prioritariamente, pela corrupção, servindo aos corruptos e aos corruptores.
Enfim, tem servido a muitos gostos, isoladamente. E, é claro, sem quaisquer considerações  às necessidades básicas e fundamentais da sociedade em geral. (Quem tem na Comissão Organizadora um sujeito sendo acusado de corrupção quando da realização do Pan do Rio de Janeiro e o "ronaldão" como garoto propaganda, deve esperar o quê?)
Merece, portanto, de nossa parte, um olhar mais atento, mais abrangente, mais racional, mais crítico, mais “do nosso jeito”, isto é, de quem pensa grande, de quem tenta pensar o todo.  Sem falsa modéstia... Está aí um desafio, muito grande.
En passant, cabe lembrar que a atual crise grega tem sido acusada de ter sua origem nas Olimpíadas que lá foram realizadas. Aquelas mais recentes, é claro...
E o Brasil, que irá realizar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada a curtíssimo prazo, não vai botar as barbas de molho? Avisados estamos...
Eis a matéria.
Representantes dos comitês populares das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 estarão reunidos em Porto Alegre, entre os dias 21 e 24 de janeiro, no encontro da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa de 2014. Moradores atingidos por obras da Copa farão balanço de atividades em 2011 e projetarão lutas de 2012. Além disso, visitarão comunidades já atingidas por obras, numa atividade chamada de "Toxic Tour".
A reportagem é publicada por Carta Maior, 19-01-2012.
Representantes dos comitês populares das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014 estarão reunidos em Porto Alegre, entre os dias 21 e 24 de janeiro, no encontro da Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa de 2014. Essa articulação é formada por comunidades atingidas pelas obras da Copa do Mundo e Olimpíadas, movimentos sociais e organizações que defendem uma Copa sem violação de direitos humanos.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Os benefícios dos agrotóxicos no "Mundo de Veja"

Trata-se de mais um exemplo do processo ideológico de dominação e exploração, que dificilmente é percebido pelo grande público, alienado e domesticado pela mídia dos grandes veículos de comunicação de massa do nosso país. São exemplos disso os BBBs e tantos outros programas que têm sido batizados pela sabedoria popular, mais crítica, como “programas que encolhem o cérebro”, porque é exatamente essa a sua intenção.
A publicação reproduzida é do IHU Notícias, 19-01-2012.  
A revista Veja publicou uma matéria buscando "esclarecer" os brasileiros sobre os alegados "mitos" que vêm sendo difundidos sobre os agrotóxicos desde a divulgação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), dos dados Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos referentes ao ano 2010. A revista se propõe a tranquilizar a população, certamente alarmada pelo conhecimento dos níveis de contaminação da comida que põe à mesa.
O comentário é de Flavia Londres, engenheira agrônoma e consultora da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, e publicada pela Radioagência NP, 18-01-2012.
Os entrevistados na matéria são conhecidos defensores dos venenos agrícolas, alguns dos quais com atuação direta junto a indústrias do ramo – como é o caso do Prof. José Otávio Menten, que já foi diretor executivo da ANDEF (Associação Nacional de Defesa Vegetal), que reúne as empresas fabricantes de veneno.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

É preciso reinventar o mundo.

Sempre relembrando Pedro Tierra – pseudônimo literário de um amigo que admiro muito e cujo nome não ouso declinar sem autorização - na sua Carta do Sul para o FSM 2002, pode-se dizer que “regressamos como os pássaros migradores” outra vez a Porto Alegre. Agora, sob a forma de um Fórum Social Temático de 2012.
Transcrevo abaixo o texto, elaborado pela Comissão Organizadora, como apresentação da Programação do Fórum, que tem como tema central a Crise capitalista, social e ambiental.
Aliás, o tema não poderia ser de maior atualidade. E o desafio que dá título à apresentação, abaixo, também é de grande atualidade.
É PRECISO REINVENTAR O MUNDO
Seja bem vindo ao Fórum Social Temático.
Mais uma vez estamos reunidos em Porto Alegre, Canoas, São Leopoldo e Novo Hamburgo para debater e elaborar propostas para um novo mundo. Nesta edição, o Fórum Social é temático e vai concentrar os debates nos temas centrais da conjuntura internacional que são a crise capitalista, a justiça social e a justiça ambiental.
O FST 2012 se insere no processo do Fórum Social Mundial, iniciado aqui em 2001, e quer ser novamente um espaço de convergência do pensamento altermundista. Neste início da segunda década do século XXI, duas questões dominam os debates: a crise do mundo capitalista, no momento evidenciado no continente europeu e na recessão norte-americana; e as luta dos movimentos e organizações sociais por um desenvolvimento sustentável que preserve o meio ambiente e respeite os direitos dos diferentes grupos sociais, principalmente os mais vulneráveis do mundo.
Como em junho próximo, acontece no Rio de Janeiro a Conferência da ONU sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que marca duas décadas da Eco92, o FST2012 também se insere como um momento preparatório para a Rio+20 dos Povos que será um evento paralelo à conferência oficial e que reunirá lideranças e movimentos dos cinco continentes para pressionar por avanços na defesa dos direitos sociais e ambientais de todos os povos. 
Passados 20 anos, está claro que nenhuma das promessas feitas pelos governos foi cumprida. É preciso que movimentos e ativistas sociais estejam presentes para marcar nossas posições de desagrado com o modelo de desenvolvimento das economias capitalistas, que gera devastação ao planeta e sofrimento aos povos. Parte desta mobilização e a discussão e elaboração de propostas alternativas estarão sendo articuladas em dezenas de Grupos Temáticos e de Atividades Autogestionárias em nosso Fórum Social Temático. Nestes cinco dias haverá centenas de atividades, oficinas, palestras, seminários, conferências e atividades culturais.
A juventude terá seu espaço de destaque no Acampamento Intercontinental da Juventude, teremos o protagonismo das feiras de economia solidária, praças de alimentação orgânica, vegetariana e espaços de convivência e vida alternativa. As quatro cidades receberão representantes de todas as vertentes da sociedade civil organizada. De todo os continentes estarão presentes ativistas que foram protagonistas dos novos movimentos, tais como o Occupy Wall Street, a Primavera Árabe, os indignados da Espanha, as manifestações estudantis chilenas, entre outros.
Este Caderno de Programação que cada participante tem em mãos, contêm um guia praticamente completo de programação do FST 2012. Os movimentos e organizações sociais brasileiros e internacionais convidam a todos:
É hora de reinventar o mundo!
 COMISSÃO ORGANIZADORA

CMS convoca assembléia dos movimentos sociais para o dia 28 em Porto Alegre

Muito bem, muito bom. Esse ato fortalece meu projeto de estar lá, em Porto, para o FST de 2012, na próxima semana.
Fórum Social Temático “Crise do capitalismo, justiça social e ambiental”, que se realiza entre os dias 24 e 29 de janeiro em Porto Alegre contará com uma expressiva representação da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS).
A reportagem é de Leonardo Severo e publicada pelo portal da CUT, 17-01-2012.
Reproduzido no IHU Notícias, 18-01-2012
“Frente ao agravamento da crise global do capitalismo, que cada vez mais penaliza a classe trabalhadora com a adoção de medidas de austeridade que geram desemprego, redução de salários, retirada de direitos, aumento da pobreza e mais violência”, as entidades que se articulam na CMS decidiram nesta terça-feira, durante reunião na sede nacional da CUT, aproveitar o FST para reafirmar “eixos comuns de luta”, definidos na última assembléia dos movimentos sociais, realizada em Dakar, Senegal, em janeiro de 2001.
Entre as prioridades encontram-se a luta contra a “política neocolonial” de sangria das nações pelas instituições financeiras internacionais e seu receituário de “ajuste fiscal” e corte de investimentos; contra as transnacionais, pela justiça climática e pela soberania alimentar; para banir a violência contra a mulher; e a luta pela paz e contra a guerra, o colonialismo, as ocupações e a militarização de nossos territórios. O combate às chamadas políticas “verdes” do Banco Mundial, que agravam o problema da fome, da desnutrição e do desemprego, é uma das prioridades, já que redundam em mais concentração e desnacionalização de terras e maior dependência dos agricultores dos pacotes químicos vendidos pelas transnacionais. O abuso de agrotóxicos pelo agronegócio brasileiro é um triste exemplo disso.
Condenando a política de apartheid de Israel e o terrorismo de Estado praticado contra os povos árabes, as entidades também decidiram lançar o Fórum Social Palestina Livre, convocado para novembro deste ano. Desde já a CMS está convocando a assembléia dos movimentos sociais do Fórum para o dia 28 de janeiro, sábado, a partir das 14 horas na Usina do Gasômetro.

Brasil busca se tornar um país de profissionais imigrantes

Um olhar externo sobre o Brasil
É sempre interessante querer saber qual o olhar que há sobre nós. Isso vale para as pessoas e também para os países e nações, porque tem a maneira de como nos vemos e como somos vistos. E nem sempre essas coisas batem.
No caso do Brasil, lembro que FHC sempre fazia discursos no exterior parecendo que falava de outro país, de outras realidades. Lula também. Veremos se Dilma será mais coerente, mais realista. É claro que existem situações em que é conveniente uma troca de verbos: mentir por omitir
A questão de fundo que está colocada, tangencialmente, na matéria abaixo tem despertado muitos debates, contra e a favor: “existe ou não deficiência de mão de obra profissional no Brasil?”. E as respostas são duas: sim e não.
Por conta da paralisia neoliberal de duas décadas, houve uma fuga de trabalhadores profissionais especializados, nos vários níveis, para outras profissões e atividades ou para o exterior. Houve também profundos reflexos na busca por formação, especialmente nas áreas tecnológicas. E isso não é recuperável no curto prazo; leva pelo menos de 3 a 5 anos, respectivamente nos níveis médio e superior. É natural, portanto, que o Brasil tenha de pagar esse preço. Essa discussão vai longe.
Outra questão crucial – para não dizer absurda – é que no Brasil se tenha de oferecer salários aos níveis internacionais apenas para quem vem de fora! Será porque os nossos trabalhadores tupiniquins não são competentes e merecedores? Ou apenas são menos exigentes?
Brasil busca se tornar um país de profissionais imigrantes
O Governo prepara uma nova legislação para facilitar a vinda de 400.000 trabalhadores especializados
Por Juan Arias - Correspondente do Jornal El País (Espanha) - Rio de Janeiro – 15-01-2012
Traduzido por Luiz Carlos Correa Soares
O Brasil está preparando facilidades  para receber milhares de trabalhadores profissionais estrangeiros, sem passar pelas pesadas exigências da legislação de estrangeiros, de 1980. 
A Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República (SAE), por ordem da presidente Dilma Rousseff, está desenvolvendo uma "nova política de imigração", que irá dar luz verde aos cerca de 400.000 trabalhadores com qualificação profissional especializada que estão à espera de serem contratados pelas empresas brasileiras.
"Como o Brasil é hoje uma ilha de prosperidade no mundo [sic], existem muitas pessoas bem preparadas que querem trabalhar aqui", disse Ricardo Paes de Barros, coordenador do projeto que o governo está preparando.
Para trabalhadores não-profissionais, a legislação continuará inalterada, por enquanto,. Ao Brasil, que cresce na sua capacidade industrial, na atividade de produção de petróleo e também está em vésperas de dois grandes eventos mundiais como a Copa do Mundo 2104 e Jogos Olímpicos de 2016, interessa muito a "transferência de tecnologia", reconhece o governo, que quer atrair novos cérebros e a se preparar com o que ele mais necessita: mão- de-obra especializada.
O novo projeto da SAE, elaborado por uma equipe de economistas, juristas, demógrafos e sociólogos, deve estar pronto dentro de dois meses, de acordo com o jornal O Globo. 
A nova legislação tem sido chamada de "imigração seletiva", já que de acordo com Barros "vai definir até onde chega a nossa generosidade e como vamos ajudar a aliviar a pobreza no mundo, absorvendo essas centenas de milhares de trabalhadores profissionais”. É uma nova fase de imigração, depois de 20 anos em que primava a emigração.
O número de imigrantes estrangeiros em busca de trabalho no Brasil que mais cresceu foram os espanhóis, com um aumento de 45% nos últimos quatro anos. Em geral, o número de estrangeiros que vieram legalmente para o Brasil cresceu 52,4% no primeiro semestre de 2011. De janeiro a setembro do ano passado o Ministério do Trabalho, apesar da complexa e burocrática legislação de imigração, concedeu 51.353 autorizações de trabalho a estrangeiros, um aumento de 32% em relação ao mesmo período do ano anterior.
O visto de residência cresceu 67% de 2009 a 2010, enquanto dobrou o número de processos de naturalização muito difícil de conseguir, até recentemente
Uma das condições para que as empresas brasileiras ou estrangeiras que já trabalham no Brasil possam absorver a nova força de trabalho profissionalizado é que eles não poderão ganhar menos do que ganham em seu país de origem. E geralmente vêm ganhando mais [sic]. 
Os estrangeiros que nos últimos anos já trabalham no Brasil são unânimes em admitir que são "recebidos com grande cordialidade" pelos seus colegas brasileiros, sem a mínima animosidade.
A única preocupação agora do Brasil é que não haja descontrole do afluxo de estrangeiros e tudo seja realizado pelas vias legais. Existem denúncias de que estrangeiros, que hoje chegam como simples turistas sobretudo no aeroporto Tom Jobim, no Rio, e dali as empresas já os levam de helicóptero para as plataformas de petróleo operadas pela multinacional Petrobras.
Segundo o portal de recrutamento on-line Monster, no decorrer do ano passado mais de 80.000 trabalhadores qualificados deixaram seu currículo no sítio da empresa, interessados em encontrar trabalho no Brasil. No total são 400.000 que estão com olhos postos no Brasil neste momento.